O primeiro país europeu a preocupar-se com o conhecimento da África Subsariana, tanto a ocidente como a oriente, foi indiscutivelmente Portugal.

As naus de Henrique passaram o Não e o Bojador.
Diogo Cão aportou ao rio Zaire onde deixou um padrão e para diante navegou.
Vasco da Gama torneou o Continente pelo Sul e aportou em Moçambique.
Camões evoca o facto pela boca de um informador:
Esta pequena ilha que habitamos
É certa escala
De quantos as ondas navegamos
De Quiloa, de Mombaça e de Sofala
E para que tudo enfim vos certifique
Chama-se esta ilha Moçambique
Aliás as referidas cidades de Quiloa e Mombaça viriam a ser conquistadas pelo primeiro vice-rei da Índia, Dom Francisco de Almeida.
Pelos direitos de descoberta, as cláusulas de Tordesilhas, tratado que dividiu o mundo a descobrir e até pela ocupação efectiva de alguns territórios a África do Sara para baixo era portuguesa.
Países que até então viveram completamente alheados por aquele continente, nos últimos anos de mil e oitocentos despertaram para ele.
O primeiro foi o Reino Unido, que apesar de nosso velho, mas nem sempre fiel aliado, se arrogou direitos sobre territórios que iam do Cairo ao Cabo, ignorando que Portugal era legítimo detentor de tudo o que ia de Angola à Contra-Costa. O governo de Sua Majestade, por obra de Cecil Rodes, usurpou-nos o largo corredor do seu próprio nome baptizado de Rodésia.
Holandeses e ingleses lançaram-se sobre o sul, havendo sido efémera a presença dos primeiros, mas perdurando até quase os nossos dias a dominação dos segundos.
Por razões humanitárias, baseadas no combate ao tráfico de escravos, a Bélgica do Rei Leopoldo ocupou a maior parte da riquíssima bacia do Congo, enquanto a França ocupava a outra. Aliás, este mesmo país, ao mesmo tempo que reforçava a sua presença no norte, estendia o seu império ao longo da costa ocidental e mesmo no interior.
A Alemanha também concorreu à partilha, ocupando o Togo os Camarões e o Tanganica.
A Guiné foi dividida em três zonas de influência – portuguesa, francesa e espanhola, sendo certo que a Espanha também se estabeleceu nas ilhas de Fernando Pó e Ano Bom, que ganhariam grande importância económica como produtoras de cacau, tal como o arquipélago, que permanecia português, de São Tomé e Príncipe.
E até a Itália se lembrou de ocupar a Terra de Preste João, que uns chamam Etiópia, outros Abissínia.
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«Politique d’Abbord – Reflexões de um Politólogo», opinião de Manuel Leal Freire
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