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Página Principal  /  Ciclo do Pão nas Terras da Beira • Do Côa ao Noémi • Pailobo  /  O Ciclo do Pão nas Terras da Beira (1)
15 Janeiro 2014

O Ciclo do Pão nas Terras da Beira (1)

Por José Fernandes
Ciclo do Pão nas Terras da Beira, Do Côa ao Noémi, Pailobo beira raiana, ceifa, centeio, josé fernandes, o ciclo do pão, trigo 5 Comentários

«Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão», dizia-se nas terras da beira raiana. O Pão era a base da alimentação das pessoas no século passado. Para se obter uma «fatiga» de pão os trabalhos começavam dois anos antes com a preparação da terra onde no final do primeiro ano se semearia o grão de centeio.

Ceifeiros a ceifar uma seara de pão
Ceifeiros a ceifar uma seara de pão

Apesar de já muito se ter escrito sobre o pão que todos comemos, a verdade é que cada vez que se lê um novo texto duma zona diferente, há sempre pormenores que despertam a nossa atenção e que quase sempre têm novidades que desconhecíamos. É também por isso que hoje resolvi iniciar a divulgação de um conjunto de textos dedicados ao pão e à forma como era obtido nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado.

Não podemos esquecer-nos que nessa época os trabalhos de preparação da terra eram quase exclusivamente feitos de forma manual, com o apoio de animais (vacas ou burros). Um tractor era coisa que raramente se usava pois as terras são demasiado compartimentadas com muros e cômoros e, para além disso a generalidade das pessoas não tinha hipóteses de comprar um.

Tentarei fazer coincidir a publicação dos textos com a época de realização das tarefas neles tratadas embora este e o próximo estejam relativamente atrasados.

A descrição que for sendo feita, é-o na primeira pessoa, pois o signatário, como muitos outros, executou nessa altura todas tarefas que levavam à obtenção de uma «fatiga» de Pão (não é erro, na minha zona dizia-se mesmo fatiga).

O tema não é novo, pois já muita gente escreveu sobre ele incluindo eu próprio, principalmente de forma esporádica e versando tarefas e ocasiões específicas (sobre a ceifa, a malha, o cozer do pão, etc) mas entendo que, as particularidades de cada um e de cada terra, fazem a diferença, mesmo quando se escreve sobre a mesma coisa.

Mesmo sem entrar ainda directamente no tema, é importante que se perceba que, para cortar uma fatia de pão, centeio naturalmente, os trabalhos que a essa fatia conduziam, começavam dois anos antes. Parece estranho mas era mesmo verdade. É que por vezes algumas pessoas esquecem-se ou não querem lembrar-se que o pão vem da terra, como da terra vem a generalidade dos alimentos que comemos.

Por isso os primeiros textos abordarão naturalmente a preparação da terra onde a ceara se virá a desenvolver e que depois dará origem ao grão, à farinha, e, finalmente ao pão.

Será, quando isso se justificar, feita referência aos instrumentos de trabalho utilizados em épocas remotas para o desempenho das tarefas agrícolas que conduzem à obtenção do Pão.

É que as pessoas todos os dias comem e quase sempre, mesmo hoje, comem também pão.

É por isso muito estranho, principalmente para mim, que se não valorize e invista na terra que o país possui e que no fundo constitui o seu território. É certo que temos muitas terras pobres e provavelmente menos adequadas para esta ou aquela cultura. Mas temos outras que são únicas e associadas ao clima que felizmente ainda possuímos podem produzir produtos de qualidade que em mais nenhum sitio podem ser produzidos com a qualidade dos nossos.

As políticas a que nos conduziu a integração europeia principalmente no que se refere à agricultura foram e são para nós verdadeiros suicídios. Recebia-se subsídio para não produzir, para arrancar vinhas, para plantar oliveiras, para as arrancar de novo, etc…. Claro que o nosso país não é na sua generalidade um paraíso agrícola e certamente existem outros com melhores condições naturais para esse fim. Mas isso não devia e não podia ter-nos conduzido à situação de total dependência do exterior. (arranquem as vinhas, as oliveiras, etc. que nós depois vendemo-vos os nossos produtos, pensavam e provavelmente até diziam, os nossos parceiros europeus).

:: ::
Nota: No próximo texto será iniciada a descrição da preparação da terra, com a “Decrua” que como se sabe era executada entre Outubro e Janeiro.

:: ::
«Do Côa ao Noémi»,
opinião de José Fernandes (Pailobo)

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José Fernandes

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5 Comments

  1. JFernandes Responder
    Sexta-feira, 17 Janeiro, 2014 às 0:18

    Caros amigos: (MMáxima Vaz, JLGouveia, FLourenço):
    Obrigado a todos pelos incentivos e principalmente por me transmitirem
    o que provoca em vós aquilo que escrevi. É natural, que quem pretende transmitir algo, goste de saber que a mensagem foi bem transmitida.E, nada melhor do que ter o retorno de quem a lê.
    Obrigado
    Jfernandes

  2. Fernando Lourenço Responder
    Quinta-feira, 16 Janeiro, 2014 às 8:59

    Revejo-me nas frases escritas pelo amigo Fernandes e fico ansioso pela continuidade. Também na minha terra (Forcalhos) se aplica o termo “fatiga”

  3. Joaquim Luís Gouveia Responder
    Quarta-feira, 15 Janeiro, 2014 às 22:43

    José Fernandes!
    Sem dúvida que a riqueza de um povo também se mede pela capacidade interpretativa da sua História. Contributos como estes e outros, que este blogue faz chegar aos seus leitores, assumem um papel importante na preservação de um património, imaterial, de que nos orgulhamos.
    Reportando-me à sua crónica acrescento que no Casteleiro utilizava-se, igualmente, o termo «fatiga», significando um naco de pão. Com o mesmo significado utilizava-se, também, «fatanoco», neste caso para designar uma fatia de pão de dimensões desmesuradas.
    Continuarei a acompanhar a sua sementeira.

    Joaquim Gouveia

  4. Maria Máxima Vaz Responder
    Quarta-feira, 15 Janeiro, 2014 às 14:27

    O JFernandes está a escrever história. A História que não se fazia : a História do povo trabalhador. É importante que se faça, sobretudo na primeira pessoa que dá mais garantia de verdade, sem deturpações.

  5. Maria Máxima Vaz Responder
    Quarta-feira, 15 Janeiro, 2014 às 11:04

    Muito esclarecedor. A quem não se apercebeu como se encerrou a produção agrícola, recomendo a leitura atenta do último parágrafo. É uma verdade histórica indesmentível, mas ainda há quem desconheça.

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