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Página Principal  /  Alfaiates • Memórias Concelho Sabugal • Ruvina  /  Memórias sobre o Concelho do Sabugal (16)
02 Janeiro 2014

Memórias sobre o Concelho do Sabugal (16)

Por Joaquim Manuel Correia
Alfaiates, Memórias Concelho Sabugal, Ruvina braz garcia mascarenhas, joaquim manuel correia Deixar Comentário

:: :: ALFAIATES (2) – A CIDADELA :: :: O livro «Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», escrito há mais se um século por Joaquim Manuel Correia, é a grande monografia do concelho. A obra fala-nos da história, do património, dos usos e dos costumes das nossas terras, pelo que decidimos reproduzir a caracterização de cada uma das aldeias nos finais do século XIX, altura em que o autor escreveu as «Memórias».

Castelo de Alfaiates
Castelo de Alfaiates

À entrada da cidadela vêm-se sobre a verga da porta duas esferas encimadas por suas cruzes de Cristo, ficando entre estas a coroa e escudo real, o que nos dá logo a confirmação de ter sido reedificada no tempo de el-rei D. Manuel.

Em seguida aparecem as ruínas dum torreão, colocado num dos ângulos da cidadela, tendo um igual num dos outros ângulos.

Do primeiro andar não vimos já possibilidade de comunicarmos com o segundo, que naturalmente tinha acesso por alguma escadaria aberta na muralha que ligava os dois torreões. No recinto da cidadela existia uma cisterna, havendo ainda parte do cano quando a visitámos. Já ninguém nos soube dizer onde eram as casas matas e as cadeias.

Os torreões da primeira muralha, que data da restauração manuelina, são quatro, de base circular, ao contrário dos outros que eram de base rectangular ou poligonal.

Das muralhas que cercavam a vila há somente alguns fragmentos, vendo-se vestígios das duas entradas principais, uma do lado de Aldeia da Ponte e outra da Nave.

Tinham torreões e baluartes fortes e havia perto duas atalaias, uma no caminho que liga a vila ao antigo convento da Sacaparte. Nenhuma dessas .atalaias vi, nem sei se delas ha vestígios.

Na praça, aproveitada agora para os vendedores de velas de cera exporem estas à venda, vê-se cravada no solo uma peça de artilharia, de secção decagonal.

A vila de Alfaiates é incontestavelmente uma das povoações mais antigas do concelho do Sabugal e dela fazem menção historiadores e corógrafos notáveis, como já referi.

Diz-se que fora fundada pelos romanos e que era presídio no tempo de Augusto César.

O Abade de Pêra na sua importante obra «Guerras da Beira» diz que: «na praça de Alfaiates havia uma pedra que servia de assento que tinha letras atribuídas a Augusto César, constando-nos que essa pedra está agora na cozinha de António Gonçalves Baltazar. Também nos afirma que no tempo em que desta praça era governador o célebre poeta e capitão Braz Garcia de Mascarenhas ali apareceram moedas de cobre e prata, sendo algumas de Sertório, nas casas feitas em volta da vila.

«Igualmente, diz esse escritor, apareceram estribos com cadeias de ferro por lóros, mós de moinho de mão e outras antiguidades e. .. a «vila foi então, cercada com um giro de 4680 pés geométricos, fora as voltas dos baluartes em altura de 22 pés» (1).

:: :: :: :: ::

Sem investigarmos se antes dos romanos havia ali alguma povoação, vejamos as fases por que ela passou desde esse tempo, no dizer de antigos corógrafos.

Sabido é como o império romano, depois de dar leis ao mundo dominando e escravizando os povos vencidos e possuindo quanto havia de notável nas artes, nas letras e ciências, caiu por sua vez, subjugado pelos bárbaros, que a pouco e pouco o foram dominando.

Os povos da península onde os romanos floresceram eram à sua vez atormentados pelos povos do norte e mais tarde pelos árabes.

Estes puseram à povoação romana o nome Alchaeata (coser), ignorando-se o nome que lhe deram os diferentes povos que ali demoraram. Mas os árabes passados séculos tinham de abandonar a península, ficando derrotados pelos povos que se iam emancipando e constituíam nacionalidades.

É escura a história de Alfaiates durante esse tempo, mas é um facto que sustentou grande luta, como se evidenciou pelas ruínas dela no tempo de Afonso X de Leão, que a reedificou, dando-lhe o nome de Castillo de Luna, talvez como reminiscência do crescente muçulmano.

Em 1297 ficou a vila pertencendo a Portugal, como noutro lugar contámos, pois que fazia parte da Comarca de Riba-Côa.

Dizem alguns escritores que D. Deniz lhe restituiu o nome árabe Alchaeata, mas, ou por que o nome de Castillo de Luna não vingasse ou por outro qualquer motivo o que é certo é ter figurado já no tratado de Alcanizes com o nome de Alfaiates, corrupção de Alchaeata.

:: :: :: :: ::

No reinado de D. Manuel foi o castelo restaurado, como o atestam as suas armas, a que já nos referimos e que existem à entrada da cidadela.

Este rei deu à vila novo foral, mas os foros e costumes de Alfaiates eram antiquíssimos e deles se ocupou Alexandre Herculano na notável obra «Portugalia Monumenta Historica» em 93 páginas de que extractaremos alguns dados: Dizem-nos velhas crónicas que no castelo de Alfaiates esteve preso D. Garcia, rei da Galiza, onde sofreu gravíssimas torturas, infligidas por seu irmão Sancho de Castela, que até lhe mandou arrancar os olhos, depois de o ter privado do reino, morrendo em consequência de tão bárbaro procedimento.

Foi Alfaiates um dos muitos coutos que existiam no país. A vila pertencia ao conde de Santiago.

Tinha dois juizes ordinários, que assistiam ao governo civil da vila, três vereadores, procurador do concelho, escrivão da câmara, tabelião, juiz dos órfãos e respectivo escrivão, bem como juiz das sisas.

A praça tinha uma companhia de infantaria do presídio e outra de ordenanças.

No tempo em que foi governador dela Braz Garcia de Mascarenhas, tinha doze peças de artilharia, de ferro, oito de bronze, cem quintais de pólvora, grande porção de balas miúdas, cem de murrão, mil e quinhentas balas grossas, quinhentos chuços e seiscentas armas de fogo. (Guerras da Beira do Abade de Pêra).

Era esse o material de guerra com que tinha de fazer face às incalculáveis forças do inimigo, cujas praças mais próximas eram Paio, Albergaria e Jerjas (Elges).

De Alfaiates saiu em 1642, pela Semana Santa, Fernão Telles de Menezes, com 2.000 infantes e 200 cavalos, afim de tomar fujas (Elges) e Vai verde, que ficam perto de Portugal.

Notável se tornou ali Braz Garcia de Mascarenhas (1642), de quem noutro lugar falámos já.

Tanto ele como Rodrigues Soares Pantoja governador de Almeida foram sob custódia para Lisboa, por ordem de Fernão Telles de Menezes,
sendo soltos passados seis meses, por ordem d’el-rei D. João IV (2).

:: :: :: :: ::

Notas
(1) – Sobre o assunto veja-se o estudo notável do Prof. Doutor A. Vasconcelos sobre Braz García de Mascarenhas.
(2) – Portugal Restaurado, por D. Luís de Menezes, Vol. 10 págs. 283 e Vol. 11, 380. 149.

:: ::
«Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», monografia escrita por Joaquim Manuel Correia

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