Alguns leitores olham para o título desta crónica com dificuldades em decifrar o conjunto de letras e o seu significado. Falamos da Associação Portuguesa dos Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental do Fundão. Esta Associação tem muitas outras dependências por diversas cidades deste País.

Nasceu em 1985 com o objectivo de ajudar na integração de crianças e jovens com necessidades educativas especiais. A sua matriz fundadora é clara: «Uma estrutura de apoio terapêutico, pedagógico e assistencial às pessoas com deficiência, que não possuem capacidade de execução de um trabalho de carácter produtivo.»
Inúmeras são as actividades desenvolvidas por esta Associação: têxteis, pinturas, jardinagem e horticultura, cerâmica, reciclagem, natação, terapia ocupacional, aeróbica, psicomotricidade, entre outras. Na natação, estes homens e mulheres já ganharam prémios olímpicos em provas realizadas na China.
A APPACDM tem neste momento trinta e sete utentes, seis dos quais, por diversos motivos, vivem em regime de internamento num Lar Residencial, pertença da Associação. Para cuidar destes jovens há os órgãos sociais, constituídos por voluntários distribuídos pela Assembleia Geral, Presidência e Conselho Fiscal, e vinte e quatro funcionários que trabalham em serviços diferenciados. Todos dão o seu melhor, para que esta Instituição funcione bem em prol dos jovens a seu cargo.
O convite surgiu do Vice-Presidente e participei na Festa de Natal. Na receção, o Dr. Francisco Elias deu-me amavelmente as boas vindas, proporcionando-me uma visita às acolhedoras instalações – estruturas práticas e funcionais.
Com o programa de boas-festas, o apresentador António Rocha deu início à Festa de Natal. Parecia um profissional de espectáculo, mostrando a experiência adquirida nos muitos anos como dinamizador e Chefe de Escuteiros. Ao longo do ano, o pessoal técnico, com os seus alunos, preparou um festival de actividades para apresentar ao numeroso auditório.
Os cortinados do palco abriram-se e surgiu o Grupo «Bombásticos da Arieira», formado por vinte utentes jovens, que tocou e encantou, contando com o apoio voluntário dos ensaiadores – Raposo de Alpedrinha e Joaquim Rosa do Fundão.
Seguiu-se um desfile rural de legumes e verduras, a fazer inveja a qualquer feira nacional de agricultura.
Nestas festas não podia faltar uma peça de teatro e lá chegou «O Atrasado Pai Natal», porque a horas só mesmo o Menino Jesus.
A Joana e a Helena encantaram com um dueto surpresa. A Cláudia dirigiu cinco jovens, que formaram o muito aplaudido Grupo «Meedley» de música e dança.
Os Fantoches também apareceram, desta vez para contarem a história do capuchinho vermelho, que conseguiu escapar às goelas do lobo mau.
As quadras natalícias saíram das gargantas afinadas de doze meninas.
O sarau artístico terminou com um desfile de moda, onde se viram os últimos modelos e criações para bebés, crianças, adolescentes, pais, avós, banhistas e noivas. Registe-se a criatividade das peças e o bom humor que causou em todos os presentes.
O Apresentador não se esqueceu de repetir que o Natal deve ser a prática de todos os dias.
Não faltaram as lembranças a cada um dos utentes e, no refeitório da Instituição, um lanche para todos confraternizarem.
São bons estes momentos proporcionados pela APPACDM. Para lá das limitações físicas ou psicológicas, todas as pessoas têm as suas qualidades. Em cada homem há um irmão.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
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