Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos LAMEIRO e LAPUZ.
LAMEIRO – terreno reservado para pastagem e para recolha de feno. «O número de lameiros de um lavrador indica a sua fortuna» (Joaquim Manuel Correia). Guardar um lameiro: vedar-lhe a entrada a animais durante algum tempo e destiná-lo à produção de feno.
LAMOA – camisa – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
LAMOSO – pano de linho; casaco – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor). Lamosa: camisa de linho, na mesma gíria (Franklim Costa Braga).
LAMPANA – mentira (Júlio António Borges).
LAMPANCHUDO – gordo (Júlio António Borges).
LAMPEIRO – atrevido; espevitado; apressado; o que quer chegar primeiro. «Voltou muito lampeiro a ver a Catarina dos seus sonhos» (Abel Saraiva).
LÂMPIO – azeite (Manuel Leal Freire). Na gíria quadrazenham designam o azeite por alâmpio.
LAMPO – temporão; prematuro; que chega antes do tempo próprio. Figo lampo.
LANÇADEIRA – peça do tear, contendo um pequeno cilindro ou canela, usada para passar o fio de linho entre a urdidura. José Pinto Peixoto chama-lhe também naveta.
LANCHA – pedra grande e espalmada (José Pinto Peixoto). Laje; pedra colocada na lareira para cobrir o chão (Júlio António Borges). Nas terras do Campo (Monsanto) usa-se o masculino: lancho.
LANCHADA– pancada (Franklim Costa Braga). Pedrada (José Prata, Clarinda Azevedo Maia).
LANCHAL – lugar de solo pedregoso, onde há lanchas. Nas terras do Campo (Monsanto) também se diz lancheira (Maria Leonor Buescu).
LANCHOADA – lanchada; pedrada.
LANDANA – historieta sem importância (Júlio António Borges).
LÂNDOES – amígdalas; anginas (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho).
LANDRISCAR – debicar; comer pouco (Júlio António Borges).
LANEIRO – pessoa que anda na tosquia das ovelhas ou que negoceia lã (Célio Rolinho Pires).
LANGANHOSO – enxovalhado; besuntado (Duardo Neves). Sem asseio (José Prata). Sujo e desajeitado (Clarinda Azevedo Maia). Júlio António Borges refere laganhoso, que traduz por pegajoso. Do Castelhano: lagañoso.
LANGONHA – pessoa fraca, que trabalha devagar, com ronha. Porcaria, sujidade viscosa. Júlio Silva Marques refere langanha.
LANGUEIRÃO – homem alto e desajeitado; preguiçoso (Júlio António Borges).
LANGUENHO – pessoa suja e desajeitada (Clarinda Azevedo Maia – Batocas).
LANHADO – lugar onde se guarda a lenha (Leopoldo Lourenço).
LANHO – golpe provocado por instrumento cortante.
LANINHO – tecido gasto e muito rafado pelo uso. Calças laninhas.
LANUDO – cabeludo (Duardo Neves). também se diz lazudo.
LAPACHEIRO – lodaçal, lamaçal; charco. Joaquim Manuel Correia escreve lapaceiro.
LAPÃO – labrego; come-e-dorme; mandrião (Francisco Vaz). Comichão – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
LAPARCHINAR – chapinhar com os pés na água (Rapoula do Côa).
LAPAREAR – acto em que os vários elementos de um grupo comem directamente da barranha.
LÁPARO – coelho pequeno. Também se diz laparoto.
LAPICHAR – borrifar (Francisco Vaz).
LAPOSA – bofetada. O termo também é usado na gíria de Quadrazais, com o mesmo significado (Franklim Costa Braga).
LAPUZ – pessoa rude; grosseira (Francisco Vaz).
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Conheço LAMEIRO, LAMPEIRO, LANÇADEIRA, LANDRISCAR (parece-me que no Casteleiro – tenho apenas um ligeiro resquício – também significava coscuvilhar…), LANGANHOSO (mais como besuntado, como refere uma das opções do texto), LANGONHA, LANHO (que sempre pensei que se escreveria «lenho», mas admito), LANINHO (uma palavra tão «gira»… e muito usada na minha terra), LAPACHEIRO e LÁPARO.
Nada mau.
Obrigado, Paulo, pela busca, investigação e pachorra, trazendo-nos aqui semanal e pontualmente este trabalho que reputo de muito interessante para a cultura beirã em geral.