O tempo chuvoso quis imperar por terras arraianas. A neve não quis ficar. Desta forma, foi com ar desconfiado que o pessoal passou a noite da fogueira.
Pelas terras arraianas é tradição o fazer uma fogueira no largo principal da aldeia ou junto à igreja. Reminiscências das fogueiras outrora feitas pelos antigos ao solstício de Inverno. O cristianismo adoptou-a ao nascimento de Cristo. O facto, e o que torna o Natal tão especial por estas terras, é que, sendo o Natal uma festividade de família, por terras arraianas é-o, também, uma festividade de comunidade. Cada aldeia passa o Natal com todos: a fogueira do Natal é o espaço de todos e para todos. Ali se encontram o mais novos até aos mais velhos, numa comunhão de valores, de bairrismo, de fraternidade e de festa.
Infelizmente, o país está dividido. Por estas alturas é fácil de verificar o quanto país se dividiu. Primeiro, porque quem governa tem uma visão do país mesquinha. Limitada aos gabinetes e às avenidas citadinas de Lisboa.
O país é para esta gente paisagem. Os que por cá vivem são esquecidos. E aos que tiveram que sair cada vez é mais difícil voltar. E já nem falo do um regresso! Vir cá é cada vez mais caro. Num tempo em que o desemprego é a marca, as dificuldades económicas das famílias é visível, o interior do país esmorece. Por mais que ouça as mensagens de Natal dos nossos governantes, não consigo ver nelas uma única razão para ter esperança.
Continuo a afirmar que o maior erro deste governo foi ter conseguido despir os portugueses de esperança. Foi, paulatinamente, falhando todos os compromissos que fez com os portugueses. Exigindo sacrifícios, humilhando os cidadãos e explorando o suor do trabalho dos poucos que têm emprego, no final, o governo conseguiu defraudar as expectativas.
Falhou todos os cálculos. Conseguiu colocar contra si todas as áreas da sociedade portuguesa. Todas não! Os grandes grupos financeiros estão contentíssimos. Os seus lucros aumentam exponencialmente. Os Swaps são intocáveis (são os únicos contratos que são para respeitar). As PPP’s mantêm-se… ou seja, é possível rasgar e renegociar todos os contratos, desde que não sejam com os da alta finança. De tal forma, que não se sabe mais nada dos homens do BPP, do BPN e afins. Alguém está preso? Não. Alguém responde pelas enormes falcatruas cometidas e que todos nós estamos a pagar? Não.
Passou o Natal. Assistimos a tantas manifestações de solidariedade e fraternidade. Acções que se vão diluir no dia seguinte. Porque os necessitados vão estar ali todos os dias. Mas seremos nós capazes de fazer todos os dias dias de Natal?
Infelizmente, diremos, foi Natal. E já passou.
p.s. Desejo a todos um ano de 2014 muito feliz!
:: ::
«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
“Mas seremos nós capazes de fazer todos os dias dias de Natal?” vamos tentar Fernando Lopes… a esperança é a ultima a morrer e os Beirões (falo só de nós) já ultrapassámos muitas dificuldades, algumas de menos dimensão na nossa geração, mas os nossos pais e avós contavam. Sermos positivos será assim a palavra de ordem!! Que o Ano de 2014 nos traga as energias necessárias! Para quem ler…desejo o melhor do Mundo!!