SABUGAL – A formação do território Municipal. Depois de termos feito uma abordagem, sobre cada uma das localidades que deixaram de ser concelhos ao longo do tempo mas onde ainda permanecem os símbolos da autonomia municipal, os pelourinhos, abordarei agora o território do actual Município que no fundo, acabou por formar-se à custa da extinção daqueles.

Sabugal depois da criação do concelho de Vilar Maior
O concelho do Sabugal foi criado no final do século XII por Afonso IX de Leão, que desanexou uma vasta área do termo da Cidade Rodrigo para constituir um novo concelho.Integravam inicialmente este concelho várias aldeias que na região se começavam a desenvolver (Alfaiates, Vilar Maior, Caria Talaya (Ruvina) e Aldeia Velha).
As razões que terão levado Afonso IX a criar este concelho foram essencialmente militares e destinavam-se a consolidar fronteiras e ocupação do território que na altura estava mais ou menos assente pelo leito do Rio Côa muito embora existissem zonas de grande indefinição na região.
Não terá sido por acaso que para a sede do concelho tenha sido escolhida a povoação do Sabugal. Não duvidando da importância dessa povoação é de admitir que a escolha da sede de um novo concelho precisamente na zona mais a poente do território Leonês tenha tido subjacente para além da consolidação territorial, também uma intenção expansionista.
Expandir para lá do Côa seria a intenção do rei de Leão.
Foi nessa altura que a poente do Côa, já no reino de Portugal, se criaram como resposta àquela criação do reino de Leão, dois novos concelhos cujas fortificações ainda hoje existem mais ou menos bem conservadas e de que falámos em textos anteriores: (Sortelha e Vila do Toro).

No principio do século XIII foram criados dois novos concelhos retirando territorio ao concelho do Sabugal de que falámos em textos anteriores (Alfaiates em 1219 (aqui) e Vilar Maior 1227 (aqui).
Tudo indica que a criação destes dois concelhos fortificados se destinava a constituir uma segunda linha de Municípios que assim melhor garantiriam a ocupação do território por parte do reino de Leão.
Por isso, e embora possa parecer que o concelho do Sabugal foi espartilhado com estas criações a verdade é que só pode ter ganho importância com o apoio que na rectaguarda lhe estava a ser dado. Basta pensar que com estas fortificações, as investidas por parte de Portugal estariam mais dificultadas.
Aliás, seria interessante conhecer, para confirmar esta teoria se D. Dinis, nas investidas que fez em território de Leão, nas décadas de 70 e 80 do século XII, antes do tratado de Alcanises, alguma vez atravessou o Côa na ponte do Sabugal. Provavelmente não.

Em 1296 o concelho do Sabugal e bem assim Alfaiates e Vilar Maior são integrados no território Português obrigando a deslocar a fronteira muito para leste do Rio Côa. A partir dessa altura e durante cerca de 5 séculos, todos os Municípios quer da margem esquerda quer da direita do Rio Côa, se mantiveram com a área territorial que aqui possuíam. É óbvio que nem todos eles se desenvolveram da mesma forma, pois esse desenvolvimento também dependia dos apoios que lhe eram dados, principalmente para a reconstrução das fortalezas. Seja como for, o poder autonómico e municipalista foi exercido regularmente por todos eles, durante este período em que não houve disputas de territórios nesta fronteira.
Durante todo o século XIX o país foi alvo de um processo de reorganização administrativa do território que se iniciou com Mouzinho da Silveira passando depois por Passos Manuel. Por isso, em 1836 é extinto o concelho de Vila de Touro sendo as respectivas freguesias integradas no concelho do Sabugal que começa a aumentar o seu território para poente do Côa.

Em 1855 o território do concelho do Sabugal mais do que duplica quando nele são integrados os territórios dos concelhos da Sortelha e Vilar Maior. Este, tinha recebido já a área do concelho de Alfaiates entretanto extinto em 1836. Extinto o concelho de Castelo Mendo em 24 de Outubro de 1855 também as respectivas freguesias transitaram para o Sabugal, vá-se lá saber por quê.

Em 1870, e ainda dentro do processo de reorganização administrativa e territorial que ocorreu durante todo o século, transitaram para o concelho de Almeida todas as freguesias que pertenceram a Castelo Mendo com excepção das freguesias de Parada, Miuzela e Porto de Ovelha. Esta transferência terá tido subjacente a diminuição da diferença territorial entre estes dois concelhos raianos.

Seguindo o princípio definido em 1870, as freguesias de Malhada Sorda e Nave de Haver que pertenceram a Vilar Maior, e depois ao Sabugal, foram em 1883 deslocadas para o concelho de Almeida.

Finalmente, em 1895 o Sabugal perde para o concelho de Almeida as freguesias de Parada, Miuzela e Porto de Ovelha, ficando com a actual configuração territorial que desde aí nunca mais foi alterada.

Em 2013, o concelho do Sabugal como a generalidade dos municípios do país foi alvo de nova reorganização das respectivas freguesias agrupando algumas delas mas mantendo o território do Município tal como se encontrava anteriormente… (Aqui.)

A vila do Sabugal sede do Município, foi elevado a cidade por Lei da Assembleia da República aprovada em 9 de Dezembro de 2004, publicada no Diário da República de 26 de Janeiro de 2005 (Lei 8/2005). O respectivo brasão foi então alterado passando a possuir mais uma torre prateada característica das cidades (cinco torres).
O novo brasão, selo e bandeira, depois de aprovado pelos órgãos competentes do Município, foi publicado no Diário da República III série de 3 de Outubro de 2005 (página 21510)… (Aqui.)
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
Um trabalho sério, bem estruturado, com muita informação segura e bem documentada.
São assim os investigadores e historiadores dignos desse nome, tenham ou não graus académicos.
Seria vantajoso para o concelho do Sabugal, que se reunissem os textos com os quais se poderia editar um livro de “Memórias do concelho do Sabugal”. Na Capeia Arraiana há bastantes com valor e mérito. Este é um deles, bem como todos os do mesmo autor.
Parabéns José Fernandes. Obrigada pelo que me tem ensinado.
Há mais com valor a incluir, de outros autores, embora não tenha lido todos, mas pelo que já li, temos bom material que deve ser incluído.
Considero que será uma continuação do excelente livro do Dr. Joaquim Manuel Correia, mesmo que não tenhamos tanto mérito, visto que ele junta à pesquisa histórica, um fabuloso “trabalho de campo”.
Excelente trabalho. Obrigado pela divulgação