:: :: ESCABRALHADO e BATOCAS :: :: O livro «Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», escrito há mais se um século por Joaquim Manuel Correia, é a grande monografia do concelho. A obra fala-nos da história, do património, dos usos e dos costumes das nossas terras, pelo que decidimos reproduzir a caracterização de cada uma das aldeias nos finais do século XIX, altura em que o autor escreveu as «Memórias».
ESCABRALHADO
Fica à distância de 3 quilómetros pouco mais ou menos da sede da freguesia, a oeste dela, na margem direita da ribeira de Alfaiates, num mimoso e fresco vale, onde há excelentes propriedades, especialmente pastagens ou prados naturais, que na Beira se chamam lameiros, povoados de abundantes arvoredos, onde sobressaem carvalhos, freixos, amieiros e azinheiras.
Nesta pitoresca povoação há grande abundância de água, embora a fonte não satisfaça as exigências da higiene, ou por falta de dinheiro ou de iniciativa.
É povoação rica, apesar de pequena, pois que apenas contava em 1889 45 fogos, tendo então 800 cabeças de gado lanígero e caprino.
Tem igreja própria, muito decentemente ornamentada, sendo costume o pároco dizer missa alternadamente nela e na de Aldeia da Ribeira.
É também revestida a capela-mor de quadros a óleo e tem bons altares e púlpito muito regulares.
Vê-se ao lado da igreja um campanário, fechado, tendo dois sinos.
Não há muitos anos ainda que roubaram o único sino que então havia e nunca souberam onde ele parava, tendo apenas a certeza de que foi levado para Espanha, porque no caminho que conduzia ao campanário observaram vestígios de o terem pousado os ladrões, para descansarem.
Cremos que depois disso é que resolveram fechar o campanário, justificando assim o rifão popular: casa roubada, trancas à porta.
BATOCAS
Batocas é outra pequena povoação pertencente à freguesia de que nos vimos ocupando, cuja sede está entre as duas, ficando as Batocas perto da Espanha. Tem um posto fiscal de última classe.
Perto fica a quinta das Batoquinhas, vasta propriedade pertencente a uma família da Covilhã. Nela esteve refugiado o célebre João Brandão, segundo se afirmou, tendo pernoitado também no moinho da Telhada, o que várias vezes ouvimos dizer, ignorando o moleiro quem fosse o seu hóspede.
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«Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», monografia escrita por Joaquim Manuel Correia
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