É verdade que o mundo não pára, seja por que motivo seja. Mas deveria parar, nem que fosse um minuto, quando Mandela morreu.

A História, de tempos em tempos, apresenta-nos personagens que se transformam em personagens eternas. Nelson Mandela é uma dessas personagens. Não vou alongar-me sobre Nelson Mandela, pois estes dias têm sido muitos os escritos e os testemunhos deixados em sua homenagem.
De qualquer forma, não podia deixar de prestar, aqui, a minha homenagem a este verdadeiro homem.
A vida de Mandela é um testemunho concreto de que o sonho e o ideal são possíveis. E de que a crença em princípios maiores, daqueles que, sendo bons para um homem, também o são para toda a humanidade, valem a pena serem perseguidos. Acreditar e lutar pela liberdade. Crer na democracia e, acima de tudo, saber que todos os homens são iguais, fizeram de Mandela o maior dos homens. O que nos deixa é a responsabilidade e o convite para que sigamos esse percurso.
Soube dizer não a ser livre quando o aliciaram abandonar os seus ideais.
Soube dizer não à vingança. Soube olhar para os seus inimigos e perceber que sem eles o seu sonho não era possível. Dessa forma gritou perdão. E perdoar é o acto mais difícil. Mas foi sobre o perdão que reconstruiu a África do Sul. Quantos de nós seriam capazes de o fazer? Quantos de nós seriam capazes de fazer de 27 anos de cadeia um percurso para afirmação da liberdade?
Verdadeiramente, este homem foi livre. Sempre o foi. Quer quando lutou contra um regime abjecto, quer quando esteve preso e, mais, foi livre enquanto político. Por isso, «eu sou o capitão da minha alma», verso de um poema que se tornou máxima na sua vida, ganha um significado ainda maior. Sim, Mandela foi o capitão, sempre, da sua alma. Quantos políticos poderão dizer o mesmo? Quantos têm a humildade de reconhecer que são somente homens e que não existem «salvadores» da pátria e fundadores de nações? Se houve alguém que o foi, foi Mandela e, contudo, ele sentia-se e mostrou que era mais um sul-africano e que mais não fazia do que o seu dever pela pátria. E, dessa forma, dando mais uma lição, abandonou o poder da mesma forma que lá chegou: livre. E, se havia um lugar onde o poder estava ligado ao homem era na África do Sul e esse homem era Mandela. Mas não. Mandela simplesmente cumpriu a sua missão e foi embora. Dando lugar e espaço à nova nação e às gerações futuras de seguirem o seu caminho. O exemplo estava dado.
Obrigado Madiba.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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