:: :: ALDEIA DA PONTE (2) – TEMPLOS, CAPELAS E POSTO FISCAL :: :: O livro «Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», escrito há mais se um século por Joaquim Manuel Correia, é a grande monografia do concelho. A obra fala-nos da história, do património, dos usos e dos costumes das nossas terras, pelo que decidimos reproduzir a caracterização de cada uma das aldeias nos finais do século XIX, altura em que o autor escreveu as «Memórias».

ALDEIA DA PONTE
A igreja paroquial, edificada há longos anos ao centro da freguesia, solidamente construída de granito, assim como a torre que se ergue do lado direito, dão à velha aldeia um aspecto severo e respeitoso.
É pena que o templo tenha pouca altura em relação ao comprimento das três naves.
Tanto o coro como os altares são regulares.
Nada vimos nas suas imagens digno de menção.
Na capela-mor vimos boas molduras de talha dourada, muito superiores aos quadros que cercavam.
Tem uma espaçosa sacristia, onde há boas alfaias, vasos sagrados e todos os objectos destinados ao culto, entre os quais mencionaremos uma custódia de prata, dois cálices, vasos para santos-óleos e caldeirinha de água benta, todos do mesmo metal, e um rico pálio de damasco.
O orago da freguesia é S.ta Maria Madalena.
O seu pároco era da apresentação do reitor de Alfaiates e tinha de côngrua 60000 réis, recebendo o conde de S. Tiago parte dos dizimos.
Os juizes pedâneos eram sujeitos ás justiças da dita villa.
Em 1765 tinha apenas 167 fogos e actualmente mais de trezentos e mais de 1200 almas (1905).
Segundo as declarações feitas pelo pároco, P.e Paulo Martins Chorão, na Administração do concelho do Sabugal, o rendimento do pároco é o seguinte: Côngrua, 100000 réis; pé de altar, 73000 réis; casamentos, 480 réis; bem de alma, 3000 a 9000 réis.
Ermidas
Além da igreja (1) existem na freguesia as capelas ou ermidas de Santa Catarina, S. Sebastião, Santa Bárbara e Santo Cristo, esta edificada no espaçoso rossio, a que chamam Vale, (Nota 2) contíguo à povoação; S. Braz, no interior desta, e Santo António, perto da ponte, na margem esquerda do rio.
A das Almas é contígua ao cemitério, na margem direita do mesmo.
Nunca vimos o templo pertencente ao colégio e apenas por informação sabemos ser digno de visita.
Pôsto fiscal
Havia em Aldeia da Ponte alfândega, que passou a posto fiscal de 1.ª classe. Até 1887 era delegação da alfândega do 4.° grupo (Vilar Formoso) e actualmente tem posto fiscal de l.a classe, existindo outros nos Forcalhos, Aldeia do Bispo e Vale de Espinho (1905).
:: :: :: :: ::
Notas
(1) – No ano em que visitámos Aldeia da Ponte, quatro cegonhas pousavam no cimo da torre da igreja paroquial, em cima de dois ninho,. onde as benfazejas aves tinham já a sua prole. Era um sitio azado, porque, além de terem os filhos resguardados, tinham em torno muitos lameiros e águas estagnadas onde podiam colher alimentos para eles.
(2) – Este Vale, bastante extenso, é um verdadeiro lameiro público, onde todos podem mandar pastar o gado e onde no verão são feitas as malhas. (Nota do Sr. Capo Lapas de Gusmão).
:: ::
«Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal», monografia escrita por Joaquim Manuel Correia
Leave a Reply