A Star FM Sabugal (96.8 FM para a região raiana) chegou ao fim. A frequência (que já teve diferentes nomes) passou por vários processos «evolutivos». Nesta fase terminal os noticiários obrigatórios por Lei para uma rádio local eram «feitos» a partir de Lisboa pelo telefone numa clara tentativa de optimização de recursos. Longe vão os tempos das peças com rigor jornalístico assinadas por Joaquim Martins que se deslocava da Guarda ao Sabugal para «descobrir» temas de reportagem. Para o futuro os sabugalenses vão contentar-se com uma rádio (M80) que transmite música dos saudosos tempos de há 20 e 30 anos atrás. Definitivamente o Sabugal caminha em direcção ao século XX.
Em dia de Independência de Portugal em relação aos espanhóis (1 de Dezembro) a Star FM Sabugal, propriedade da Media Capital Rádios detida pelo grupo espanhol de media Prisa, emitiu um lacónico comunicado economicista, supostamente assinado pelo seu actual correspondente em Lisboa, Miguel Rocha, na sua página no Facebook:
«STAR FM SABUGAL DÁ LUGAR À M80 – A Star FM Sabugal chegou hoje ao fim do seu percurso. Como base desta decisão pesaram razões que por um lado se prendem ao ajuste do portofólio das rádios do Grupo Media Capital Rádios (MCR), e por outro lado se coadunam com o panorama economicamente desfavorável que o mercado atravessa. Na mesma frequência vai ser emitida a M80, rádio também pertencente ao Grupo Media Capital Rádios (MCR). Uma rádio da mesma casa, portanto. A nova grelha informativa será de conteúdo nacional e internacional. Terá noticiários de manhã e à tarde. A M80 arrancou em meados de 2007. É já uma das estações mais ouvidas do país. A programação da M80 baseia-se essencialmente nos êxitos pop/rock dos anos 70, 80 e 90. De acordo com dados do mês de Outubro da Marktest, o Grupo MCR mantém uma trajetória crescente nas audiências. Atingiu a marca histórica de 23,1% de Audiência Acumulada de Véspera. Em meu nome e de toda a equipa, um muito obrigado a todos os sabugalenses.»
A tudo isto não será estranho um recente comunicado do grupo PRISA, detentora da Media Capital e da TVI, à espanhola CNMV (Comisión Nacional del Mercado de Valores) dando conta de prejuízos de 519 por cento (194,8 milhões de euros) nos primeiros nove meses de 2013.
A Star FM Sabugal produzia e emitia, sobre o Sabugal e os sabugalenses, um noticiário (de segunda a sexta-feira) de cerca de duas horas sobre assuntos locais produzidos a partir dos estúdios de Lisboa e documentados por telefone pelo seu jornalista Miguel Rocha. Mais uma vez faltaram apoios locais comerciais e autárquicos a iniciativas privadas. No entanto os números do Orçamento camarário mostram que nem todas as empresas privadas são ostracizadas. No Sabugal há empresas comerciais privadas e… empresas comerciais privadas. Escolhas cirúrgicas.
Mas, acima de tudo, ficamos com a certeza que a comunicação do concelho do Sabugal está cada vez mais favorável aos que odeiam quem comunica e onde só vingam os «opinadores» maniqueístas do regime. A verdade e os bons exemplos incomodam. Aliás quando falamos de bons exemplos não podemos esquecer a votação para a Junta de Freguesia dos Fóios onde o maior e melhor (e único) comunicador de todos os presidentes autarcas do anterior mandato não foi reeleito numa clara demonstração que os sabugalenses residentes preferem os indivíduos esotéricos.
Quanto ao concelho do Sabugal nada melhor do que ouvir música de há 20 e 30 anos atrás. Fico com a sensação que é uma música actualizada com o tempo vivido no concelho. Aliás a agenda cultural dos últimos tempos é, no seu essencial, virada para as efemérides e para o passado. Sem presente e sem futuro mesmo que para isso fosse fundamental respeitar e lembrar os pretéritos momentos.
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1 – Artigo sobre a «desgraça» das contas da Prisa. Nos Estados Unidos da América está eminente a declaração de bancarrota da empresa. Por outro lado os angolanos posicionam-se para negociar os interesses de media da Prisa em Portugal… (Aqui.)
2 – Artigo sobre a actualização de vencimento da apresentadora e agora directora da TVI, Cristina Ferreira, a partir de 1 de Dezembro… (Aqui.)
3 – Os factos não deixam lugar para argumentos. O futuro não está em Cabo Verde mas podia passar por Angola. Mas os «queijos limianos» do «doce mamar» não chegam tão longe.
4 – Viva a Rádio Altitude! Viva a Rádio Caria! Viva a Rádio Fronteira!
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Off de Record – Foi publicitado numa rede social a colocação de equipamentos de ginástica sénior num jardim da Ruvina. Erradamente comentei que a Junta da União de Freguesias de Ruivós, Ruvina e Vale das Éguas estava de parabéns por ter proporcionado às populações seniores das três freguesias a prática da ginástica vocacionada para os braços e pernas. Afinal o equipamento só foi colocado na Ruvina porque, supostamente, já tinha sido encomendado pelo executivo anterior que, contudo, não teve tempo para o instalar. Tudo isto é inacreditável. Se houvesse bom senso e «sabedoria política» havia dois de três caminhos: A instalação pela recém-eleita Junta da União das Três Freguesias de equipamentos idênticos, e ao mesmo tempo, nas três aldeias ou, então, num gesto de respeito e de boa-fé deixar para última a freguesia de onde é freguês e natural o actual presidente. Até porque se ele batesse à porta dos gabinetes certos teria conseguido (tenho a certeza) um pequeno aumento de verba (insignificante) para os dois restantes equipamentos. E os eleitos por Ruivós e Vale das Éguas não têm nada a dizer? Ele há coisas…
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«A Cidade e as Terras», opinião de José Carlos Lages
(Fundador e Director do Capeia Arraiana desde 6 de Dezembro de 2006)
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As frequências locais deveriam ser isso mesmo: frequências locais e não “extensões” de rádios nacionais. Estas frequências deviam estar ao dispor das populações e servir as populações. A atribuição dessas frequências devia obrigar os seus exploradores a determinadas regras que defendesses as respetivas áreas de abrangência.
O fecho da rádio é, do ponto de vista simbólico, equivalente ao encerramento da Casa do Castelo, do Hotel, do Tribunal, das juntas de freguesia, e de tudo aquilo que fecha e nem disso há notícia. De mal vamos a pior…
Também lamento este destino mas a verdade é que em termos de noticiário regional nesta fase final deixava muito a desejar. Esperemos que alguém da região pegue nessa rádio e que a implante efectivamente no concelho do Sabugal e na zona envolvente que é muito grande. Façamos votos que seja sustentável como outras que há pela região…
Lamento o encerramento da Rádio. Viremo-nos para as que JCL refere. Por cada estação ou jornal que fecha é um pedaço da região que morre. Cumpre a quem sabe disso e pode ajudar a levantar novas oportunidades.
Tenho algumas ideias – mas é preciso gente que as implemente com denodo.
Sei o que custa terminar um programa de rádio por razões financeiras ou falta de patrocínio… quanto mais uma estação de rádio – melhor, e mesmo que fosse apenas isso: uma emissão com a chancela regional numa estação que era nacional.
JCL, temos de deitar mãos à obra, companheiro!
É a tua vez – e contas comigo.