Na semana passada, dois acontecimentos, quase simultâneos, abalavam o burgo. As forças de segurança, em manifestação, subiam a escadaria da Assembleia da República e, na Aula Magna, algumas personalidades, juntavam-se para uma defesa pública da constituição.

Sobre o primeiro, as forças de segurança, alguns considerandos. O primeiro, creio que toda a gente o pensou, é a questão: e se fossem outros os manifestantes, a forçar a barreira policial e a subir a escadaria? Será que não estaríamos a falar de uma carga policial? Ou da falta de civismos dos manifestantes? Não discuto aqui as razões da manifestação, mas discuto os acontecimentos. As forças de segurança, nunca deixando de ser cidadãos, exercem uma função que as expõe publicamente, essencialmente, no que diz respeito ao cumprimento de regras. E a verdade é que foi criado o precedente: a partir de agora, todos podem derrubar as barreiras policiais e subir as escadas. Mesmo que seja de forma simbólica, como foi argumentado. Até porque, teve consequências esse acto. Foi exigida a demissão do director da polícia. Assim, talvez o subir da escadaria tenha como consequência o rolar de cabeças… até ao ministro!
Já na Aula Magna, outra manifestação decorria. O motivo, a defesa da constituição, juntou algumas personalidades de espectros políticos distintos. Muito do que foi lá dito não chegou à maioria do público. E o que saiu, foi em forma garrafal para título de jornais. Acredito em alguns excessos de linguagem, mas não acredito em apelos à violência. Os discursos apontaram, todos, para um descontentamento generalizado da sociedade portuguesa. É isto algo de novo? É algo de novo que o descontentamento da sociedade é potencialmente degenerativo em manifestações violentas? Não. Todos ligamos as TV’s e assistimos a esse facto diariamente. Apelar para essa evidência, não me parece que seja um apelo à violência. E, todavia, o motivo era a constituição. No entanto, não vejo as virgens ofendidas pela Aula Magna, vir a terreiro defender a violência que tem sido exercida sobre a constituição e sobre o Tribunal Constitucional! Quando Durão Barroso ataca o Tribunal Constitucional na cara de Passos Coelho e este nem tuge nem muge, vemos onde está a violência. Entendo que a constituição seja um empecilho para a doutrina ultraliberal. Mas se a atacam tanto, porque se admiram com os que a defendem? O que me entristece, é aquele que jurou defendê-la, assobie para o lado.
E o orçamento foi aprovado. A única novidade é que não houve aplausos no final. Foi aprovado com os votos do PSD e do CDS. Votaram contra, o PS, o BE, o PCP, Os Verdes e o deputado do CDS da Madeira.
O ministro Crato mostrou hoje as duas facetas deste governo. Numa, em que colocou o lápis na orelha, tipo marceneiro, como se numa inscrição para uma corrida de solidariedade se tratasse, afirmava que já tinha mais de 30 mil inscrições! Referia-se à inscrição para os professores contratados. Uma festa! Mas ainda eram poucos e, portanto, foi alargado o prazo de inscrição (não esqueçam que são 20 euros cada). A outra, referindo-se ao diálogo ou não diálogo, com os reitores, afirmou tentar resolver o problema do financiamento, dizendo que os reitores fizeram as contas e que faltavam 30 milhões de euros, que tinham sido acordados no final de Agosto. Mas disse que ele não sabia, que não tinha feito as contas (para matemático fica-lhe mal) e, remata, mas o orçamento do estado já está aprovado! Está tudo dito em relação ao diálogo e à resolução do problema. Este homem é tudo e o seu contrário!
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Qual defesa da Constituição !!! Estavam todos na defesa dos interesses de ELES. somente D`ELES, A CONSTITUIÇÃO, não sera preciso ser defendida mas sim APLICADA mas em todas as direções. Estes BURGUESES da Aula Magna querem, é deitar poeira para os Olhos do ZÈ, para estes não verem o que esses Senhores fazem ou melhor dizendo o que NÃO FAZEM.