ALVERCA DA BEIRA (PINHEL) – Ao conceder forais a determinadas aldeias, o Rei reconhecia a sua importância para a defesa do território nacional. No caso de Alverca a razão para a efémera criação do concelho nada teve a ver com a defesa do território Este concelho, teve uma duração curta, de apenas algumas dezenas de anos.
![Pelourinho de Alverca da Beira (foto: D.R.)](https://i0.wp.com/capeiaarraiana.pt/wp-content/uploads/2024/12/SemanarioRegional_20241210_PelourinhoAlvercaBeira_1000x666_01.jpg?resize=768%2C511&ssl=1)
Alverca da Beira é uma freguesia do concelho de Pinhel. Localiza-se na parte mais ocidental desse concelho, e confina com o concelho de Trancoso a quem já pertenceu enquanto freguesia, na encosta do Outeiro.Ladeando os limites da freguesia, circulam dois cursos de água Ribeiras de Pega e de Massueime que, correndo de sul para Norte, vão juntar-se ao Rio Côa que como se sabe ladeia o concelho de Pinhel antes de entrar no de Vila Nova de Foz Côa.
O brasão de Alverca da Beira reproduz no essencial as características de um concelho, com as suas 4 torres e no centro um pelourinho, sendo os restantes elementos ligados a actividades próprias da localidade.
Alverca da Beira é vila desde o tempo de D. José I, em 21 de Março de 1769
O concelho só foi criado muitos anos depois de a localidade ter sido elevada à categoria de Vila. Nessa altura, a localidade pertencia ao concelho de Trancoso com o nome de Santa Maria de Alverca.
O concelho só foi criado em 1836 em plena época das reformas liberais e, nessa altura foram-lhe anexadas as freguesias de Avelãs da Ribeira do concelho da Guarda, Bouça Cova, Cerejo, Ervas Tenras e Freixedas do concelho de Pinhel.
Tendo sido a povoação elevada à categoria de Vila, mesmo sem ser concelho, denota que esta terra possuia um desenvolvimento económico provavelmente muito superior ao das terras vizinhas. A criação deste concelho, para além de ter ocorrido numa altura em que há muito se tinham consolidado as fronteiras, a guerra da restauração tinha acabado também há vários anos, não pode ter tido motivações de natureza defensiva e fronteiriça como de resto aconteceu com a generalidade dos concelhos de RibaCôa.
Na verdade, mesmo em termos defensivos, este concelho já ficava a muitas léguas da fronteira. Por isso, não deixa de ser estranho que, numa altura em que se iniciava a cruzada pela reforma administrativa dos concelhos, e que invariavelmente levava à extinção de muitos, se tenha criado este.
![Antigo concelho de Alverca da Beira](https://i0.wp.com/capeiaarraiana.pt/wp-content/uploads/2013/11/2.jpg?resize=250%2C403&ssl=1)
Isto é: numa altura em que se eliminavam por agregação, os concelhos mais pequenos, era criado o concelho de Alverca da Beira.
Especula-se que a criação do concelho teve por base também a influência que determinadas famílias exerceram sobre o poder do rei. Pode ter existido qualquer relação desse tipo mas parece pouco provável que apenas isso pudesse determinar a criação de um concelho.
O concelho foi extinto em 1853 e as freguesias que o compunham voltaram aos municípios de origem.
O pelourinho de Alverca da Beira, provavelmente foi construído quando a localidade foi elevada a concelho. Já no século XX em 1940, o pelourinho foi objecto de obras de restauro por parte da Junta de freguesia. Este pelourinho é um imóvel classificado de interesse público, e cuja descrição consta [aqui]
Pelourinho de Alverca da Beira
Este pelourinho, ao contrário de outros mais antigos já não deve ter sido local de castigos fisicos pois com a reforma liberal essa prática foi banida da justiça municipal. Casos houve em que os pelourinhos foram danificados precisamente por serem associados a práticas de tirania.
A reforma administrativa das freguesias operada em 2013 agrupou a freguesia de Alverca da Beira com a de Bouça Cova numa nova unidade territorial a que se chamou União de freguesias de Alverca da Beira/Bouça Cova com sede em Alverca da Beira… [aqui]
![](https://i0.wp.com/capeiaarraiana.pt/wp-content/uploads/2013/11/4.jpg?w=768&ssl=1)
Na zona, existe a barragem de Bouça Cova, alimentada pela bacia hidrográfica da ribeira de Cerejo e cuja água se destina a aproveitamento agricola e abastecimento local.
A localidade, e mais concretamente a região envolvente possui paisagens de grande beleza que apenas vendo se podem avaliar. Dizer que é bonito é uma coisa, sentir o ar e a envolvente quando avaliamos a beleza é um despertar de sensações que apenas aqui se têm.
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
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