VILAR MAIOR :: Ao conceder forais a determinadas aldeias, o Rei reconhecia a sua importância para a defesa do território nacional. Quando essas aldeias entretanto concelhos, perderam essa importância, foram extintos os concelhos. É importante, é necessário, é justo, reavivar a memória dos mais esquecidos.

A aldeia de Vilar Maior fica situada numa elevação a nascente do rio Côa e a oeste do Rio Cesarão, tendo sido durante muitos anos uma povoação leonesa isto é pertencia ao Reino de Leão.
Terá sido Afonso IX de Leão a conceder a Vilar Maior o primeiro foral a que na altura se chamou Carta de Povoamento. Na verdade, a estratégia seguida por Portugal na margem esquerda do Côa, também era acompanhada no lado direito do rio por estratégia semelhante. Fortificava-se e concediam-se direitos, para garantir o povoamento e a ocupação do território.
Vilar Maior foi sede de concelho desde 1296 tendo-lhe sido dado foral por D. Dinis em 17 de Novembro desse ano, altura em que aquele rei a terá conquistado. No entanto e formalmente, apenas após o tratado de Alcanises em 1297 este concelho passou a integrar o território de Portugal. Muito embora tenha havido uma preocupação em construir o Castelo cujas obras se terão iniciado logo a seguir a verdade é que, com aquele tratado, que conduziu à paz entre os dois reinos, a construção de instalações de defesa deixou de ser tão premente como o era quando os conflitos eram permanentes, principalmente nas zonas de fronteira indefinida.
No entanto foi-lhe atribuído em 1440 o privilégio de couto de homiziados com vista a incrementar o povoamento. Estes coutos eram uma espécie reservas onde se podiam cumprir algumas penas determinadas pela justiça, restringindo a liberdade de movimentos aquela zona. A intitucionalização destes coutos acabavam por garantir a ocupação do território e também o seu povoamento. Existe sobre o tema dos coutos de homiziados um trabalho pormenorizado, da autoria de Maria Garcês Ventura, editado pela Faculdade de Letras de Lisboa, sobre o assunto que pode ser consultado (aqui).
Em 1510 a Vila recebeu foral de D. Manuel I, como a generalidade das povoações desta zona.
O concelho era constituído pelas seguintes freguesias: Malhada Sorda, Nave de Haver, Aldeia da Ribeira, Badamalos, Bismula, Vilar Maior e Poço Velho.

Em 1836, no início do liberalismo, foram-lhe anexadas as seguintes freguesias provenientes do concelho de Alfaiates que entretanto foi extinto: Aldeia da Ponte e Forcalhos, Alfaiates, Rebolosa, Seixo do Côa, Vale das Éguas, Ruivós (então parte de Vale das Éguas) e Vale Longo.
Quando o concelho foi extinto, as suas freguesias transitaram para o concelho do Sabugal em 1855. E posteriormente, duas delas, passaram do Sabugal para o de Almeida.
Como concelho que era também Vilar Maior teve e tem o seu pelourinho, provavelmente construído na data em que D. Manuel lhe atribuiu o foral em 1510. Este pelourinho foi considerado imóvel de interesse público e a sua descrição pormenorizada consta… [aqui].
Consta igualmente do levantamento efectuado pela Academia Nacional de Belas Artes em 1935… [aqui].

Vilar Maior, enquanto concelho, e vila, possuía e possui um brasão com 4 torres, característico dos Municípios. Os elementos do brasão, reflectem fortificação da povoação e as águas dos rios que a ladeiam.Vilar Maior é uma povoação que possui vários monumentos e outras obras de arte que merecem uma visita. Não podemos esquecer-nos que esta povoação assim como muitas outras da zona que durante muitos anos foram o destino do primeiro embate entre os Reinos de Portugal e de Leão quando se tratava de consolidar as fronteiras. E esses embates por norma provocavam a destruição de quase tudo. É também por isso que o património, o que restou, destas terras, que são as nossas é tão valioso.
O castelo de Vilar Maior é um imóvel classificado como de interesse público constando a sua descrição pormenorizada… [aqui].
Na envolvente do Castelo foi efectuada uma obra pretensamente destinada a garantir o acesso a pessoas com mobilidade reduzida que, diga-se de passagem, duvido que possa cumprir essa função, e na minha opinião não se encontra minimamente enquadrada com o imóvel a que supostamente se pretende aceder… [aqui].
Ainda sobre o castelo de Vilar Maior existe um trabalho enquadrador da época da sua construção da autoria de José Alexandre Ribeiro de Sousa que vale a pena ler… [aqui].
Como forma de dinamizar a visita dos castelos na área do Município do Sabugal, a Câmara Municipal preparou um roteiro multimédia que abrange os cinco castelos existentes, entre os quais se inclui o de Vilar Maior… [aqui]
A ponte romana sobre o Rio Cesarão, no limite da localidade, permite o acesso a Vilar Maior, tendo sido classificada como é um monumento de interesse público… [aqui].
Trata-se de uma obra executada em cantaria de granito, que a região da beira raiana é uma rocha muito abundante. Nesta ponte, a traça original tem-se mantido ao longo do tempo, incluindo as guardas que são igualmente em granito embora necessite de obras de limpeza e conservação.

A reforma administrativa de 2013 agrupou a freguesia de Vilar Maior Badamalos e Aldeia da Ribeira numa nova entidade administrativa (uma autarquia local) a que chamou União das freguesias de Vilar Maior, Badamalos e Aldeia da Ribeira, fazendo parte do concelho do Sabugal… [aqui]
Lendas e tradições são coisas que não faltam numa terra do calibre de Vilar Maior… [aqui] e… [aqui].
Vilar Maior tem a sorte de ter entre os seus filhos o administrador e alimentador de um blog onde tem divulgado quase tudo o que naquela região existe… [aqui]
Esta localidade, para além das festas e romarias de que ao longo do ano é palco, é especialmente participada a «reprodução ao vivo» da paixão de cristo que por norma acontece na sexta-feira Santa. Tem a particularidade de os diferentes actores que participam serem todos amadores e por norma pessoas residentes em Vilar Maior e terras vizinhas. É usual ser destacada em vários órgãos de comunicação social, principalmente regionais. Este ano mereceu destaque neste órgão regional… [aqui]
Visitar Vilar Maior é quase que um dever de todos os naturais da zona raiana por tudo o que representa. Mas também para quem ali não nasceu, certamente será surpreendido com uma paisagem que é a todos os títulos especial.
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
Muito obrigado ao autor de opinião, José Fernandes (Pailobo)e ao editor Leitão Batista, por esta magnifica divulgação velha Vila de Vilar Maior.
Antonio Cunha