Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos JOGO DA AGULHA e JOGO DA MALHA.
JOGO DA AGULHA – jogo infantil, que consiste num diálogo, repetindo uma cantilena três vezes (a rir, a chorar e a rir e a chorar ao mesmo tempo), segurando uma agulha de pinho na mão (Júlio António Borges).
JOGO DA ARRAIOLA – jogo em que se atira uma moeda para um risco (ou raia) traçada no chão ou numa tábua. A designação deste jogo tem muitas variantes, consoante as terras, se não vejamos: José Pinto Peixoto, da Miuzela do Côa, chama-lhe raioila; Júlio Silva Marques, de Vilar Maior, escreve arraioila (e explica que o vocábulo vem do Castelhano – rayuela); Maria José Ricárdio Costa, de Aldeia do Bispo, refere raoula. Franklim Costa Braga, de Quadrazais, chama-lhe raibile. Por sua vez Leopoldo Lourenço, do Freixo, chama jogo do cão ao jogo da arraiola.
JOGO DA BABONA – jogo infantil em que se esconde um anel nas mãos, cabendo aos jogadores adivinhar quem o tem, entoando uma cantilena (Júlio António Borges).
JOGO DA BARRA – jogo tradicional, que consiste em arremessar um ferro à distância; o m. q. jogo do ferro. Para Franklim Costa Braga e Maria José Bernando Ricárdio Costa é o jogo em que cada jogador tenta atirar uma pedra grande o mais longe possível.
JOGO DA BERLINDA – jogo infantil que consiste em adivinhar as escolhas dos outros (Júlio António Borges).
JOGO DA BIGÓRNIA – jogo de rapazes (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho).
JOGO DA BOINA – jogo de rapazes, em que um coloca a boina dentro de uma raia e guarda-a dos outros, que a tentam tirar a pontapé (Franklim Costa Braga).
JOGO DA BOLADA – consiste em atirar uma bola, a modo de pedrada, ao jogador que estiver a jeito, procurando cada qual livrar-se de ser atingido e de se apoderar da bola para a atirar aos outros (Franklim Costa Braga).
JOGO DA BORBOLETA – jogo infantil em que os jogadores formavam duas rodas (uma dentro da outra), correndo em sentido contrário e entoando uma cantilena (Júlio António Borges).
JOGO DA CABRA-CEGA – jogo infantil em que são vendados os olhos a um jogador, que tem que agarrar um dos outros e adivinhar a sua identidade.
JOGO DA CAGANITA-RITA – jogo infantil (Júlio Silva Marques).
JOGO DA CARAPELA – jogo tradicional, também designado por jogo da pelota, em que os rapazes arremessam uma bola de trapos contra uma parede.
JOGO DA CHINA – jogo de raparias que se joga com cinco pedrinhas (Francisco Vaz).
JOGO DA CHONA – jogo tradicional, disputado entre rapazes. Manejando um pau comprido bate-se noutro, mais curto, enviando-o para longe. O vencedor tem direito a uma cavalgada nas costas do vencido. Nalgumas terras chamam-lhe bilharda e noutras pata. Júlio António Borges refere abelharda. Franklim Costa Braga refere que em Quadrazais se diz jogo da tchoiné e que há algumas variantes deste jogo, utilizando os mesmos instrumentos: a raia, o bolarão e os malhões. Nas terras do Campo (Monsanto) dizem bilharda e o jogo consiste em fazer entrar um pequeno pau num círculo traçado no chão, por meio de pancada com outro pau (Maria Leonor Buescu).
JOGO DA CORDA – jogo de meninas, que consiste em saltar à corda, evitando tocar-lhe com os pés (Franklim Costa Braga).
JOGO DA ESCOVINHA – jogo de cartas (Rapoula do Côa).
JOGO DA ESTÁTUA – jogo infantil que consiste em, a uma ordem, todos os jogadores se imobilizarem na posição em que se encontram, perdendo aquele que se mova primeiro (Júlio António Borges).
JOGO DA FUSTIGADA – jogo infantil (Júlio Silva Marques).
JOGO DA GARROCHA – jogo que se pratica com uma vara (garrocha).
JOGO DA MACACA – jogo infantil em que se riscam casas (rectângulos) no chão e a criança atira uma pequena pedra para a primeira casa e desloca-se até lá ao pé-coxinho apanha a mesma e volta para trás. Efectua o mesmo processo até chegar ao último patamar, fazendo depois o percurso contrário.
JOGO DA MACHADINHA – jogo infantil em que as raparigas formam uma roda e dão-se as mãos, andando à volta a cantar uma canção (Júlio António Borges).
JOGO DA MÃEZINHA DÁ LICENÇA – jogo infantil em que uma rapariga faz de mãe enquanto os outros jogadores, pedindo-lhe licença e perguntando-lhe quantos passos podem dar, avançam para ela, ganhando o que chegue primeiro (Júlio António Borges).
JOGO DA MALHA – jogo em que quatro jogadores (dois por equipa) lançam chapas ou pedras redondas e lisas (as malhas), tentando derrubar um pequeno pau (o fito) que está empinado do outro lado. Também se chama jogo do fito.
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Pelos vistos, os nossos jogos no Casteleiro eram poucos destes e muito outros.
Destes referidos pelo autor, conheço: JOGO DA CABRA-CEGA, JOGO DA CHONA (dizíamos: «jogar à tchôna»), JOGO DA CORDA, JOGO DA MALHA. E havia o JOGO DA ARRAIOLA, mas dito assim: «Vamos jogar à raioula».
Dos outros jogos, não sei. Mas havia os seguintes:
Para as meninas: Cantigas de roda, Jogo do Anel, Jogo do Descanso, Jogo da Berlinda («Estás na porque és uma grande mentirosa»). E ainda: jogar à cantarinha, ao anel e ao lenço.
Para os rapazes: jogar ao Burro, à Brotcha, jogar Futebol, ao pião, andar «de» arco, jogar às escondidas.
Já escrevi sobre esta matéria no «Capeia» há dois anos, aqui: https://capeiaarraiana.pt/tag/jogos-tradicionais/