A promiscuidade dolosa entre alguns dirigentes da política e da justiça, muitas vezes fundidos nas mesmas pessoas, tornaram Portugal num inferno para a maioria dos honestos cidadãos e num paraíso para uns tantos aldrabões e despudorados.
É preocupante verificar que alguém suspeito de cometer um crime possa ser absolvido em fase prematura da investigação, pelo facto de gozar de cobertura diplomática, ou porque o produto dos seus crimes lhe permite comprar os agentes privados da justiça, cuja influência e meios empregues se sobrepõem aos do Estado.
Alguns males de que enferma a nossa justiça permitem concluir da sua existência, a qual tem merecido o crédito das instituições da União Europeia, da qual fazemos parte. É evidente, que os órgãos de polícia criminal e os tribunais, peças fundamentais do sistema judicial, tal como outras instituições públicas vitais, têm sido vitimas dos magarefes do (des)governo e vão, drasticamente, reduzindo as suas virtudes e definhando, face ao poder do sector privado da justiça. Ou seja, para o lado dos representados pelas excêntricas sociedades de advogados, a justiça funciona e garante todos os direitos, até o de indirectamente produzirem prova e ditarem as sentenças.
Nada de bom se pode esperar quando se verifica que na teia dessas sociedades de advogados estão muitos dos ex e actuais Ministros e Secretários de Estado. Isto para referir os recentes incidentes diplomáticos provocados pela imoralidade do ministro, melhor dizendo, do sinistro dos negócios estrangeiros, que despudoradamente não respeitou a separação de poderes e violou o segredo de justiça.
Ao melhor jeito das repúblicas das bananas, e sobre um processo em investigação, segundo a Digníssima Procuradora Geral da República, o sinistro declarou que as altas figuras angolanas, envolvidas num processo crime em Portugal, tinham cometido actos que não eram dignos de relevo, sem grau de gravidade, para além do mau preenchimento de burocracias.
Estas palavras, para além de mostrarem uma ingerência intolerável do poder político no poder judicial, mostram a fragilidade do nosso sistema quanto à violação do segredo de justiça. Pergunto, como é possível que um elemento do governo divulgue o que se está a passar num processo sob investigação criminal e dite logo a sentença sobre a gravidade dos actos? a resposta pode estar no facto desse sinistro elemento do (des)governo pertencer à sociedade de advogados que defende as altas figuras sob investigação.
Não é de admirar que a violação do segredo de justiça de que Portugal é acusado tenha sido propositadamente praticada por pessoas ao serviço dessa sociedade de advogados, com o intuito de descredibilizar o nosso sistema judicial e criar manobras de diversão para mais uma vez a culpa morrer solteira.
O mais grave é que não é fulano ou sicrano que é achincalhado, mas sim o Estado Português. Sem que o processo tivesse sido concluído, o sinistro declarou que estava em Angola para informar as autoridades angolanas, pedir desculpa e perceber o que é que aconteceu do lado do Ministério Público.
Ora, para qualquer cidadão que leia o Código Penal, estas palavras configuram um crime contra o Estado, nomeadamente, o de «Infidelidade Diplomática». Já se sabe que as altas figuras angolanas não serão pronunciadas, mas o senil Machete fica com o ónus de ter cometido mais um crime, para além das mentiras ao parlamento. A questão é que mais uma vez se verifica que o sistema é quase perfeito, pois o procedimento criminal para este crime depende de participação do governo português, e assim sendo é mais um crime branqueado e é caso para dizer: «A lavandaria Lusa lava mais branco.»
Aproveito para colocar ligação a notícia de general angolano condenado no Brasil por crime de tráfico de mulheres, cujo roteiro inclui Portugal (Aqui.)
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«Estádio Original», opinião de Luís Marques Pereira
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