O autor desta modesta missiva, dá pelo nome de Agostinho Pires, natural das Batocas, freguesia de Aldeia da Ribeira, e que, ainda bebé, foi residir para o lugar e freguesia limítrofe de Aldeia da Ponte, desse concelho, onde tem suas raízes, cresceu e se fez homem, para depois, mais tarde, vir ingressar no Ministério das Finanças, onde foi funcionário da D.G.C.I., evoluindo na sua carreira profissional para Chefe de Repartição de Finanças, prosseguindo, através de convite, para Inspector da Inspecção-geral de Finanças, o que lhe permitiu, por força da sua profissão, peregrinar por esse País fora para fazer inspecções, inquéritos e processos disciplinares nos mais diversos Serviços Públicos, incluindo Repartições de Finanças e Câmaras Municipais, para depois se aposentar, e, por via do casamento, ter fixado a sua residência em Santa Comba Dão.
O signatário conhece, desde tenra idade, o Dr. Manuel Leal Freire, o qual, não obstante ser natural do lugar e freguesia da Bismula, residiu, quando jovem, durante alguns anos, em Aldeia da Ponte, onde começámos a enraizar uma amizade que se viria a prolongar, posteriormente, pela vida fora, sedimentada, pela minha parte, num reconhecimento de admiração pelas muitas e invulgares qualidades evidenciadas pelo Dr. Leal Freire através de uma esclarecida inteligência e de a uma espantosa memória, que lhe viriam a servir de caboucos para alicerçar uma incomensurável cultura, arquitectada por uma elevada capacidade de trabalho e incansável labuta diária, que proporcionaria, de, quanto a ELE, se poder afirmar, convictamente, estarmos em presença de uma autêntica enciclopédia ambulante, nas artes, nas letras, nas ciências, conhecimentos esses que, a sua avançada idade, mais avivam e aumentam. Simplesmente espantoso.
É um exemplo de trabalho e força de vontade para os mais novos, em relação ao qual o «curriculum» da sua vida de 85 anos de idade dá pleno testemunho. Senão vejamos:
O Dr. Manuel Leal Freire, ao longo dos seus anos, para além de competentíssimo professor, sábio e contundente advogado, brilhante e telúrico poeta, portentoso escritor, e estudioso etnógrafo, foi o primeiro Presidente da União das Misericórdias em Portugal, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e, ainda, Mesário em 35/37 das Misericórdias, para além de Mandatário do General Ramalho Eanes para a Presidência da república, e actualmente, para além de outras actividades, Director da Associação Cultural Amigos do Porto, sendo sobretudo, alguém que ama as suas origens, um autêntico «vergalhudo» raiano da orla ribacudana Sabugalense, por quem lhe bate o coração em vida, e, certamente, o descanso eterno da alma na morte.
Mas, o Dr. Manuel Leal Freire, para lá da multiplicidade das suas actividades profissionais no foro, na docência, na gestão do património rural da família, é presença continuada na sociedade civil e na produção literária. Tem milhares de artigos esparsos por jornais e revistas, a sua obra em livro espelha cultura multiforme.
Vejamos alguns títulos. Em verso: Sementes na Rocha Nua, Pátria-Mátria-Terra-Patrum, Cantigas da Pátria Chica. No domínio da Etnografia: Por Terras do Sabugal, Ribacoa em Contraluz, Contrabando Delito mas não Pecado. Publicou também: O Regime das Empreitadas de Obras Públicas, As Misericórdias e as IPSS em Geral na História, na Legislação, na Jurisprudência e na Prática Administrativa, Do Contrato de Serviço Doméstico e Trabalho Rural, Código de Processo do Trabalho, Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, Da Protecção na Maternidade, as quatro últimas de colaboração com Guilhermina Leal. Pêro da Covilhã e Por Uma Filosofia Portuguesa (colab.) são outros títulos do autor, com intervenção cívica e cultural em dezenas de instituições: Os Amigos do Porto, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Associação Portuguesa de Escritores, Clube Fenianos Portuenses, Casa da Beira Alta, Federação das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto… É membro de organizações de produção e difusão agro-económica: Federação dos Produtores de Queijo da Serra da Estrela, Adega Cooperativa de São Paio, União das Adegas Cooperativas do Dão, Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Gouveia, Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, Confrarias do Queijo da Serra da Estrela, do Queijo de São Jorge, do Bucho Raiano e del Queso de Cantábria.
O Dr. Manuel Leal Freire foi e é o raiano Sabugalense que mais sabe e melhor tem escrito para, através da comunicação social, relevar e espalhar a cultura, os usos e costumes das terras do seu concelho, servindo-se para tanto, não só de livros, por Ele editados, de revistas e jornais, como também da sua presença física em reuniões e assembleias feitas nos mais diversos areópagos espalhados por esse país fora, carregando com o peso das saudades pelas terras ribacudanas e suas gentes, que conhece como ninguém.
Na plena convicção de que, o por nós aqui posto a descoberto, é o espelho do sentir de todos quantos conhecem a pessoa do Dr. Manuel Leal Freire, e que a maioria dos habitantes do concelho do Sabugal e não só, de uma maneira ou de outra, têm visto e/ou ouvido falar na frontalidade das posições, escritas ou verbais por Ele assumidas, sem peias ou subterfúgios, na defesa e expansão dos valores materiais e/ou sentimentais do concelho e terras ribacudanas que tanto preza e ama.
Perante o referido, e tudo mais que não será difícil de adivinhar nas entrelinhas, sem necessidade de recorrer a um qualquer sinédrio, se nos for permitido, e por nos parecer mais que justo, com o devido respeito:
Ousamos lembrar, sugerir e pedir a V. Ex.ª, como Digno Presidente do Município do concelho do Sabugal que, numa perspectiva de nunca ser tarde para reconhecer o mérito de Alguém, tanto mais que a ingratidão que responde à chamada pela voz do silêncio é a maneira mais covarde de voltar as costas à Justiça e ao Dever Moral, se digne homenagear senão mesmo perpetuar a figura egrégia, veneranda e ímpar do conterrâneo Dr. Manuel Leal Freire.
Esperando a boa aceitação e o melhor acolhimento de V. Ex.ª, fica-lhe reconhecido, com protestos da mais elevada consideração, um raiano que, à semelhança do Dr. Leal Freire, também procura, dentro das suas limitações, lutar pela justiça, na defesa das suas convicções, em prol da verdade, da terra e concelho onde tem suas raízes, que muita ama e não esquece, mas que a distância, por força de circunstâncias da vida, vai convertendo num mundo de SAUDADES.
Agostinho Pires
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Este texto de Agostinho Pires, foi-nos enviado como comentário ao artigo «Gente nossa – Dr Manuel Leal Freire», de Pinharanda Gomes… (aqui.)
Entendemos porém, pela sua relevância, dar-lhe o merecido e devido destaque, publicando-o autonomamente. Temos o endereço de Agostinho Pires, que poderemos facultar a quem o pretenda contactar acerca desta matéria.
Também nós subscrevemos a proposta de homenagem a esse homem singular, de resto colaborador empenhado do Capeia Arraiana, que é Manuel Leal Freire.
plb e jcl
Mestre Leal Freire:
As suas palavras, as palavras que nos transmite, não defendem uma moda, uma ideologia, nenhum negócio, nem muito menos uma campanha eleitoral, são palavras que dão à vida humana um sentido profundo e duradouro.
Bem Haja, Mestre.
Quero também manifestar a minha admiração pelo Dr. Manuel Leal Freire, um ilustríssimo conterrâneo, parente e amigo. Admiro a sua vastíssima cultura, a sua extraordinária memória, a sua simpatia e a grande capacidade de trabalho nos mais variados domínios. Parabéns pela homenagem que lhe vai ser prestada. É justa e merecida.
Junto, desde já, a minha homenagem a Jesué Pinharanda Gomes, Manuel António Pina e Maria Máxima Vaz, grandes expoentes da nossa cultura a quem devemos manifestar, HOJE, não logo, amanhã…a nossa admiração, gratidão e alegria por pertencermos à mesma época que eles ajudam a ser mais bela …e há mais pessoas notáveis no concelho, dignas do nosso reparo e homenagem especiais…
Subscrevo inteiramente o texto e fico satisfeito pela homenagem justa que o Município do Sabugal lhe vai prestar com toda a justiça, a um HOMEM, meu conterrâneo e familiar, que há muitos anos admiro muito a sua Literatura e sou leitor assíduo dos seus escritos. Parabéns!
Para que conste, em reunião extraordinária de 6 de Setembro deste ano foi aprovada pelo Município a atribuição da medalha de mérito cultural ao Dr. Manuel Leal Freire. Esta proposta foi seguidamente ratificada em Assembleia Municipal de 13 de Setembro.
A mesma será, salvo informação em contrário, entregue ao homenageado a 10 de Novembro de 2013.
Fico satisfeito por verificar que esse grande Homem, meu conterrâneo da Bismula, e colaborador regular do Capeia Arraiana e confrade honorário da Confraria do Bucho Raiano, vai ser finalmente homenageado pelo Município Sabugalense.
Caros Paulo e Ramiro.
Mais vale tarde do que nunca.
Felizmente que o movimento confrádico, e não só, (re)deu a conhecer um Homem esquecido por alguns. Na sequência, aliás, de personalidades como Jesué Pinharanda Gomes, Manuel António Pina ou Maria Máxima Vaz, ilustres «desconhecidos» ou «esquecidos» pela «jurisautoridade político-económica dos senadores sabugalenses». Inevitavelmente vem-me ao pensamento o livro Fahrenheit 451 que podia ser adaptado por qualquer regime concelhio da actual lusitânia. Nesse tempo ainda não havia anónimos prazeres online nem secretas e ácidas crónicas escondidas passadas para nos queixarmos no presente.
Há frases míticas no concelho do Sabugal e uma delas é representativa do pensamento de quem sabe:
«Eu não vou lá mas sei tudo o que lá está!» Lapidar.
Até ao dia em que esta fonte deixe de brotar e todos se alimentem, exclusivamente, da cultura graminês com arroz com feijão.
E já agora aqui fica o meu estado de espírito com a ajuda da voz extraordinária da fadista Ana Moura:
obs: Albufeira continua simpática e hospitaleira em qualquer altura do ano.
José Carlos Lages
Gosto muito do Sr. Dr. Leal Freire e li o texto acima com atenção, não está correcto, diz que foi presidente da UMP ,não está correto,creio eu, que fez parte do Secretariado Nacional da União, mas o presidente e fundador era o Dr. Virgilio Lopes, de quem era amigo, foi nas assembleias nacionais que o conheci, tem sempre uma quadra popular na ponta da lingua.