Para além de cinco séculos de história comum, Angola e Portugal gozam do primordial dos elos de união – a comunidade de língua.

O poeta intuiu o primeiro daqueles síndromas num soneto de algum modo profético:
El-Rei de Portugal é rei do Congo
Os reinos uniu-os um padrão
Do Tejo ao Zaire não é caminho longo
Um homem o encurtou Diogo Cão
Logo de seguida, Dom João II, o Príncipe Perfeito, expoente máximo do ecumenismo universal, chamou a si a missão de padrinho dos filhos do soberano congolês, assim trazidos à fé de Cristo, hoje seguida pela generalidade da população angolana.
As ligações reforçam-se ainda pela reciprocidade do intercâmbio comercial e do investimento também recíproco, fornecendo uma das partes aquilo de que a outra carece.
O excesso de divisas em Angola tem sido um poderoso auxílio à nossa escassez de moeda.
Assim, quadruplamente cimentada, a ligação resiste a todos os possíveis ataques e intentos de dissensão.
Como há mais de dois séculos acontece com o Brasil, as relações com Angola são intocáveis. Os possíveis e porventura mal ensaiados incidentes não passarão nunca de arrufos de namorados.
A língua comum é um indestrutível factor de identidade. Como a História que vem do tempo em que Diogo Cão implantou um padrão no areal moreno e para diante navegou, traçando inapagáveis coordenadas.
Ou a água lustral mandada derramar sobre os inocentes príncipes do Monomopata, iniciando assim uma cruzada de cristianização.
Como os milhões investidos em Portugal por esse símbolo da Angola nova que é Isabel dos Santos e que nos remoçam financeiramente. A nossa função é atraí-los, capta-los e pô-los ao serviço da Comunidade.
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«Caso da Semana», análise de Manuel Leal Freire
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