O grande surto migratório que quase deixou despovoadas todas as aldeias do concelho e o retorno massivo que se centra entre finais de Julho e princípios de Setembro levou a que a generalidade das nossas romarias ocorra por meados de Agosto.

Anteriormente, o pico era no dealbar do Outono. Esperava-se pelo fim das colheitas e pela realização das feiras em que se vendiam as crias do gado – o São Mateus, no Sabugal, o São Francisco, na Guarda…
O trabalho esmorecera, apenas se indo dando início às sementeiras do centeio e só por parte dos mais azougados, daqueles que seguem o rifoneiro – semeia-me em pó e de mim não tenhas dó.
No bolso tilintavam algumas moedas ou bailavam mesmo algumas notas – veniaga de uns alqueires de feijão ou gravanços, de umas arrobas de batatas, de um macho, uma mula, um potro, um burreco ou burranco…
Havia tempo, meios e vontade de festejar.
Hoje, pode dizer-se que essas romarias tradicionais desapareceram, por passada a euforia de Agosto com o retorno aos países de emigração.
Duas resistem e daqui saudamos os vilarmaiorenses e os quadrazenhos, por o Senhor dos Aflitos continuar a celebrar-se no primeiro domingo de Setembro e a Santa Eufémia na data assinalada pela Flos Sanctorum.
Como respeitadores dos hábitos avoengos, nós rejubilamos com o sucesso. E Nuno de Montemor, que nas páginas de «Maria Mim» evoca com toda a solenidade o culto dos raianos pelas suas romarias, lá do etéreo onde certamente se encontra, dará acção de graças.
Saudamos também os pequenos lugarejos onde se respeitam datas tradicionais.
Aldeia da Dona, com o Santo Amaro, também celebrado numa anexa da Cerdeira do Côa, a que dá o nome; as Batocas com o Santo Antão, o Carvalhal com o São Marcos.
Uma palavra de louvor para a Rebolosa pela galhardia de que faz revestir o culto de Santa Catarina.
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«O Concelho», história e etnografia das terras sabugalenses,
por Manuel Leal Freire
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