Vivemos um período conturbado da nossa História, quer na área política, pela confusão ideológica, quer na económica. Regressámos aos tempos da pobreza e da miséria semelhantes aos dos finais dos anos cinquenta do século passado, com emigração em todas as direcções, porém hoje são técnicos qualificados que partem deixando o país mais pobre.

Fio da navalha não tem nada a ver com noite das facas longas, porque isso a gente não deixava. Aquilo a que me refiro, são os presentes constantes com que este governo nos tem brindado. Estes embrulhos trazem sempre mensagens cortantes.
Por isso os portugueses têm já o corpo e a alma dilaceradas. Este primeiro-ministro, cujo nome é Passos Coelho, devia chamar-se Passos de Caranguejo, porque anda mais para trás do que para a frente. Está a confrontar, por um lado, os cabeças grisalhas no Parlamento, e, por outro, os idosos reformados e pensionistas. Estes parecem ter a seus olhos reformas de gestores e engenheiros de finanças que constroem bancos rotos, entenda-se banca rota. Fazem contas, como diria um amigo meu: «1000 + 1000 são 120, que a dividir por 3 dá 9.»
Este governo faz lembrar a história do cavalo do quadrazenho que depois de o ter desabituado de comer… morreu.
Para a solução dos problemas do País, dizem políticos, ex-políticos, críticos e comentadores com a competência que lhes advém, a alguns, dos maus serviços que prestaram à sociedade nos cargos que exerceram:
– Façam-se cortes em pessoal, em salários, em serviços prestados à sociedade, mais taxas, sobretaxas, convergências, TSU, pensões de sobrevivência…
São cigarras, doutores dos corredores dos partidos, licenciados nessas madraças.
Como é que um pobre que fica cada dia mais pobre, pode pagar uma dívida que aumenta exponencialmente?
Quem foi o político que defendeu que a economia tinha os seus próprios mecanismos de auto-regulação? Se só houvessem cordeiros… Mas também há lobos!
Porque não se reestruturam institutos públicos, observatórios, fundações, que escapam ao controlo do Tribunal de Contas? Todos sabemos que é para aí que entram os amigos e outros a quem é preciso pagar favores.
Então não se cria riqueza? Postos de trabalho, empresas, fábricas, agricultura, pesca, turismo, calçado, têxteis… Dos milhões recebidos só restam umas auto-estradas que todos pagamos.
Criou-se o mito dos gestores, eles resolvem tudo. Eu aposto mais nos empresários, nos criativos, nos designers, técnicos de marketing e outros que acrescentam mais-valia aos produtos produzidos.
Estamos numa encruzilhada. É o momento de compromissos, para a aquisição de competências no saber fazer, para fomentar o crescimento económico, a competitividade e a criação de emprego.
O país será aquilo que nós queremos que seja, temos o dever de ser participativos, mais proactivos, construtivos contra o imobilismo onde quer que estejamos, contra a pobreza o, desemprego, e o pessimismo.
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«Vivências a Cor», expressão de Alcínio Vicente
Temos de ousar ser simplesmente cidadãos,nada mais,pois é o suficiente.