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Página Principal  /  Abitureira • D. Dinis e Rainha Santa Isabel • Por Terras de D. Dinis  /  D. Dinis – dois filhos legítimos e sete naturais
13 Outubro 2013

D. Dinis – dois filhos legítimos e sete naturais

Por Maria Máxima Vaz
Maria Máxima Vaz
Abitureira, D. Dinis e Rainha Santa Isabel, Por Terras de D. Dinis d. dinis, maria máxima vaz, rainha santa isabel 10 Comentários

O conhecimento que temos, até hoje, acerca dos filhos do Rei D. Dinis, foi obtido a partir dos cronistas e completado com documentos da Chancelaria deste nosso Rei. Não há dúvidas quanto aos filhos que nasceram do seu casamento com a Rainha Santa Isabel. Foram eles, a Infanta D. Constança, que veio a ser Rainha de Castela e o Infante D. Afonso, depois rei de Portugal. E do casamento real não houve mais filhos. Além destes filhos legítimos, teve o Rei D. Dinis sete filhos naturais, que foram: Afonso Sanches, Pedro Afonso, João Afonso, Fernão Sanches, D. Maria Afonso, um segundo Pedro Afonso e mais uma segunda Maria Afonso. Há dois Infantes sobre os quais existem dúvidas, se seriam filhos de D. Dinis ou de D. Afonso III, cujos nomes são: Fernando Afonso e Martim Afonso.

Túmulo de D. Pedro Afonso, 3.º Conde de Barcelos, filho natural do Rei D. Dinis na Igreja de São João Baptista de Tarouca com 3,28 m x 1,78m x 1,22m. Pesa 13 toneladas e tem esculpidas cenas de caça ao javali. Nesta face é caçada a pé. Na face de lá é uma caçada a cavalo
Túmulo de D. Pedro Afonso, 3.º Conde de Barcelos, filho natural do Rei D. Dinis na Igreja de São João Baptista de Tarouca com 3,28 m x 1,78m x 1,22m. Pesa 13 toneladas e tem esculpidas cenas de caça ao javali. Nesta face é caçada a pé. Na face de lá é uma caçada a cavalo

Todos foram legitimados pelo Monarca e criados como nobres de sangue real. Alguns deles tiveram altos cargos e desempenharam importantes funções. Saliento D. Afonso Sanches, que chegou a mordomo-mor, e D. Pedro Afonso, a alferes-mor. Este, veio a ser mais tarde, o 3.º Conde de Barcelos. Foi este Conde, figura notabilíssima da cultura portuguesa, pois se lhe atribui a autoria do Livro de Linhagens, da Crónica Geral de Espanha de 1344 e a compilação de um livro de poesia galego-portuguesa, que é um Cancioneiro Geral onde estão incluídas poesias suas, o qual veio a ser a base dos Cancioneiros quinhentistas da Biblioteca Vaticana e da Biblioteca Nacional.

Afonso Sanches foi sempre considerado o preferido do Rei D. Dinis. Isto motivou a desconfiança do filho legítimo, D. Afonso IV, acusando seu pai de querer deixar o trono a este filho ilegítimo, como já referi anteriormente. Afonso Sanches foi um bom trovador e talvez o rei o estimasse também por se sentir mais compreendido por ele.

Afonso Sanches com sua esposa D. Teresa Martins fundaram o convento de Santa Clara de Vila do Conde, onde jazem sepultados. A comunidade religiosa considerava-os pessoas de grande mérito e santidade. Foi dado início a um processo de beatificação deste casal.

Convento de Santa Clara - Vila do Conde - Capeia Arraiana
Convento de Santa Clara em Vila do Conde

Como nos aparecem dois Infantes com o nome Pedro Afonso, poderá pensar-se que houve alguma confusão e, durante algum tempo, assim se admitiu, mas sabe-se hoje que não foi engano, porque o Conde está sepultado na igreja do Convento de São João de Tarouca e o outro D. Pedro Afonso foi sepultado na Sé de Lisboa.

Às duas filhas naturais foi dado o mesmo nome. A mais velha casou com D. João de Lacerda, filho do Infante D. Afonso de Leão e Castela de que já falei em crónicas anteriores. Relembro que era este Infante o legítimo herdeiro do trono de Castela, neto de Afonso X e do rei S. Luís de França.

Afirmam alguns historiadores que esta Infanta já era nascida, quando o Rei contraiu casamento. Admite-se mesmo que o mosteiro de Odivelas terá sido fundado com o objectivo de aqui recolher esta Infanta, o que não veio a acontecer. Quem, na realidade, veio a viver neste convento, foi a sua irmã mais nova, aqui falecida e sepultada.

As mães destes filhos d’El-Rei, nem todas são ainda conhecidas. Sabemos o nome da mãe de D. Afonso Sanches – D. Aldonça Rodrigues de Sousa. O seu nome vem declarado, pelo Rei, numa doação que fez a este seu filho, de sete casais na freguesia de Santa Maria de Real, julgado de Paiva. Era uma Senhora da alta nobreza e conhecemos a sua família.

A mãe de Pedro Afonso, Conde de Barcelos, é aquela de quem temos mais referências até agora, referências decorrentes dos seus bens e dos seus avultados rendimentos. Chamava-se Grácia Froes, também referida com o nome de Grácia Annes. Pelo lado materno era neta do 3.º alcaide de Atouguia.

Chamo à atenção para o facto de os alcaides serem funcionários régios e não os senhores das localidades ou das regiões. Dos bens de D. Grácia constavam casas em Lisboa, umas junto à Sé, outras junto às Portas do Ferro, uma herdade na Azóia e a ribeira de D. Grácia, no termo de Sacavém. Os documentos esclarecem que D. Grácia deu o nome à ribeira por ser «senhora dela». Há documentos que dizem, concretamente – «era senhora da ribeira de Sacavém». Há quem tenha suposto, erradamente, que D. Grácia viveu em Odivelas, afirmando que aqui nasceu o seu filho Pedro Afonso, Conde de Barcelos, aparentemente confundindo a ribeira de Odivelas, com a ribeira de Sacavém. Na opinião dos vários historiadores que já se ocuparam desta questão, o Conde de Barcelos terá nascido em Torres Vedras ou no seu Termo, por daí ser natural a família materna. Afirmar que nasceu em Odivelas não tem nenhum fundamento histórico.

Os bens de D. Grácia eram tão avultados que ela pode dispor de parte dos seus rendimentos para seu filho fundar e sustentar um hospital em Lisboa. Mandou construir no claustro da Sé de Lisboa a capela de S. Gervás, onde ela quis ficar sepultada, mas não se consegue hoje identificar o seu túmulo, por terem sido mudados dos lugares que tinham inicialmente.

O Infante D. João Afonso era filho de D. Maria Pires, «boa dona», natural do Porto, conforme se declara no documento de legitimação, assinada pelo monarca. Foi alferes-mor e um filho sempre ao lado do seu pai, quando o príncipe herdeiro, injustamente, lhe movia as guerras que tanto amarguraram os últimos anos do Rei D. Dinis. A fidelidade e o amor a seu pai valeram-lhe a perseguição do irmão quando se tornou rei, que não teve escrúpulos em o mandar degolar. A crueldade de D. Afonso IV levou-o ainda a perseguir D. Afonso Sanches, tendo-lhe confiscado todos os seus bens e forçando-o a refugiar-se em Castela, para não ter o mesmo fim de seu irmão João Afonso. O Conde de Barcelos, que sempre lhe foi fiel antes de ele ser rei, por ser mordomo-mor da esposa, percebeu que não era visto de bom grado na Corte e, cautelosamente, retirou-se para os seus domínios de Lalim, onde levou uma vida dedicada às letras. Os actos de crueldade são uma constante na vida de D. Afonso IV. Não esqueçamos que, já na idade madura, ordenou a morte de D. Inês de Castro.

Quanto à Infanta D. Maria Afonso casada com D. João de Lacerda, sabemos ser filha de D. Marinha Gomez, proprietária de Valverde, nome que se dava aos terrenos para norte do Rossio até à «pedreira». No local da pedreira é hoje o Parque Eduardo VII. O Valverde é actualmente a Avenida da Liberdade, com as edificações urbanas que a ladeiam.

A sua irmã mais nova, poderá ter sido filha de D. Branca Lourenço, a quem D. Dinis fez doação da vila de Mirandela, nos termos seguintes: «Esta vos faço, por compra de vosso corpo. E se Deus tiver por bem, que haja de vós filho ou filhos, que ficasse a eles a dita vila, quando não, que tornasse à coroa.» Este documento tem a data de 1301. Até este ano, não havia filhos. D. Maria Afonso foi criada em Odivelas, onde faleceu em 1320, jovem ou adolescente, pois desconhecemos o ano exacto do seu nascimento.

Neste período de tempo em que ela aqui viveu, foi Abadessa D. Constança Lourenço, irmã de D. Branca, ambas filhas de um nobre de Riba ,Minho, D. Lourenço de Valadares, de uma antiga família de grande nobreza, descendente de reis de Leão e Castela. Esta família já era famosa no reinado de D. Afonso Henriques.

A Abadessa Constança Lourenço veio do mosteiro de Arouca para Odivelas no princípio do século XIV e saiu daqui por volta do ano em que faleceu esta Infanta. Admito que a razão da sua estadia em Odivelas, tivesse sido esta menina, por coincidir com os anos de vida de D. Maria Afonso, o que dá credibilidade à tese de ser filha de D. Branca Lourenço e portanto sobrinha desta abadessa.

Era a filha mais nova do rei e faleceu cinco anos antes de seu pai.

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«Por Terras de D. Dinis», crónica de Maria Máxima Vaz

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Maria Máxima Vaz
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10 Comments

  1. Avatar Raul Nobre Responder
    Quarta-feira, 16 Outubro, 2019 às 13:29

    Muito grato pela excelência do trabalho e pela clareza da exposição. Bem haja.

  2. Avatar Graça Dubery Responder
    Segunda-feira, 26 Agosto, 2019 às 13:55

    Muito interessante a sua pesquisa. Obrigada

  3. Avatar José Emílio Soares de Almeida Responder
    Terça-feira, 29 Janeiro, 2019 às 11:29

    Obrigado pelo seu trabalho: A história de Portugal e os seus participantes, necessita ser conhecida, estudada e recebida como um dom que os <<Portugueses podem reverenciar.

  4. Avatar Jorge Gaspar Responder
    Terça-feira, 30 Setembro, 2014 às 22:52

    Para (Re)Ler.
    A Excelência na História da Dra.Máxima Vaz.

  5. Maria Máxima Vaz Maria Máxima Vaz Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 22:14

    Obrigada amiga Fernanda. Escrevo de forma que todos entendam.

  6. Avatar Fernanda Cabral Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 20:56

    Viajei no tempo sem precisar de construir uma máquina! Dra Máxima a sua forma de escrever prende-nos pela clareza, o que prova que se pode escrever bom Português sem ser necessário aplicar vocabulário que ninguém entende. Obrigada por mais esta viagem! Espero ansiosamente pela próxima

  7. Maria Máxima Vaz Maria Máxima Vaz Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 18:59

    Obrigada amigo José Cameira

  8. Avatar Jose Jorge Cameira Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 18:33

    Muito bem !

  9. Maria Máxima Vaz Maria Máxima Vaz Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 12:50

    Obrigada Georgina. Para chegar a esta clareza, desfiz muita confusão que também eu tive. Que bem me soube o crepitar do lume! E, registei muitos presentes na nossa companhia.

  10. Avatar Georgina Responder
    Domingo, 13 Outubro, 2013 às 9:32

    Engraçado como o emaranhado de tantas figuras históricas saem das palavras simples e claras de Maria Máxima, envolvendo-nos numa curiosidade sempre crescente ao longo da narrativa. Por momentos estive sentada à lareira tal e qual como em um serão da minha infância.

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