Aquando da última caminhada nocturna realizada no Verão no Ozendo, a caminho da Praça de Toiros, foi com prazer que ouvimos um grupo de participantes da Terra falar da «Presa da Ti Marta». A dita Presa é um charco de água situado no lado esquerdo da estrada para quem vai para a Praça de Toiros e servia de piscina há cerca de 40 ou 50 anos.

Contaram-nos que mal o sol começava a aquecer, durante a tarde, o grupo juntava-se e iam dar um mergulho a esta piscina improvisada, chegando a ser mais de 20 pessoas lá dentro! O engraçado vinha depois, já que por vezes os mais velhos escondiam-lhes as roupas. Muitas das vezes, iam também para a Presa às escondidas dos pais, nadavam, secavam-se e dirigiam-se para as suas casas mas, como podemos imaginar num sítio tão pequeno e com tanta gente, mais do que água fresca e cristalina… era lama! Pelo que ao chegarem ao pé dos pais era difícil ocultar os vestígios de sujidade que se incrustavam nos corpos.
Além da Presa da «Ti Marta» existiam também 3 «poços», junto onde actualmente se situam os curros da Praça de Toiros, que serviam para refrescar nos dias mais quentes; chamavam-lhes o Inferno, Céu e Paraíso. O Inferno, situado à sombra, tinha a água mais fria, o Céu, tinha a água morna e o Paraíso, a quente. Quase umas termas romanas com os seus 3 tipos de banhos; «frigidarium», «tepidarium» e «caldarium»!
No final do Verão, quando as barricas do vinho eram retiradas à rua para serem preparadas para as vindimas, eram cobertas com água para incharem as madeiras, sendo também aqui que se podia encontrar a rapaziada nos seus banhos!
Os três «poços» já não existem, mas a presa da «Ti Marta» ainda «vive» para nos mostrar como os nossos pais se divertiam, passavam o tempo e como com pouco se entretinham. Todos estes testemunhos são únicos e é com prazer que os reproduzimos para que fiquem para a História do Ozendo.
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«Ozendo… Uma vida», crónica de Elisabete Robalo
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