Querido(a) leitor(a), a Igreja Católica foi o baluarte ideológico da nova ordem Salazarista, do Estado Novo, havia uma «união moral» entre os dois. Na Espanha, a Guerra Civil foi vista pela Igreja Católica espanhola como uma cruzada contra o anti-Cristo (Republicanos), depois disto surge o Nacional-Catolicismo, o que foi também uma «união moral» entre a Igreja e Franco.

Vamos então ler o que vem no Amigo do Sabugal do dia 10 de Março de 1968, tudo tem a ver com a mini-saia, lido agora tem uma certa dose de humor, mas naquele tempo incutia respeito. Leiamos:
«…se eu tivesse bombas de hidrogénio (génio tenho eu até demais…falta-me a hidra!) e depósitos de forças nucleares como Johnson ou Kosiguine ameaçava já: Mini, saia!… e se não saísse ia tudo pelos ares.
Talvez por causa das mini-saias, Deus está a levar tudo pelos ares. Enxurradas, tremores de terra, aviões em chamas, barcos a pique, todo o mundo em guerra. Mini, sua ridícula, tenha vergonha! Eu te esconjuro, porque trazes contigo à mostra as ruinas de Pompeia! (…)» No fim vem o nome de Padre Manuel Lopes.
Já lhe ouvi chamar muitos nomes, mas «ruinas de Pompeia» é a primeira vez…
No Amigo da verdade de 16 de Julho de 1961, vêm as normas dos bispos espanhóis dizendo como se deve vestir uma mulher:
1.º Os vestidos não devem ser tão apertados que ponham em relevo as formas do corpo, provocadoramente.
2.º Os vestidos não devem ser tão curtos que não cubram a maior parte da perna, não é tolerável que cheguem só ao joelho.
3.º É contra a modéstia o decote.
4.º É contra a modéstia usar manga curta de maneira que não cubra o braço, ao menos até ao cotovelo.
5.º É contra a modéstia andar sem meias.
6.º É também contra a modéstia usar vestidos transparentes.
7.º Mesmo as meninas devem trazer saia até aos joelhos.
8.º À Igreja deve-se ir com mangas compridas que cubram o braço e o antebraço, com meias e vestido que cubra a maior parte das pernas, sem decotes nem transparências.
Tempos idos? Em Portugal e Espanha sim, mas na Arábia Saudita, Afeganistão e maior parte dos países árabes e muçulmanos a mulher é obrigada a cobrir-se dos pés à cabeça. Neste artigo só me refiro à maneira de vestir à qual a mulher era e ainda é obrigada, não falo nos salários mais baixos em relação ao homem, na violência doméstica, e outra, no aborto, e ainda em inúmeros problemas que afligem a mulher neste princípio do século XXI, e no Ocidente civilizado!
O que tem a mulher para que em toda a sua existência tenha sido humilhada por religiões e ideologias?
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Pois é meu Caro António Emídio!
Pensávamos nós que estas coisas da repressão eram coisas do passado…Infelizmente não.
A 13 de setembro de 2013, o jornal Sol e a agência Lusa davam-nos conta do seguinte: “Segundo o Regulamento, aprovado em Janeiro de 2013 pelo Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Valadares, em Gaia, o aluno deve apresentar-se com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à especificidade das actividades escolares, no respeito pelas regras estabelecidas na escola”.
Mais à frente o Regulamento “especificava que o aluno tem de se apresentar na escola asseado, sem exibir roupa interior, decotes excessivos, calças excessivamente descidas ou saias demasiado curtas”.
Bem haja por trazer até nós este texto sancionatório das liberdades elementares do individuo, pois, deu-me a oportunidade de ripostar com esta notícia recente em que, até na escola pública, a LIBERDADE corre perigo.
HOJE E SEMPRE NÃO DEIXEMOS QUE ISSO ACONTEÇA.
Joaquim Gouveia