A campanha eleitoral está a chegar ao fim. São os últimos instantes para convencer os indecisos a votar. E a palavra é mesmo convencer. Pois em política o apelo ao voto torna-se num acto de convicção.
As campanhas devem servir para expor os programas e de explicar as ideias e os projectos que, cada partido ou movimento independente, apresenta. Sabemos que nem sempre é assim. Alguns optam, pura e simplesmente, pelo recurso à maledicência e ao insulto. Esvaziando, assim, a essência de uma campanha eleitoral. Outros, de forma subterrânea, destilam veneno, num acto ressabiado. É o uso descarado da mentira e do engano.
Esperei, até agora, para ver algum elemento do governo ou deputados da maioria, deslocarem-se às freguesias que acabaram ou foram agregadas (segundo a nova terminologia) fazer campanha. Esperei. Mas esperei em vão. Se todo este processo da extinção de freguesias, porque não passou de uma extinção, feita a esquadro e régua lá longe, por gente que não conhece o país, foi mal pensada e pior executada, se todo este processo, dizia eu, foi uma das bandeiras deste governo, por que motivo nenhum deles se atreveu a dar a cara nessas freguesias? Das duas uma, ou têm noção que todo este processo foi uma borrada ou, então, é um acto de cobardia. Porque esta era a oportunidade de se explicarem. Ao partido que pariu tal «reforma» exige-se clareza e verdade. O que resolveu tal «reforma»? Como a explicam aos eleitores e às populações afectadas? A resposta é um silêncio comprometido. A resposta é ignorar o assunto. A resposta é omitir a verdade. E esta técnica tem sido a cartilha deste governo: mente a ministra das finanças, mentem os secretários de estado, mente o ministro dos negócios estrangeiros, mente o ministro da educação, mente o primeiro e o vice-primeiro-ministro. O governo assenta na mentira. De tal forma que, um diz que estamos à beira de um segundo resgate, outro diz que estamos a sair da crise. E ambas são mentiras. Se estamos à beira de um segundo resgate, é a prova cabal do falhanço em toda a linha da política do governo, se estamos a sair da crise, deve ser só visível do gabinete de Paulo Portas. Homem que deixámos de ver nas feiras e mercados, na fronteira e por aí fora. Deve ser uma decisão irrevogável até às legislativas!
Ora, quando a cobardia e a mentira são a doutrina desta gente, devem os cidadãos e eleitores fazer uso do mais poderoso instrumento da democracia, o voto, para manifestar o seu desagrado e preocupação. Sem nunca deixar de lado a liberdade de escolha e o respeito pelas opiniões diferentes. É assim a democracia. Livre e plural. Mas também responsável.
Porque é na responsabilidade que se cumpre a liberdade.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Vamos esclarecer aqui uma coisa: o PS assinou o Memorando com a Troika, que incluía a extinção de freguesias. O PS é tão responsável como PS e PSD pela extinção de freguesias. Esta conversa é para quem não está bem informado, o que não é o meu caso.