Hoje, vai ler aqui uma crónica que parece meio vaidosa, meio autista, mas que o não é. É uma reflexão de fim de Verão, bem adequada à época. Reflexão sobre um caso concreto. Durante uma investigação, de repente vi claramente que a minha aldeia tem sido um grande viveiro de meios de comunicação… não só de agora, mas já desde 1926. Ora leia esta crónica e diga se não tenho razão. E, no final da peça, a nota sobre o novo jornal da minha zona, o «Serra d’Opa», cada vez com mais leitura e já com promessas de colaborações externas…


Às tantas, esta semana, dei comigo, em espírito de fim de Verão, a reflectir sobre a comunicação nos dias de hoje e as diferenças em relação ao que se passou em quase toda a minha vida, designadamente nas duas «décadas de ouro» que aqui elogiei na semana passada.
O resultado fica aí, para não esconder nada do leitor. Mas primeiro que tudo, para perceber bem do que falo, leia a síntese que lhe preparei… (Aqui.)
Como pode nascer um artigo…
Uma noite destas, enquanto aguardava os ante-projectos da nova sede para a Junta de Freguesia do Casteleiro – mais uma melhoria assinalável –, fui fazendo buscas na «net» para preparar outro tema. E às tantas reencontro no Facebook uma série de referências à crónica da semana passada («Duas décadas de ouro»). Isso tocou-me cá dentro, não só pelo lado da satisfação, mas até mais ainda pelo lado da reflexão sobre a realidade das formas de comunicar dos dias de hoje e quanto isso era absolutamente inimaginável há 30, e menos ainda há 40 anos, pela altura em que me meti nestas áreas da escrita…
Sobre o tema dessa crónica, muita gente tem dito e escrito que o que se passava no Casteleiro em 50 e 60 do século passado era exactamente o mesmo e igual ao que se passava em qualquer outra aldeia da nossa zona. Não me admira.
Hoje, são as antenas que comandam a vida. Por exemplo, a da abertura desta crónica, que pode ver referida aqui: parece uma coisinha feia. Mas é a chave para a ligação do Casteleiro ao mundo, como pode ler… (Aqui.)
Comunicar hoje

Mas, como digo, a minha surpresa, de repente, esta semana, foi o alcance que uma coisa simples pode atingir de repente e sem que a pessoa sequer se dê conta disso. O que dá que pensar.
É que, em matéria de meios de comunicação ao dispor de cada um, a evolução é fabulosa. E o seu uso por cada um também impressiona.
Aliás, todos sabemos isso.
Mas não acredito que já tenhamos interiorizado o que isso significa
Conto hoje aqui uma história concreta, desta semana, que mostra muito bem (oh, quão bem) as diferenças entre aquelas que rotulei de «décadas de ouro» e esta coisa da net e das redes sociais e dos grupos – tudo isso que é o nosso dia-a-dia nos dias de hoje – às vezes deixa-me pasmado.
Vejam bem onde fui encontrar notas de agrado sobre o meu último artigo no «Capeia», o qual artigo, para que conste era este aqui, intitulado: «Casteleiro – Duas décadas de ouro».

Andava eu então cá nas minhas pesquisas, a preparar um artigo – e eis que dou com Natália Bispo a comentar de forma bem simples mas muito forte (ver adiante). Isto nas vésperas do mais infeliz dos acontecimentos da sua vida recente, de certeza, e da vida local: o encerramento da «sua» Casa do Castelo – o que, pelo que investiguei e me contaram, continua a ser um grande mistério.
Volto ao Facebook: Natália Bispo, no mesmo mural dos «Descendentes e Amigos» do Sabugal já tinha antes salientado com agrado algumas das minhas crónicas sobre o Casteleiro – ela que se mostra muito selectiva, e ainda bem…
Neste caso das «duas décadas», no momento em que acedi, agregados estavam já muitos «Gosto!» e alguns comentários – cada um mais interessante que o outro.
Mas o que quero de facto registar é a pluralidade de meios de intervenção de que dispomos nos nossos dias. Apetece-me comparar isso com os daquelas tais décadas «de ouro» (de 1945-50 a 1970 e tal)… Pense nisso.

Tudo isto me apanhou de surpresa no portal «Descendentes do concelho do Sabugal» – que pode consultar… (Aqui.)
Um Grupo Aberto no Facebook, criado pela Associação Transcudânia, que tem sede no Casteleiro e de que obrigatoriamente vou ter de «falar» um dia destes no ‘Capeia’ (hoje já pode abordar esta associação se clicar no último link, na Nota final desta peça.
Compete-me neste exacto momento juntar duas aquisições com origem na minha aldeia: em 1926, a criação do jornal regional «Gazeta do Sabugal» para combater o combate dos agricultores da época; nos dias de hoje, a criação de uma janela grande no Faceboook, destinada a: «(…) reunir descendentes do concelho do Sabugal, dispersos pelo país e pelo Mundo que gostem e desejem manter o contacto com a sua terra Natal.
Pretendemos (…) alcançar o mais amplo número de conterrâneos e rentabilizar este elo para levar a nossa terra e tradições a todo o Mundo» – no dizer dos próprios fundadores do Grupo.
Foi por estas e por outras que quase chamei a esta crónica: «Do Casteleiro para o Mundo». Ah, grande Casteleiro! Desculpem a vaidade…
Dar voz às pessoas
Os novos meios, as redes sociais e os murais em especial têm desempenhado um grande papel nas movimentações de pessoas em torno de causas, como se sabe.
Mas o que é que isto tem a ver com a minha aldeia?
Tudo. A «net» permite-nos estar presente sem o estar fisicamente. O contacto e a comunicação são imediatos e permanentes.
Aliás, aproveito para também apor na crónica duas notas: uma sobre a Casa do Castelo, que sinto que há-de reabrir; outra para divulgar esse mural do Facebook do Grupo de Descendentes do Concelho do Sabugal (ver acima) – fica aqui a promessa de que vou seguir o que por lá se passa, como fonte permanente para o «Serra d’Opa».
Mas quero também eu dar voz às pessoas que participam nas redes, na medida das minhas possibilidades.
É portanto justo que eu aqui traga como exemplos algumas opiniões vindas por arrasto das redes sociais e das janelas de comentários.
Assim, relativamente ao que escrevi sobre o que se passava no Casteleiro há 40/50 anos:
– Natália Bispo «disse» (escreveu) simples e eficazmente o seguinte: «Excelente texto sobre o Casteleiro!».
– José Jorge Cameira (em Beja, mas natural do Vale da Senhora da Póvoa) comentou no próprio ‘Capeia’: «Exceptuando os nomes… quase uma descrição do Vale de Lobo-Vale da Senhora da Póvoa!».
– Leonilde Capelo Loureiro: «O meu bem-haja ao autor deste maravilhoso texto que retrata a realidade das minhas vivências na minha terra – o Casteleiro, exactamente nessa época!»
– José Sanches (sem edição, ou seja: segue tal e qual pois merece isso: faltam por exemplo os acentos e cedilhas, como se nota bem; mas vale e bem pela veracidade e autenticidade – não me atrevo sequer a tocar no texto): «Quero congratular o Jose Carlos Mendes pela linda cronica acerca do Casteleiro. Poderia ter sido escrita a volta de qualquer outra Aldeia do Concelho. Nesses tempos o modo de vida era muito similar. Chamou-me logo a atencao a noticia referente aos passageiros do Santa Maria, agora trazidos do Brasil pelo Vera Cruz. Henrique Galvao foi o chefe do grupo que de assalto o tomou nas Caraibas e o pilotou ate ao Brasil. Tambem o comeco da guerra colonial. Angola e nossa dizia o slogan do Estado Novo. Mistura de opinioes e tantos incredulos que a rebiliao pudesse acontecer. Guerra que apanhou toda a nossa geracao eu incluido. Eu tinha 11 primaveras quando aconteceu e era a discussao do dia. Parabens».
Cumpre ainda, no rigor das coisas, registar os nomes de outros Descendentes e Amigos que dizem ter gostado do artigo sobre o Casteleiro. São eles: Jacinta Gonçalves, Maria da Cruz Gago, Henriqueta Valente, Ruben Vasques Monteiro, Elvira Nobre, Luis Filipe da Costa, Mad Corceiro, Alberto M L Pachê, Maria Máxima e Luís Manuel.
Atenção leitor, não se iluda e eu não me iludo, estas opiniões chegam a muitos mas que são uma parte mínima da população das nossas aldeias. Realismo, peço!
Mas, como podia eu ignorar estes e outros amigos que se mostram interessados nas coisas da minha terra?
O Casteleiro agradece a cada um dos participantes o apreço e a atenção dedicada à realidade aldeã daqueles tempos. Obrigado a todos vocês. O nosso abraço beirão.
Nota
Não deixe de aceder a outro noticiário regional, o «Serra d’Opa», n.º 4, já está na linha à sua espera. Basta clicar… (Aqui.)
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
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