Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos GEMADA e GOLPE.
GEMADA – batido feito com vinho, água, ovos e açúcar, que se bebe nas malhas logo pela manhã.
GÉMEA – burra, jumenta – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GEMER A VINHA – torcer as vides, atando-as aos arames dos arretos. Vinha bem gemida, dá para toda a vida.
GEMO – burro – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
GENGIBRE – gengiva (Clarinda Azevedo Maia).
GÉNIO – nervosismo; agitação: está com o génio.
GENTE DA TERRA DA AREIA – habitantes dos lados de Vilar Maior (José Manuel Lousa Gomes – do Soito).
GENTE DO CAMPO – habitantes dos lados de Penamacor e de Idanha-a-Nova.
GENTIAGA – muita gente; multidão.
GERENA – origem; geração (José Prata).
GESNO – fazenda – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GESTA – giesta.
GEVO – velho – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GILFO – filho; criança; garoto – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GINGINA – angina; amígdala; infecção na garganta (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
GINGRAR – fazer pouco; desdenhar (José Pinto Peixoto). Os dicionários registam gingar, com o mesmo significado.
GINOIO – joelho (Clarinda Azevedo Maia – Lageosa).
GIPLA – erisipela; inflamação na pele. Também se diz zipla (Clarinda Azevedo Maia). Maria Leonor Buescu, referindo-se a Monsanto, apresenta as mesmas expressões.
GIRARDA – nome de mulher: há algumas com esse nome nos Fóios (Clarinda Azevedo Maia). Será uma deturpação de Gerarda.
GÍRIO – bonito – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
GITANO – cigano. Do Castelhano: gitano.
GOGA – seixo reboludo, abundante no leito dos ribeiros. Também se diz gogo.
GOGO – doença das galinhas, que consiste na inflamação das vias respiratórias e lhes provoca o aparecimento de um quisto no pescoço; também se diz gosma. Pedra redonda encravada no fundo do rodízio de um moinho (Clarinda Azevedo Maia – Aldeia da Ponte). O m. q. goga.
GOIA – diminutivo de Glória (Porfírio Ramos – Alfaiates).
GOIVA – formão de lâmina curva usado pelo carpinteiro.
GOLA – garganta; goela. É mais frequente o uso do plural: aperto-te as golas. Paleio; palavreado; conversa: tens é gola!. Clarinda Azevedo Maia colheu outro significado, em Vale de Espinho: espécie de queda de água que se forma nos lugares onde o rio é mais apertado e a água correr com maior velocidade.
GOLANDRINO – furúnculo na axila (Clarinda Azevedo Maia – Aldeia do Bispo). Do Castelhano: golondrino.
GOLDRE – estômago; barriga. «Com o goldre mais atestado que alforge de pedinte em funeral» (Abel Saraiava).
GOLHETADA – rasgão na roupa (Júlio António Borges).
GOLPE – líquido que sai de uma vez de uma vasilha – golpe de azeite. Beber de golpe: de uma só golada. Bolso – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Estas palavras são usadas também no Casteleiro?
Sim, apenas os seguintes vocábulos: GÉNIO, GENTIAGA, GESTA, GOIVA, GOLA.
Cinco em vinte e cinco (20%). Nada mais. Parece que estamos em países diferentes, não é? Bendita diversidade.
Inclusive, fica bem patente a maior influência das terras vizinhas do lado de lá da fronteira, por exemplo em GITANO, como sublinha PLB. Ou do francês, mas com corruptela, em GINOIO (não virá do francês «genou»?).