A Casa do Castelo no Sabugal vai fechar porque a qualificação foi vencida pela incompetência. O projecto familiar de Natália e Romeu Bispo resistiu até ao limite mas os proprietários consideram que «estão esgotados até porque agora, os que não gostam da Casa, já passaram aos insultos». O concelho do Sabugal vai ficar mais pobre, ainda mais pobre e os suspeitos são… «os do costume».
A Casa do Castelo vai fechar
A Casa do Castelo nasceu há seis anos de um projecto familiar assente na ideia de valorizar o centro histórico do Sabugal, divulgar as potencialidades do concelho, a sua história e os produtos locais. Tendo inevitavelmente um fim comercial, para garantir a viabilidade económica, o projecto evoluiu na ideia de cimentar amizades e de contribuir para um Sabugal acolhedor.
Para além da loja, com os produtos para venda dos nossos produtores e dos nossos artesãos e do pequeno restaurante, a Casa do Castelo tem em exposição uma Ara Romana, um Armário Sagrado da Lei de origem judaica e outros achados de valor arqueológico. À actividade comercial juntámos a acção cultural e a preservação dos testemunhos históricos.
A recuperação da Casa do Castelo foi afinal o arranque da requalificação do Largo de Santa Maria, onde entretanto já foram reconstruídas meia dúzia de casas que conferem uma imagem mais genuína ao centro histórico. Foi ainda esta Casa que deu vida ao Largo do Castelo passando a acontecer iniciativas como a Feira de velharias, artesanato e produtos regionais, apoio a concentrações de motos, de carros e outras iniciativas que foram acontecendo ao longo do tempo! Importante para nós sentirmos que também entre os moradores fomos úteis no apoio social, de convivência e até interacção intergeracional foi conseguido!
Desde a primeira hora que nos empenhámos em construir parcerias, recebendo com estima os que vieram até nós e encaminhando-os para outros lugares do Concelho. Recomendámos restaurantes, lojas comerciais, unidades hoteleiras e indicámos locais para visitar.
Recebemos pessoas oriundas de todo o país e do estrangeiro e formámos o grupo de Amigos da Casa do Castelo e do Sabugal, que nunca parou de crescer.
Divulgámos o concelho pela boca dos que nos visitaram e aqui testemunharam o nosso bem-receber. Participámos em diversos eventos, muitos deles longe do Sabugal, sempre na ideia de divulgar e valorizar o que de bom se faz na nossa terra.
À nossa vontade férrea em dar seguimento ao projecto, faltou porém juntar o merecido apoio para que o mesmo fosse mais frutuoso para o Concelho.
Não foi dinheiro que reclamámos, mas sim o direito de integrarmos a informação disponibilizada, as campanhas de divulgação do Concelho, assim como desenvolvimento de parcerias para a dinamização do Centro Histórico, que foi prometida em reunião de Câmara a 2 de Fevereiro de 2011.
Vamos a um exemplo: pedimos que no Posto de Turismo indicassem a Casa do Castelo como ponto de interesse a visitar. A resposta foi a de que a Câmara Municipal não recomenda negócios privados. Cabe então perguntar: O que divulgam? Para que serve o Posto de Turismo? Quem senão os privados investiram em restaurantes, unidades hoteleiras, lojas de artesanato e outros projectos na área turística?
Cansados de oferecer e de nada receber em troca, chegámos ao ponto em que não há retorno por manifesta falta de esperança numa mudança de postura. Estamos fartos de ser apelidados de interesseiros, de que vivemos do queixume e da intriga, de que somos força de bloqueio e de oposição, que criamos conflitos com a Câmara. Acusam-nos que queremos protagonismo, mas não conseguem demonstrar onde está o protagonismo conseguido.
Tentámos remar contra a maré, sonhando em transformar o Centro Histórico do Sabugal no ponto nevrálgico da cidade, no que toca ao turismo. Estamos cientes de que demos para isso um modesto contributo, mas também concluímos que a Câmara prefere apostar noutras paragens, deixando mais uma vez o Centro Histórico da cidade, o Castelo, as muralhas e a memória de El Rei D. Dinis no imenso vale do esquecimento.
A Casa do Castelo, o único espaço comercial que existe dentro das muralhas da antiga cidadela, vê-se forçada a fechar a porta. Não há condições para continuarmos. Temos de reflectir e fazer o balanço da luta desproporcionada a que estivemos sujeitos.
Guardaremos sempre no coração os inúmeros amigos que a Casa do Castelo fez. Verdadeiros, dedicados e afectuosos todos nos transmitiram bons conselhos e nos brindaram com palavras de compreensão e de encorajamento. Ouviram e viram as potencialidades do Concelho, indignaram-se com o estado lastimável em que o Sabugal se encontra e lamentaram haver aqui uma administração autárquica incapaz, de encarar as exigências dos novos tempos.
Um bem-haja a todos e um até sempre da Casa do Castelo.
Natália e Romeu Bispo
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1 – O título original deste comunicado era «A Casa do Castelo vai fechar». Optámos por editar «A qualificação foi vencida pela incompetência» porque consideramos que o espaço gerido por Natália e Romeu Bispo promoveu com muito «saber fazer» o concelho do Sabugal. O verdadeiro posto de turismo (sem horário e com muita humanidade e simpatia) do concelho do Sabugal foi, nos últimos anos um projecto privado, estava situado no Largo do Castelo do Sabugal e chamava-se «Casa do Castelo». Mas parece que a incompetência e falta de curriculum de alguns (poucos, muito poucos) venceu. Até quando? O tempo dirá.
2 – Em Janeiro de 2008 o então cronista do Capeia Arraiana, José Robalo, escreveu sobre a Casa do Castelo… [Aqui.]
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jcl
Fico triste com esta notícia. Não estou muito ao corrente do que possa ter acontecido, mas a Casa do Castelo era um complemento essencial à zona do castelo que durante anos esteve completamente abandonada. Eu dizia muitas vezes à Talinha: você é a conselheira cultural sem pasta. Ela ria-se, claro. A Casa do Castelo era uma associação informal. Era lá que encontrava amigos e que fazia amigos. A próxima vez que for ao Sabugal, onde é que vou? Vou, anonimamente, ao café? Vou ao restaurante? À Câmara? à Casa do Zé da Esquina? À Casa do Pichel Velho?
Não vou. Ou melhor, já não me apetece ir.
Como dizia um amigo meu da polícia judiciária, quando entrava numa casa onde sabia que havia sangue nas prateleiras, rosnava à entrada: “Hum! cheira-me aqui a papel rasgado.”
Sabugal fica mais pobre.
Triste noticia a que hoje encontro na capeia arraiana.
Á Talinha e ao Romeu quero deixar o meu abráço de profunda amizade, esperando que no próximo dia 13 ainda vá a tempo de visitar a Casa do Castelo, e deixar um abraço á Talinha, pessoa duma sensibilidade e amor á sua terra, que esse não farão desaparecer.
Álvaro-Torres Novas
É com muita pena que “vejo” fechar uma embaixada do Sabugal, na própria terra, mas a minha pena maior é porque tenho acompanhado a actividade da Tálinha, através das redes sociais e infelizmente nunca ter visitado a Casa do Castelo, ia sempre adiandado a minha visita e este mês de agosto, quase, (quase) que por pouco não fui visitar, mal eu sabia que iria ser a primeira e ultima vez.
Fechou a Casa do Castelo, fechou o Hotel, fechou o Tribunal, que virá a seguir?……
Depois disto tudo porque não fechar a Câmara?
Uma grande surpresa. Será verdade, não acredito. A Casa do Castelo faz falta ao Sabugal.
Uma péssima notícia para o Concelho do Sabugal.
Sempre considerei a Casa do Castelo uma mais valia para o desenvolvimento do Sabugal e sempre defendi que a Casa do Castelo devia ser um parceiro importante para que o Sabugal fosse reconhecido como um destino de visita.
À Talinha e ao Romeu um bem haja por tudo o que fizeram pela terra que os viu nascer.
E uma até já, pois acredito que o amor ao Sabugal fará com que encontrem outras formas de lutar por um Sabugal melhor.