Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos GABAÇOLA e GALFARRO.
GABAÇOLA – gabarola; que se gaba muito; que tem basófia.
GABANÇO – prosápia; basófia; soberba.
GABAR – fazer grade elogio; blasonar. Falar barato – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GABINARDO – malandro; velhaco; o m. q. gabiru. Capote (José Pinto Peixoto).
GABIRU – malandro; travesso; finório.
GABOCHA – gabarola (Júlio António Borges – Escarigo).
GACHA – parte fixa e bifurcada no topo da picota ou burra d’ógar. A base é enterrada no solo, junto ao poço onde é necessário retirara a água (Clarinda Azevedo Maia – Batocas).
GACHO – cacho de uvas.
GADANHA – concha para o caldo. Ferramenta de cortar feno, com grande lâmina e um comprido cabo de madeira (arma). Manuel Leal Freire descreve, em pormenor, os acessórios da gadanha: o ensogadouro (pedaço de correia), o francelete (correia com fivela) o azeiteiro (chifre com óleos para untar), o caçapo (corno com a pedra de afiar), o sabeiro (corno com sebo para untadelas), a bolsa do martelo picão (para picar a lâmina).
GADANHEIRO – homem que ceifa com a gadanha. Havia gadanheiros que trabalhavam à jorna ou então ajustavam o trabalho, no tempo em que era preciso agadanhar os lameiros para depois recolher o feno.
GADANHO – espécie de enxada, mas com a folha aberta, própria para cavar em terreno pedregoso. Mão, manápula.
GADÉ – dinheiro – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
GADO – grupo de animais; rebanho de ovelhas ou cabras.
GAFORINA – cabelo comprido; trunfa; guedelha (Júlio António Borges).
GAIFONA – carícia; gesto; palhacice (Joaquim Manuel Correia). Júlio Silva Marques define como: pessoa gaiteira, alegre.
GAÍNHO – figo – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
GAIOLADA – pedrada (Franklim Costa Braga).
GAIOLO – pedra pequena e arredondada, óptima para arremessar. Casebre mal construído.
GAITEIRO – pessoa alegre, que gosta de participar em festas; folião.
GALANA – cabra com manchas pretas e brancas (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho). Variedade de doninha que tem o pêlo de duas cores (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
GALANO – boi malhado, branco e preto (Adérito Tavares).
GALANTE – bem arranjado; elegante.
GALDÉRIO – vadio; leviano. Galdéria: mulher de baixa moral, meretriz.
GALDRINAS – calças – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor). Também se diz galdrinhas (Franklim Costa Braga).
GALDRIPEIRA – mulher suja e desalinhada (Júlio António Borges).
GALEGO – variedade de linho, a mais usual, semeado em Abril e colhido em Julho (Manuel dos Santos Caria). Indivíduo grosseiro, com má formação. Escravo de trabalho. Avarento (Clarinda Azevedo Maia – Lageosa da Raia). Pessoa a quem não se compreende nada do que fala (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho).
GALETE – pescoço.
GALFANHOTO – gafanhoto. Também se diz galfanhote.
GALFARRA – cabra com a idade de aproximadamente um ano (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho).
GALFARRO – garoto; rapaz novo.
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Só conheço, na minha terra, as seguintes palavras desta série de hoje: GABAR, GABIRU, GACHO, GADANHA, GADO, GAITEIRO, GALDÉRIO, GALFANHOTO, GALFARRO.
GALANTE é uma família da minha terra – já agora.
GALEGO tem um significado pejorativo («Aquilo é um galego» = sacana); ou lateral em relação à «tradução». É que também se diz no Casteleiro assim: «Anda aqui um gajo feito galego» = a trabalhar e a esforçar-se que nem um mouro…