Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos FREGANÇO e FULIGE.
FREGANÇO – esfreganço; pequeno trapo para esfregar (Francisco Vaz). Alguém que foi tratado como se fosse uma coisa, ou seja, com desprezo (Júlio Silva Marques).
FREGUÊS – cliente, frequentador de uma loja de venda; paroquiano.
FREGUESIA – clientela; conjunto dos fregueses.
FREIMA – preocupação; pressa (Júlio António Borges).
FRENHA – terra má – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
FRENHO – feio; pessoa de má índole – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor). Polícia – na mesma gíria (acrescenta Franklim Costa Braga).
FRESCA – amanhecer ou anoitecer no Verão, altura em que o ar corre fresco.
FRESQUIDÃO – frescura.
FRIALDADE – tempo frio, gélido.
FRIEIRA – inflamação da pele provocada pelo frio, aparece sobretudo nas mãos e nos pés.
FRITA – fatia de pão embebida em leite e ovos, que é frita em óleo ou azeite e depois salpicada com açúcar. Também se diz sopa parida.
FRONGE – queijo – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
FROSQUINHA – pirueta; pinote; cambalhota (Júlio António Borges).
FUÇA – focinho; ventas.
FUEIRO – estadulho alto e aguçado, próprio para o transporte de palha e feno (na Beira Baixa diz-se fugueiro).
FUGA – ponta do pé de uma meia (Clarinda Azevedo Maia – Aldeia da Ponte).
FUGANTA – pistola – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
FUGANTE – revólver – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
FUGAR – agitação que o gado faz do redil quando assustado, sobretudo se presente o lobo. «Na calada da noite sentem o gado fugar» (Joaquim Manuel Correia).
FUINHA – doninha. Pessoa fraca e reles. Forreta; mesquinho (José Pinto Peixoto e Leopoldo Lourenço).
FULIGE – fuligem, restos da combustão da lenha que agarra às paredes da chaminé.
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Eh, Paulo L. Batista! Até que enfim: uma lista (pequena) de que conheço quase tudo. Sublinho estes termos que se usam na minha terra tal e qual e cm o mesmíssimo significado: FREGUÊS, FREGUESIA, FRESQUIDÃO, FRIALDADE, FRIEIRA, FUINHA. De um comerciante que não tivesse boa cara para os seus fregueses até se dizia: espanta a freguesia toda…
Quanto à FRESCA: na minha aldeia também se está bem se está bem à fresca. Mas onde se está melhor é à fresquinha, pelo menos no Verão, quando abrasa.
E, Paulo, já agora outra nota do localismo das pronúncias de cada terra: no Casteleiro, a fuligem nem é fuligem nem FULIGE: é fulís – e mai’ nada!!