Pinharanda Gomes, João Bigotte Chorão, Manuel Pereira de Matos, entre outros, intervieram nos dias 27 e 28 de Julho, em Pinhel, num colóquio subordinado ao tema «O Bem e o Mal», evocando o romance homónimo de Camilo Castelo Branco, de cuja primeira edição se comemoram 150 anos.

O romance O Bem e o Mal, de Camilo tem por personagem Ladislau Tibério Militão, de Vila Cova, no termo de Pinhel. Vila Cova não existe, tendo sido uma criação de Camilo que contudo se referiria a Bouça Cova, esta sim freguesia do concelho de Pinhel, de onde dista 19 quilómetros. Face a isto o Centro Social e Cultural da paróquia de Pinhel organizou um colóquio para debater o tema «O Bem e o Mal», aproveitando o dobrar dos 150 anos da edição do livro.

Dirigido pelo dinâmico Manuel Neves, o colóquio levou a Pinhel, no último fim-de-semana, um conjunto de escritores e pensadores que falaram do tema e abordaram a vida do grande romancista Camilo Castelo Branco.
Jesué Pinharanda Gomes, que esteve entre os oradores, fez uma muito apreciada intervenção subordinada ao tema «A ideia de Mal na polémica “Razão e Fé” entre Amorim Viana e Camilo Castelo Branco em 1852».
O escritor quadrazenho falou na ideia e no problema do Mal no pensamento filosófico português da segunda metade do século XIX, referindo-se aos artigos de Camilo no jornal O Cristianismo, editado no Porto, sobre a Razão e a Fé, onde expôs a sua ideia do «mistério» do Bem e do Mal com raiz no Pecado Original. Pinharanda Gomes cruzou esses artigos de Camilo com o ensaio que Amorim Viana publicou no jornal A Península sobre o poder temporal do Papa. O romancista opôs-se às teses de Amorim Viana, defendendo a justiça do poder temporal. Amorim Viana respondeu por sua vez a Camilo, chamando a debate os artigos camilianos sobre o Bem e o Mal.
O escritor guardense João Bigotte Chorão, especialista na obra literária de Camilo Castelo Branco, fez por sua vez uma intervenção onde apresentou o Posfácio que preparou para a reedição do livro O Bem e o Mal, que comemorará os 150 anos dessa publicação, e que será apresentada em Pinhel, no próximo dia 25 de Agosto.
O cónego Manuel Pereira de Matos, natural do concelho de Pinhel, falou sobre «Deus fonte de todo o Bem». Augusto Moutinho Borges, de Almeida, falou por sua vez no «Ferro e fogo no mastro imperial: o Mal e o Bem na dimensão das invasões francesas». José Manuel de Oliveira, director da Casa de Camilo, falou sobre «A correspondência entre Pe. António e Camilo». O colóquio contou ainda com a participações de outros especialistas em todo o dia se sábado e no domingo de manhã.
O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, abriu o colóquio e esteve igualmente presente no seu final, com a celebração da missa dominical na Igreja de S. Luís em Pinhel.
plb
Leave a Reply