O pintor sabugalense Alcínio Vicente, esquecido e quase ostracizado em Portugal, é porém acarinhado em Espanha onde participa em exposições individuas e colectivas, integra concursos e é presença assídua na imprensa.
Ninguém é profeta na sua própria terra e santos da terra não fazem milagres, são dois exemplos do adagiário popular que traduz o recorrente desinteresse a que votamos os nossos.
O pintor Alcínio Vicente, de Aldeia do Bispo, onde regressou e tem atelier, é também um exemplo dessa nossa indiferença. Poucos conhecem a sua obra e os responsáveis das instituições concelhias não o valorizam suficientemente – quase o ignoram. A imprensa regional e nacional não lhe dá relevo, não o difunde, não analisa a sua valiosíssima obra, e nem sequer o entrevista…
Estamos porém perante um dos grandes pintores expressionistas e gestualistas do nosso tempo. Que o digam os espanhóis. Estes há muito que descobriram Alcínio, e rogam-lhe a participação em exposições, editam-lhe serigrafias, entrevistam-no, tratam-no como grande artista ibérico.
O apego de Alcínio à cultura popular, aos temas etnográficos e às tradições raianas, o equilíbrio das cores e das formas que pinta, são factores que causam encanto ente os castelhanos. Admiram-lhe as pinturas dos encerros, das capeias, dos touros e dos cavalos, assim com outras representações, onde o espaço e as nuances cromáticas estão presentes.
Ciudad Rodrigo e Salamanca são cidades leonesas que conhecem a obra de Alcínio, e difundem-na. Chamam-no a participar em concursos e exposições de grande prestígio e a imprensa ilustra os artigos sobre os certames com as imagens das soberbas pinturas do artista raiano, que manifestamente encanta nuestros hermanos.
Esperemos que outros tempos sobrevenham e com eles passemos a valorizar a nossa gente de talento, reconhecendo-lhes o mérito.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
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