Exmo. Senhor Passos. Não tive oportunidade de o conhecer antes e, acredite, não teria prazer nenhum em o conhecer agora. Mas escrevo-lhe esta carta aberta para lhe dizer que, infelizmente, o compreendo muito bem.
Na verdade, e para quem nunca teve de lutar pela vida, pois sempre teve algum «padrinho» para lhe garantir o ordenado (exceto, talvez, naqueles anos longínquos de 1982 e 1983, onde, com apenas 19 anos (!) conseguiu ser professor de matemática (será que foi aí que conheceu o Crato?) na Escola Secundária de Vila Pouca de Aguiar), a vida tem sido muito injusta.
Para mim, o Sr. Passos sempre se considerou injustiçado, pois sempre que se sentava à mesa dos padrinhos, e recebia as migalhas que os mesmos lhe destinavam, sempre pensou que a sua lealdade era merecedora de mais alguma coisa que apenas «o rabo da sardinha»…
Não, merecia de certeza muito mais que a «casinha» de Massamá… E no fundo do seu íntimo, sabia que o momento da verdade havia de chegar!
E quando o poder lhe caiu nas mãos, isto é, quando chegou a altura de poder vingar-se, «tirando aos ricos para dar aos pobres», optou por mostrar aos seus «padrinhos» como tinham sido injustos e não tinham compreendido como o Senhor lhes tinha sido e podia continuar a ser útil.
Por outro lado, nunca se sabe as voltas que o mundo dá e mais lhe valia prevenir o futuro, pois se hoje se voltasse contra os seus «padrinhos», quem lhe pagaria o sustento amanhã?
Assim, e agora de poder na mão, vá de «roubar aos pobres para dar aos ricos», mostrando a estes o seu real valor.
E quem o pode criticar por se resguardar do que o futuro lhe possa trazer?
Seriam os «pobres» que lhe garantiriam o ordenado?
Claro que não, e vai daí, todo sorrisinhos e salamaleques para com aqueles que amanhã lhe pagarão… E vai daí, carregar sobre os «pobres», mostrando serviço.
Quando o poder faltar, pensa o Senhor, os ricos se lembrarão de si… Mas olhe que não sei se terá direito a mais do que à «casinha de Massamá» e ao «rabo da sardinha»…
O problema é que enquanto o Senhor, Sr. Passos, se delicia com esses desvarios de querer agradar aos ricos, é o povo português e Portugal que perdem e o povo raramente esquece e perdoa a quem o prejudica.
Não lhe digo para mudar de política, pois esta está-lhe no sangue. Mas alerto-o. Mais vale sair pelo seu pé que a pontapé!
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ps1. Parabéns Zé Carlos e obrigado
O Capeia Arrraiana através do Zé Carlos Lages, fez na passada sexta-feira mais pela democracia sabugalense que muitos discursos inflamados, ao transmitir «on-line» a sessão de junho da Assembleia Municipal. Enquanto deputado e presidente da Assembleia Municipal os meus parabéns e o meu sincero e entusiástico bem-haja.
ps2. Na morte de Graça Barroso
Com Graça Barroso aprendi a gostar de bailado nos anos 70 e 80 do século passado nos tempos áureos do Ballet Gulbenkian. Mais tarde Graça Barroso e o seu marido, grande bailarino e coreógrafo, Vasco Wellenkamp, deram-me o prazer de gostar ainda mais de bailado com a sua Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. Tive a honra de conhecer a Graça e o Vasco pessoalmente e percebi que toda a beleza, sensibilidade e emoção que lhes conhecia em palco, existia também nas pessoas que eram. Parte a Graça Barroso, mas fica a memória saudosa da sua pessoa e da sua arte…
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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