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Página Principal  /  Bismula • Gente Nossa • Opinião  /  Gente Nossa – dr. Manuel Leal Freire
23 Junho 2013

Gente Nossa – dr. Manuel Leal Freire

Por Jesué Pinharanda Gomes
Jesué Pinharanda Gomes
Bismula, Gente Nossa, Opinião manuel leal freire, pinharanda gomes 4 Comentários

Um dia, tendo sido orador de um Congresso envolvendo temas da vida regional, alguém me disse: «Bastava o Leal Freire para encher todo o Congresso.» Era verdade.

Manuel Leal Freire com D. Duarte Pio de Bragança
Manuel Leal Freire com D. Duarte Pio de Bragança

Quando, lá por voltas de 1950, me habituei a encontrar aquele senhor alto e desenvolto, nas instalações da Acção Católica, na antiga capela do Seminário (na Rua Alves Roçadas, na Guarda) mal imaginava a admiração e o apreço que já lhe eram devidos, a ele e a sua mulher, ambos professores primários, não tendo agora a certeza se Leal Freire orientava os candidatos ao ensino primário nos estágios da Escola do Espírito Santo. Não importa, agora…

Manuel Leal Freire

É nosso simples desejo evocar, nestas breves linhas, o mestre e o senhor, que nasceu na Bismula (1928) e veio a tornar-se personalidade de referência como doutrinador e pensador político, poeta de embebência popular, rural e pátria (situável no mesmo plano de António Sardinha, Lopes Vieira, Corrêa d’Oliveira e Mário Beirão, só para citar alguns dos maiores), e o fenomenologista da etnografia raiana. Melhor, de memória viva, inesgotável, de quanto a memória e a cultura dos nossos povos criaram e guardaram, em todas as matérias, desde a lírica ao adagiário, desde as artes e ofícios às aventuras e aos romances.

Enquanto doutrinador do patriotismo e da guarda da Tradição da alma portuguesa, nem todos teremos tido o privilégio de ler e de meditar as soberbas páginas dos livros «Na Segunda Hora Portuguesa» (1966) e «Cartas Políticas» (1968), livros estes editados enquanto, no Porto, refundara e dirigia o jornal «A Palavra», que fora um título importantíssimo publicado no Porto entre 1872 e 1911, órgão do que temos por hábito chamar de «catolicismo portuense», aliança da Fé e da Pátria em prol do bem comum. Como pensador, podemos situá-lo na linha doutrinal da Integralismo Lusitano.

Os valores das gestas e dos costumes percorrem, como sangue bom em artérias, os documentos etnográficos, de que salientamos o volume «Por Terras do Sabugal» (1968) e, mais recentemente, o painel da vida raiana «Contrabando, Delito mas não Pecado» (2001), em que o romanesco se alia ao pícaro e este ao dramático ou por vezes anedótico, mas sempre cromático e típico do viver das nossas gentes em regime transfronteiriço, contra chuvas, leis e ventos.

Por fim, e sempre, o admirável poeta de «Poemas» (1968), mas sobretudo do tríptico intitulado «Pátria, Mátria, Terra Patrum» (1973). Epopeia, paideia pátria, apologia da pátria Chica, rendilhado de arte poética e embebência na alma popular, o Pátria Mátria é uma obra prima na mais alta oficinagem, emparelhando o erudito e o popular, chegando a elevar os ritmos da lenga lenga e exercício de superior lirismo. Baste a «Toada»:

«Fui à Nave, fui a Rendo,
Também fui à Rebolosa…
Deixei para trás o Ozendo
E as ruas da Legeosa.
Regressei a Quadrasais
E cheguei a Vale d’Espinho,
Onde, cansado demais,
Afoguei a dor em vinho,
Mas não parei. Fui aos Foios,
Percorri Aldeia Velha,
Tristezas que eram aos moios,
Enterrei-as numa quelha.
Depois volvi aos Forcalhos,
Stive em Aldeia da Ponte,
Afastei-me dos atalhos,
Amigos, ninguém os conte.
Agora, stou na Bismula,
Por todo o tempo dos tempos.
Homem que os mais não adula,
Não busque contentamentos.»
(in Pátria, Matria, Terra Patrum)

:: ::
«Carta Dominical», por Jesué Pinharanda Gomes

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Jesué Pinharanda Gomes
Jesué Pinharanda Gomes

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4 Comments

  1. Avatar Joaquim Manuel da Fonseca Responder
    Quinta-feira, 25 Janeiro, 2018 às 15:32

    Que a sua Alma repouse em Paz. Abraço solidário à família e aos numerosos amigos, nesta hora de grande dor, pela perda do Ilustre Humanista e meu tão querido Mestre, dos tempos da velha cidade da Guarda.

  2. António Alves Fernandes António Alves Fernandes Responder
    Sábado, 6 Julho, 2013 às 18:56

    Completamente de acordo com o meu conterraneo e parente
    Manuel Leal Fernandes

  3. Avatar Manuel Fernandes Responder
    Sexta-feira, 28 Junho, 2013 às 15:17

    Foi com imenso agrado que acabei de ler na “Capeia Arraiana” este texto de J. Pinharanda Gomes acerca do Dr. Manuel Leal Freire. Um e outro são duas notáveis personalidades intelectuais, ambos de Ribacoa e do Sabugal, que eu muito admiro pela vastíssima cultura que ambos possuem, um enorme talento, simpatia e um grande poder de comunicação. Além disso, o Dr. Leal Freire é ainda meu ilustre primo e amigo. O Dr. Leal Freire “enche todo o congresso” – tal como se diz no texto. Mas J. Pinharanda Gomes enche de igual modo um congresso.
    Era eu miúdo ainda, a frequentar a Escola Primária da Bismula e já minha avó materna, Luísa Leal, falava com grande encanto do seu sobrinho, o atual Dr. Leal Freire, exaltando a sua memória prodigiosa, a sua vivacidade, o gosto pelo saber e pela vida. E nessa altura, ele estava a concluir na Guarda a Escola do Magistério, para logo a seguir começar a lecionar.
    O Dr. Leal Freire, de facto, “enche todo o congresso” pela sua vastíssima cultura erudita, popular e regional. Quer no ambiente citadino do Porto, quer nos ares serranos de Gouveia ou na simplicidade campestre de Ribacoa, dá gosto ouvi-lo, num permanente desdobrar, a recitar quadras de sabor popular, da veia coletiva ou da sua lavra, com toda aquela sabedoria de gerações e profunda experiência de vida. E igualmente dá gosto ouvi-lo recitar estrofes de Camões, páginas inteiras de forte realismo e grande ironia do Eça, ou trechos de simplicidade campestre, regional ou patriótica de Nuno de Montemor, Silva Gaio, Camilo e tantos outros. Parabéns ao Dr. M. Leal Freire pelos seus talentos. Que eles continuem a frutificar em livros e produção jornalística, em permanentes testemunhos de sabedoria e lições de vida. E obrigado a J. Pinharanda Gomes por me ter proporcionado estas breves palavras a demonstrar o meu apreço e admiração pelo meu primo e amigo, o Dr. Manuel Leal Freire. Manuel Leal Fernandes

  4. Avatar Fernando Latote Responder
    Segunda-feira, 24 Junho, 2013 às 0:38

    Genial, admirável

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