«O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. De facto, sobre o fundo das palavras “Avé, Maria“ passam diante dos olhos da alma os principais episódios da Vida de Jesus Cristo.» (João Paulo II).

Diz-se, e é verdade, que antigamente as Igrejas enchiam em todas as cerimónias religiosas, concretamente na participação e recitação do Rosário no mês de Maio.
Sabemos que existiam muitos factores para que isso acontecesse. Talvez houvesse uma maior fé na humanidade, um maior respeito pelos valores humanos de matriz cristã, uma maior concentração das pessoas no essencial da vida e menos dispersão ou distracção de si mesmas. A saída para estas actividades religiosas era uma forma de libertação, de procura de si próprio e do Outro, de encontrar explicações que fugissem à rotina determinista do dia-a-dia.
Em Aldeia de Joanes, organizou-se o Mês de Maria, com todos os Grupos da Comunidade Paroquial: Irmandade, Grupo Coral e Comissão Litúrgica, Núcleo da Cáritas Paroquial, Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas nº.1335 e os Catequistas.
A adesão é maioritariamente feminina, e, apesar de tudo, nota-se um ligeiro crescimento de participantes. A forte participação dos Jovens Escuteiros tem contribuído para isso.
Com a dinâmica dos grupos a orientar esta oração quebrou-se a rotina e como comunidade cristã, foram lembrados os vivos e as suas necessidades e também todos aqueles que nos antecederam na Fé e colaboraram nesta Igreja a que todos pertencemos, através do Batismo.
Mais uma vez, ouvi as pessoas que, com alguma regularidade, arranjam meia hora diária para participar na Recitação do Rosário na Igreja Matriz de Aldeia de Joanes.
Em pré-reforma de 50 anos – «Sou muito devota de Nossa Senhora de Fátima. Agora tenho mais tempo e, como os filhos não podem ir, venho por mim e por eles.»
Reformada de 66 anos – «Vou todos os domingos rezar à Capela de Nossa Senhora do Amparo. Por problemas de saúde, deixei de ir à Igreja, como tanto gostava. Estou muito debilitada, como vê.»
Funcionária de Lar de 55 anos – «A minha devoção a Nossa Senhora não se questiona, porque lhe tenho muita fé. A reza é uma conversa com Deus em qualquer lugar ou ocasião, mas no Mês de Maria é de forma especial.»
Uma Escuteira Lobita de 9 anos – «Porque gosto de rezar a Nossa Senhora.»
Empresária de restauração de 57 anos – «Gosto de ir rezar no Mês de Maio, pois é o Mês dedicado a Nossa Senhora. Sensibiliza-me este tempo e faço o sacrifício de todos os dias me deslocar a esta Igreja para rezar o terço em comunidade. Maio é o mês do ano que mais gosto.»
Um jovem escuteiro – pioneiro de 17 anos – «Venho participar no Mês de Maria, porque estou inserido neste Movimento Mundial que se chama Escutismo, e é importante viver este momento em grupo. Não tenho dúvidas: se não fosse esse factor não estaria aqui.»
Uma reformada de 72 anos – «Venho todos os dias, pela grande devoção que tenho a Nossa Senhora e por agradecimento às graças que me tem concedido. Por isso aqui venho e já participei numa peregrinação a pé até Fátima.»
Um Jovem Escuteiro – Explorador de 14 anos – «Rezar o terço fundamentalmente porque estou no Agrupamento dos Escuteiros.»
Uma reformada de 68 anos – «Tenho muita Fé em Nossa Senhora e este é o Mês dela. Venho pedir-lhe a sua proteção para mim e para a minha família.»
Um Jovem Escuteiro – Caminheiro de 18 anos – «Tenho muita Fé e acredito em Nossa Senhora.»
Um reformado de 78 anos – «Venho como cristão praticar a devoção que tenho a Nossa Senhora.»
Termino este texto com uma oração, a pedido do Pároco Álvaro Teixeira, Missionário Claretiano, atualmente em missão no Sul de Angola, que ouvi do meu saudoso Pai – José Maria Fernandes – pronunciada há anos no encerramento do Mês de Maria, na Comunidade do Coração de Maria, no Bairro da Azeda em Setúbal.
«Senhora de Fátima, olha por nós, por aqueles que todos os dias aqui vimos rezar aos teus pés, pedir a tua proteção divina e maternal.
Senhora de Fátima, olha por aqueles que nunca tem tempo, o tempo de aqui estar meia hora, apesar de terem responsabilidades pastorais e compromissos cristãos.
Senhora de Fátima, olha por todos aqueles que acreditam e têm fé sem medo, mas também por todos aqueles que com comodismo, desinteresse, desleixo ou esquecimento, adormecimento, aqui não aparecem, pois não estarão longe do Teu Coração Maternal.»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
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