A Democracia é um ideal que levado a preceito constitui uma ameaça demolidora para aqueles cujo dinheiro ou posição social lhes permite manipular impunemente o jogo democrático.
No chamado Ocidente, principalmente nos Estados Unidos e na União Europeia alemã, tem-se assistido a um enorme crescimento das desigualdades sociais, concentrando-se a riqueza, lucro e propriedade em muito poucas mãos, isso, como é lógico, está ligado a um deterioro cada vez maior das instituições democráticas, governos, parlamentos e justiça, a um descrédito e repulsa da política e dos políticos, a um aumento da abstenção, ao ressurgir da extrema direita e à corrupção. O poder financeiro e económico, esta classe dominante, controla a economia e é ela que dita as normas segundo as quais actuarão os políticos, tudo em detrimento dos interesses da maioria da população.
Querido(a) leitor(a), como exemplos dir-lhe-ei que a actual polémica em Portugal sobre o valor das reformas e aumento da idade dessa mesma reforma, tem a ver com a vontade da classe dominante, tanto portuguesa como estrangeira, mais dia menos dia será tudo entregue à iniciativa privada, a uma companhia de seguros nacional ou internacional ou a um banco, com os accionistas à procura do maior lucro possível. Os salários são cada vez mais baixos, porquê? Ordens expressas do grande capital internacional e nacional. O que é o euro? Uma moeda multiplicadora de riqueza para os poderosos e uma moeda empobrecedora para os pobres. Porque perdemos a soberania? Para que nenhum político tenha a ousadia de defender o Povo Português, mas ter de respeitar escrupulosamente a lei dos mercados, e se por acaso alguém não obedecer a essa lei dos mercados, a pressão do dinheiro internacional será de tal ordem que o fará cair. A Democracia terá de obedecer aos mercados, são ordens para cumprir…
Esta casta dominante corrompe até à medula alguns políticos, as actividades ilícitas desta mesma casta dominante endinheirada, e dos seus sócios políticos, têm repercussão na vida dos povos e das nações, mais do que imaginamos. Segundo o Banco Mundial, cada ano no Mundo, a quantidade de dinheiro procedente da corrupção, das actividades delituosas e da fuga de fundos para os paraísos fiscais é de 1,6 biliões de euros… Ainda têm o descaramento de dizer que quanto maior for a sua riqueza, mais esta se repercute no bem estar de todos… Só se for no Inferno!
Li este pensamento de um filósofo, Luc Ferry: «O que me entristece porque sou democrata de alma é a constância com que o povo em tempos de crise, elege sem falta, senão os piores, pelo menos os que ocultam mais habilmente e mais amplamente a verdade.»
São estes, os da «Fome de dinheiro e de poder» juntamente com os seus «amigos» políticos, que tudo consomem, desde os recursos humanos até aos do meio ambiente, e que não estão interessados a pôr cobro ao abandono das populações das zonas rurais para o litoral e para o estrangeiro.
Querido(a) leitor(a), muita riqueza significa muito poder, e o poder nas mãos dessa elite económica significa menos Democracia e mais pobreza para todos.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Felicitações pela exposição e pela denúncia das causas que promovem a atual situação socioeconómica.
Um abraço.
Só responsabilizando os habilidosos se conseguiria destacar os verdadeiros e não vejo que isso esteja para breve.
Abraço.