A Teologia da Libertação, ao contrário do que alguns pensam e outros maldosamente insinuam, não tem como pai nem como padrinho Marx. Pai e padrinho são os profetas bíblicos, o comportamento de Cristo na Terra e o compromisso dos cristãos com a Justiça e com a Liberdade.
Querido(a) leitor(a), a Teologia da Libertação nasce na América Latina, foi um dos seus fundadores o teólogo brasileiro Leonardo Boff. Esta Teologia nasce para ouvir o grito dos oprimidos pela vida e pela justiça. Nela existe uma experiência espiritual que é: como anunciar que Deus é Pai de bondade num Mundo de miseráveis? A Teologia da Libertação quer mostrar-nos que Deus é vida e dá vida. Acontece que todo este capital religioso deu origem a práticas libertadoras como as comunidades cristãs de base, grupos de Direitos Humanos, células de sindicatos e participação em partidos que querem mudanças na sociedade. Só quem não conhece um pouco da América Latina é que não se apercebe que tudo isto, sindicatos, partidos, Direitos Humanos e comunidades de base (os mais humildes), é sinónimo de subversão, guerrilha e Marxismo, por parte da elite política e económica. Por isso, a Teologia da Libertação foi tão perseguida, inclusive por Roma. Leonardo Boff foi castigado por Joseph Ratzinger, Bento XVI – Papa emérito – quando era o Superior da Congregação para a Doutrina da Fé. Muitos teólogos foram castigados, não só Leonardo Boff, este abandonou a ordem Franciscana a que pertencia.
Ainda é perseguida a Teologia da Libertação? Felizmente já não, a hierarquia católica, Roma, já a compreendeu. O que a fez compreender a Teologia da Libertação? E quando? Começou a compreendê-la quando caiu o Muro de Berlim, e o Capitalismo Selvagem entrou no Leste, principalmente na Polónia e mostrou o seu verdadeiro rosto. Sabiam o que era o comunismo, mas presumivelmente não a crueldade do Capitalismo Selvagem…
Francisco tem-nos falado da pobreza, da ajuda aos pobres, ele sabe perfeitamente que os pobres não são simples pobres, são seres humanos oprimidos, feitos pobres por práticas políticas que criam desigualdades, sendo injustas por isso. Como irá ele proceder para os ajudar? Sinceramente não sei, mas espero que não seja só com atitudes de misticismo. Uma das mais fáceis, e que «incendiaria» muitas mentes, era num domingo na Praça de São Pedro cheia de fiéis e durante uma celebração litúrgica transmitida pela televisão para o Mundo, denunciar bem alto os líderes europeus e mundiais, cuja falta de sensibilidade social só provoca pobreza. Será que Francisco foi eleito para isso? Homem da América Latina, terra de pobreza e de ditadores, conhecedor do sofrimento dos mais humildes e, o desbloqueamento do processo de beatificação do antigo arcebispo de São Salvador, Oscar Romero «a voz dos sem voz», assassinado pelas hordas selvagens ao serviço da Oligarquia reinante do seu país, levam-me a crer que sim, oxalá não me engane.
Vou deixá-lo querido(a) leitor(a) com algumas frases de Monsenhor Oscar Romero:
«Estas desigualdades injustas, estas massa de miséria que bradam ao Céu, são a antítese do nosso cristianismo.»
«Uma religião de missa dominical, mas de semanas injustas não agrada ao Senhor. Uma religião de muitas rezas com hipocrisia no coração, não é cristã. Uma Igreja que se instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, mas que esquece as injustiças, não é a verdadeira Igreja».
«Ainda quando nos chamam loucos, ainda quando nos chamam subversivos, comunistas e todos os qualificativos, sabemos que não fazemos mais do que pregar o testemunho subversivo das bem – aventuranças, que proclamam bem – aventurados os pobres e bem – aventurados os que têm sede de justiça».
«Muitos queriam que o pobre sempre dissesse que é “vontade de Deus” viver pobre. Não é vontade de Deus que uns tenham tudo e outros não tenham nada».
«Quando alguém dá pão a quem tem fome, chamam-lhe santo, mas se pergunta pelas causas da fome do Povo, chamam-lhe comunista e ateu. Mas há um “ateísmo” mais próximo e mais perigoso para a nossa Igreja: o ateísmo do Capitalismo quando os bens materiais se transformam em ídolos e substituem Deus».
«Espero que esta chamada da Igreja à Justiça Social não endureça ainda mais o coração dos Oligarcas, senão que os mova à conversão».
Não morreu, mataram-no!
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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António Luis Pereira :
Nunca a Teologia da Libertação foi tão necessária na Europa como hoje, a Oligarquia europeia está a criar desemprego, pobreza e medo entre as classes trabalhadoras. O que aconteceu no Chile de Pinochet e na Ditadura Argentina, está a acontecer nos países europeus, mas aqui sem ditaduras cruéis, embora os governantes gregos e italianos ( antes destas últimas eleições ) tivessem sido postos a governar sem serem eleitos, pela Alemanha, já não Nazi, mas com os mesmos sentimentos que sempre a caracterizaram: racismo « Povo Eleito » e um elevado grau de superioridade perante as outras nações europeias.
O que disse de Francisco, o tempo dirá se acertei ou não, até gostei do discurso do 1º de Maio que ele proferiu ao referir-se ao desemprego e à pobreza.
Quanto à questão da Liberdade de Pensamento, saiba que fui expulso de um jornal onde escrevia… Os tempos estão dificeis aqui em Portugal para os que remam contra a maré.
Obrigado António Luis Pereira pelas suas palavras, aconselho-o a ler este Blogue « Capeia Arraiana ».
Obrigado Antonio Emidio,
conforta-me saber que na Europa há pessoas que divulgam a teologia de libertação verdadeiro bálsamo para as feridas sentidas pela opressão capitalista e da própria igreja, sou brasileiro, filhos de portugueses para aqui empurrados pela opressão salazarista, de São Paulo cidade que contém representantes do mundo todo portanto com vasto horizonte para dicernir o
que significa liberdade de pensamento.