«A Ronda» é o tema de um fabuloso quadro de Alcínio, em que o pintor de Aldeia do Bispo retrata uma das mais importantes tradições raianas, que o tempo já derriscou definitivamente das aldeias.

A Teologia da Libertação, ao contrário do que alguns pensam e outros maldosamente insinuam, não tem como pai nem como padrinho Marx. Pai e padrinho são os profetas bíblicos, o comportamento de Cristo na Terra e o compromisso dos cristãos com a Justiça e com a Liberdade.
Vivemos tempos conturbados em toda a Europa e muito particularmente na zona euro. A austeridade implacável que vem sendo aplicada em países como Portugal está a matar a economia e a impedir o crescimento. Mas importa perceber porquê.
A teoria económica dominante diaboliza a despesa excessiva do Estado, afirmando que ela tem um efeito perverso, não só traduzido num descontrolo do deficit público, como também num aumento do consumo, sendo que ambos conduzem ao agravamento da dívida da economia. Foi essa aliás a politica seguida durante demasiados anos pelos governos da Grécia e de Portugal, cujo descontrolo e derrapagem na despesa gerou a crise de desconfiança que levou ao desespero.
Em Portugal, tornando-se imprescindível reequilibrar as contas públicas avançou-se com um ambicioso programa de contenção das despesas e de aumento de impostos. Contudo, os resultados esperados não apareceram e a resposta face a cada fracasso é sempre o reforço do corte a eito na despesa do Estado, seja nos vencimentos dos funcionários, nas reformas, na área social, na educação e na saúde.
A cartilha ideológica do ministro Vítor Gaspar, considera que o corte profundo nos gastos do Estado é a medida adequada para reduzir o deficit, baixar a dívida pública e arredar os obstáculos ao crescimento da economia. Esta teoria da austeridade feroz compatível com a recuperação económica assenta numa crença: a redução da despesa do Estado leva à diminuição do consumo, que por sua vez possibilitará o aumento da poupança. A poupança gerará aumento do investimento, e este garantirá o crescimento da economia e a retoma do emprego.
Há, porém, um erro crasso nesta teorização baseada na virtude da poupança. A questão é que para se poupar é necessário ter rendimento e a verdade é que o rendimento das pessoas está a baixar precisamente em consequência da política de austeridade. Outro problema é que as políticas de contracção na despesa estão a ser aplicadas em simultâneo, com maior ou menor escala, em todas as economias da zona euro. Se a contracção acontecesse numa economia quando as outras crescessem, poderiam estas acomodar o esforço daquela e capacitá-la para o sucesso do respectivo ajustamento.
Assim não sendo, o resultado está à vista em toda a Europa: a dívida sobe e o produto interno contrai.
Resumindo, numa economia em recessão, quando o Estado corta os seus gastos, gera-se ainda mais recessão, cuja face mais visível é a enorme massa de desempregados. Por outro lado a política contraccionista leva a uma diminuição das receitas fiscais (menos actividade económica implica menor cobrança de impostos) e ao consequente agravamento do deficit do Estado, o que por sua vez gera maiores necessidades de financiamento e, no final, o aumento imparável da dívida pública. Não é isso que está a acontecer em Portugal?
Por isso se diz, e bem, que a austeridade nos mata.
Nota:
Os avisos para a deriva da política económica seguida na Europa vieram há muito dos Estados Unidos da América, personificados em dois professores que já foram galardoados com o Nobel da Economia: Paul Krugman e Joseph Stiglitz. De início ninguém lhes ligou, mas agora, depois dos resultados desastrosos dessa política, os economistas europeus teorizam já abertamente pelo fim de uma austeridade que acabará com o Euro e criará uma vaga imparável de desemprego.
Paul Krugman chegou a lançar um Manifesto criticando a cura para a crise na Europa, e recentemente, quando o Tribunal Constitucional português rejeitou algumas medidas do orçamento do Estado, alertou Portugal para recusar substituir essas medidas por quaisquer outras similares.
Joseph Stiglitz, tem por sua vez afirmado que nenhuma grande economia saiu de uma crise através de austeridade, e previu o desaparecimento do euro se as políticas não se alterarem. «A austeridade enfraquece a economia e isso conduz a um ciclo vicioso recessivo», disse.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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Finalmente! Finalmente, mais de meio século depois, como filho pródigo, fui às Festas de São Marcos do Carvalhal do Côa, uma anexa de Badamalos, apesar de as suas gentes estarem sempre muito mais unidas, em termos religiosos, familiares, sentimentais, trabalho e até económicos, à Freguesia da Bismula.
:: :: BADAMALOS :: :: Os manuscritos depositados na Torre do Tombo, em Lisboa, são a resposta a um inquérito censório a todo o reino assinado pelo Marquês de Pombal três anos após o terramoto de 1755. O Capeia Arraiana está a publicar as respostas dos párocos das paróquias das 40 freguesias do concelho do Sabugal agora que, pelo menos 10 das retratadas, vão desaparecer para sempre por obra e graça dos senhores mandantes da troika europeia.
«Poetando» é a coluna de Manuel Leal Freire no Capeia Arraiana, na qual aos domingos vai publicando poemas inéditos, cada um dedicado a uma aldeia do concelho do Sabugal. Nesta edição o escritor e poeta dedica um soneto à freguesia de Pousafoles do Bispo. Seguir-se-ão nas próximas semanas sonetos sobre as anexas desta freguesia.
O Capeia Arraiana retoma a publicação das contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de entidades públicas que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense entre Janeiro de 2012 e Dezembro de 2013. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente. DEZEMBRO de 2012 Ler Mais
As instalações da Reserva Natural da Serra da Malcata, em Penamacor, vão ser o palco, no dia 3 de Maio, da conferência «Serra da Malcata e as suas riquezas naturais» organizada pelo Centro Europe Direct Beira Interior Sul, pela ADRACES, pela Progestur e pela Câmara Municipal de Penamacor.
Quando a «Grândola, Vila Morena» (canção censurada) entoava aos microfones da Rádio Renascença, rasgava-se um mar de esperança maior que todo o oceano. A manhã de 25 de Abril de 1974 devolvia um país ao seio da liberdade, permitindo a um povo o grito de ser livre. Estava em marcha o rumo à cidadania das portuguesas e dos portugueses.
Abri um pequeno opúsculo que dediquei ao tema «Pratos que mataram e por que razão ou súmula de razões mataram», com a evocação duma regra da sabedoria popular, segundo a qual Deus perdoa sempre, o Homem às vezes, a Natureza nunca…
O dia 17 de Abril surgiu com sol radiante e índices de calor pouco normais para a época primaveril. De acordo com as diretrizes da Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco, lá estive perto de Valverde, à espera do autocarro, que nos havia de conduzir a Lisboa. Na comitiva rural, encontrei uma significativa presença das gentes do Ferro, Enxames, Mata da Rainha, Fundão, Aldeia de Joanes e outras freguesias. Naquele espaço de tempo, ainda deu para observar a moderna construção de um lar em ruínas, que se poderia chamar «Portugal». Neste momento, é abrigo da comunidade de estorninhos, pardais e até melros, que por ali encantam e nidificam, embriagados pelo sangue novo primaveril. Houve um homem que avistou um coelho, seguramente para cobrar o IMI às simpáticas aves do lar.