Quase sempre por esta altura a questão do turismo no Concelho é transformada no «D. Sebastião» sabugalense, isto é, naquela panaceia milagrosa que, saída dos nevoeiros, nos conduziria ao progresso e ao desenvolvimento…

Sabem os que me leem e ouvem que defendo que o turismo é um dos pilares de uma estratégia de desenvolvimento sustentado das nossas terras. Mas ser um pilar, é coisa distinta de ser o pilar!

Que o Concelho possui património natural, cultural e arquitectónico capazes de atrair visitantes, disso não há dúvida.

Que há uma franja de turistas que são atraídos muito mais por terras como as nossas do que por destinos turísticos massificados, disso também não há dúvida.

Falta-nos, repito-o mais uma vez, uma estratégia clara de afirmação territorial. Mas tudo isto só quer dizer que o futuro do nosso Concelho também tem de contar com o turismo, mas nunca me ouvirão dizer que o turismo é a solução. Até porque, e digo-o sem medo das palavras, este tipo de turismo contem em si mesmo, algo de «racismo cultural», e explico-me.
Regiões como a nossa são muitas das vezes olhadas enquanto «regiões atrasadas», onde habitam uns seres humanos que ainda vivem e desenvolvem actividades de há séculos, e que temos de os ir ver enquanto ainda lá vivem. Isto é, muito deste turismo tem a lógica do «defensor de espécies em vias de extinção».

E a última coisa que gostariam que acontecesse é que nós fôssemos um Concelho desenvolvido, com população jovem e com uma actividade económica pujante, pois aí, perdíamos a «graça toda»…

Claro que se queremos atrair visitantes temos de saber preservar as nossas tradições e o nosso património e tornar o Concelho num lugar bom para visitar.

Mas se queremos inverter as tendências cada vez mais acentuadas de envelhecimento e desertificação, o turismo não será nunca suficiente.

p.s. A Assembleia Municipal realizada no passado dia 22, mostrou que o conjunto de deputados eleitos há quatro anos, bem como os Presidentes de Junta de Freguesia que ali têm assento atingiram a maturidade e sabem hoje defender com as naturais divergências políticopartidárias os interesses do Concelho do Sabugal.

Não tenho dúvidas em afirmar que quatro anos passados, hoje a Assembleia Municipal é um órgão totalmente empenhado na procura das melhores soluções.

Isto ficou demonstrado com o consenso generalizado que permitiu agendar uma sessão extraordinária da Assembleia para dia 27 de fevereiro, dando tempo, por um lado, para que todos pudéssemos analisar as propostas sobre o futuro da Sabugal+ que, por motivos alheios à Assembleia só tinham sido aprovadas em Reunião de Câmara no dia 22, mas, permitindo, ao mesmo tempo, tomar uma decisão antes da data limite legal de 28 de fevereiro.
É uma honra e tenho sincero orgulho em presidir a este órgão máximo da democracia e do poder locais.

E estou convencido, no dia que escrevo esta crónica (26), que, apesar da sessão extraordinária se realizar no meio da semana, os deputados municipais não faltarão à chamada.

:: ::
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos