Julgo ter circulado nos grandes media a notícia de que aquele ex-ministro estaria a ser investigado a propósito de não sei que parceria público privada. Não sei com que fundamento. O que é estranho, todavia, é que Sua Excelência não seja responsabilizado pelo buraco financeiro que abriu com a precipitada e de todo em todo injustificada nacionalização do BPN.

Qualquer iniciado em finanças tinha obrigação de saber que o desaparecimento daquela estrutura não poderia ter quaisquer efeitos de vulto no nosso sistema bancário. Pelo seu diminuto influxo, menos de dois por cento, do volume global.
E, mais do que isso, pela especificidade própria do seu negócio, muito mais de gestão de grandes fortunas do que actividade bancária propriamente dita.
O público em geral, o povo anónimo que recorre à banca para satisfação das suas necessidades diárias, nem sequer se daria conta do eventual colapso da Instituição.
Só uma ínfima minoria de grandes senhores do capital sofreria algum abalo, pouco mais do que um susto certamente, até porque gente daquela estirpe sabe sempre dividir os ovos por várias cestas, teriam prejuízos, é certo. Mas isso não lhes afectaria o teor de vida.
E no cômputo geral, a não ser que se tratasse de cliente da última hora, as contas com o BPN sempre se acabariam por revelar altamente positivas, dada a alta, altíssima mesmo, rentabilidade dos investimentos por ele negociados, que iam de juros à Dona Branca a acções que quase rendiam o cem por um dos Evangelhos.
Mas foi a esses clientes que não mereciam nenhuma protecção – por se tratar de meros especuladores – que a nacionalização beneficiou.
Com inenarrável sacrifício para o povo humilde e as finanças públicas.
O governante agiu, efectivamente, ao serviço duma pequena clique e em desfavor de todo o País.
Deliberadamente e só para salvar os capitais que o BPN fizera inchar em proveito duma minoria fortemente minoritária.
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«Caso da Semana», análise de Manuel Leal Freire
Caro Senhor
Está a esquecer-se de quem roubou o dinheiro que todos nós estamos a pagar. Provavelmente também participou nos jantares de milhares de pessoas, não regados com sumo de laranja concerteza, promovidos pelos ladrões cujos nomes são bem conhecidos. Quem nacionalizou é culpado, sim. Mas onde estão os ladrões e o dinheiro que roubaram? Tenham vergonha e não venham lançar areia para os olhos de quem, infelizmente, não tem capacidade para distinguir os verdadeiros ladrões que nos estão a assaltar, em nome da democracia. Sinto vómitos só de ouvir gente desta natureza …o decoro obriga-me a não recorrer aos melhores adjetivos da nossa língua. Aprecio as suas crónicas, mas, por favor, não venha tentar recontar a história do Alibábá e seus 40