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Página Principal  /  Bismula • O concelho • Tradições  /  Morte do galo – um jogo sensorial
11 Fevereiro 2013

Morte do galo – um jogo sensorial

Por Manuel Leal Freire
Bismula, O concelho, Tradições entrudo, manuel leal freire, morte galo 1 Comentário

Terça-feira Gorda que, na região sempre foi dia de guarda – não sei se não deveria empregar-se aqui o qualificativo de santo, pois os divertimentos a que o povo se entrega, se por vezes podem estragar o corpo, são perfeitamente inócuos ou mesmo benéficos para a alma – é que a farsa se completa.

Às quatro horas da tarde, o poviléu, em peso, concentra-se na Praça, honroso nome dado ao mais espaçoso largo da aldeia, onde, de resto, no domingo anterior, havia já decorrido a audiência que ditara a morte do galo.

O mordomo da função, versado nos pequenos segredos da topografia do largo, escolhe, assistido por um numeroso corpo de asseclas o ponto onde o galo será enterrado vivo.

Enterrado é como quem diz, pois que a cabecita do imólume bípede fica de fora do transitório coval.

Depois, medindo cerimoniosa e imponentemente umas tantas passadas, nem menos de doze, nem mais de quinze, estabelece a raia.

E é dali que, de olhos vendados e martelo em punho, partirão todos aqueles que quiserem tentar a sorte, arriscando uma propina em troca da possibilidade de se virem a tornar donos do cantante, que lhes pertencerá se conseguirem acertar-lhe com o martelo na crista.

Não sei de quanto é presentemente a quota. Há uns bons anos era de dez tostões.

A receita era para a Confraria dos Solteiros, organizadora do evento que sempre fazia ali uma boa colheita e quase sempre ficava ainda com o galo.

O tapa-olhos era espesso e nas trevas os jogadores tomavam as mais díspares direcções, servindo de mote e mofe, pela sua imperícia à chacota dos circunstantes que os desnorteavam, dando-lhes as mais absurdas sugestões.

Anda prá frente, bruto; arrecua, animal…

E o galaró, desfeiteado pelo precoce enterramento, tremente por tanto arruído e atado de pés e asas, espera ansioso pela hora da libertação.

Libertação que para ele jamais soará, pois escapando quase sempre ao martelo, acabará por morrer às mãos de taberneira que o guisará de cebolada.

E o servirá noite velha, entre fartas libações de vinho aos solteiros.

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«O Concelho», história e etnografia das terras sabugalenses,

por Manuel Leal Freire
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Manuel Leal Freire

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1 Comentário

  1. Carlos de Jesus Responder
    Segunda-feira, 11 Fevereiro, 2013 às 19:30

    Boa noite, meu bom amigo. Começo por agradecer os mails que me vem enviando. Sem dúvida que as vossas tradições e acontecimentos contemporâneos me interessam. Quanto à minha proveniência, não sou Beirão, antes fosse! Sou Saloio, mais propriamente de Torres Vedras. No entanto, tenho amigos na freguesia de Bogas de Baixo. Daí o meu afeto pelos costumes ou vivências cultural da Cova da Beira. Aproveitando o momento, se não for incómodo, caso esteja em sua pertença um artigo que descreva a vida comunitário (do povo) em torno do forno de cozinhar pão, desde já agradeço-lhe pelo envio. Por mais que procure algo sobre o mesmo não obtenho uma resposta concreta.
    Quanto à tradição do galo, duas ou três décadas atrás também passou pela minha zona. No momento, sendo eu adolescente, sentia nesse jogo popular determinado prazer em assistir; Contudo, no decorrer da minha evolução quanto pessoa, admirador e protetor, quer do meio ambiente, quer dos animais, deixei de sentir tal evento como praticável; porém, sinto-o como desumano, não fosse tratar-se de um ser com vida e dor, assim como merecedor de respeito, tanto como um ser humano. Mas, não deixa de sr o horizonte visual a que tenho acesso. Defendo sim o uso de objetos na permanência dos jogos, assim como a continuidade dos mesmos.
    Voltando aos costumes de subsistência do povo, nomeadamente relacionado com o linho, pode certificar-me se os meses das sementeiras, realmente, são em Março e Abril. Na região do Alto Minho, onde atualmente resido, as sementeiras teem lugar em Dezembro/Janeiro, procedendo à arrinca do linhar em Maio. Todavia, sendo que o crescimento do mesmo é rápido, com tais informações encontro-me baralhado.Faz o favor de me ajudar a encontrar esclarecido…?
    Saudações
    Carlos de Jesus

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