«Vós compreendestes melhor que ninguém que a luta para terminar com a escravidão é a luta para libertar o mundo do trabalho, quer dizer, libertar todos os trabalhadores. A libertação dos escravos do Sul é parte da mesma luta pela libertação dos trabalhadores do Norte», Abraham Lincoln.

Está em exibição pelos cinemas do Mundo um filme dirigido e realizado por Steven Spielberg, intitulado Lincoln. Todos sabemos que Abraham Lincoln foi Presidente dos Estados Unidos, venceu os confederados do Sul na Guerra da Secessão tornando-se o garante da unidade dos Estados Unidos, aboliu a escravatura, foi um dos fundadores do Partido Republicano e, coisa que provavelmente o filme não nos mostrará, considerou as conquistas sociais como parte dos Direitos Humanos, ajudou também os trabalhadores dos Estados Unidos a organizar e a estabelecer sindicatos, mesmo já como Presidente! Não vi o filme, provavelmente não o verei, mas duvido que mostre esta faceta social de Abraham Lincoln.
Este intróito querido(a) leitor(a) sobre Lincoln, é para mostrar que a luta de classes está sempre por trás das grandes Revoluções da História, sejam elas nos Estados Unidos ou na Rússia. Acontece que a «modernidade» política vem dizendo de algum tempo a esta parte que as sociedades modernas deixaram de ser sociedades de classes para passarem a ser sociedades de cidadãos, tendo isto sido dito e escrito por corifeus da comunicação social, políticos e economistas ao serviço do sistema vigente.
Cínicos e ridículos é o mínimo que podemos dizer desta gente, então numa altura em que o Capitalismo Selvagem que hoje domina o Mundo, com a sua luta de todos contra todos, com a procura cada vez maior de lucro por parte dos consórcios internacionais, e com a destruição massiva de postos de trabalho, vêm dizer que a luta de classes terminou? Terminou a luta de classes quando se exige aos trabalhadores que não são despedidos que trabalhem mais e ganhem menos, e que se não o fizerem a fábrica ou a empresa trasladar-se-à para um país com salários mais baixos? Terminou a luta de classes quando um executivo qualquer de um qualquer banco ganha centenas de vezes mais do que um normal trabalhador? As sociedades continuam a ser sociedades divididas em classes, desde os Estados Unidos até Portugal, e cada vez se acentua mais a disparidade entre elas. Falar disto e dizer estas verdades não é marxismo! É a realidade!
Não podemos ignorar que o Capitalismo trouxe consigo avanços sociais que não estavam ao alcance de qualquer ideologia ou sistema, foi com ele que a Democracia avançou. Tudo isto se passou depois da II Guerra Mundial, não me canso de o repetir porque é a verdade, foi nessa altura que o Capitalismo levou prosperidade não só aos empresários, mas também aos trabalhadores, foi o Keynesianismo, foram três décadas de prosperidade para todos nesta Europa Ocidental (exceptuando Portugal e os outros países debaixo de ditaduras).
Foi o tempo da Guerra Fria a luta ideológica entre dois blocos: Capitalismo e Comunismo, esta a razão principal do equilíbrio e da prosperidade. Presentemente entrou-se num Capitalismo Selvagem e desregulado, à hegemonia do Capital sobre o Trabalho e ao desmantelamento das conquistas sociais conseguidas nessas décadas, e até séculos…
«A luta de classes existe, de acordo; mas é a minha classe, a dos ricos, a que mais luta… E vamos ganhando.» Disse isto há bem pouco tempo Warren Buffet, o mais bem sucedido investidor do Mundo!!!
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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