Uma reportagem, transmitida por um canal de televisão, dava conta dos milhares de observatórios criados pelos governos e que absorvem milhões de euros do erário público, mas que não observam nada.

Alguns não têm espaço público, limitam-se a ter um número de telefone, e mesmo este é emprestado. No entanto, todos os anos recebem verbas, têm gente a receber e não se sabe se produzem alguma coisa ou não. Estes observatórios são criados pelos ministérios, essencialmente, para produzirem estudos. Estes estudos, raramente estão prontos a tempo ou nunca são tidos em conta por quem decide e os encomendou. No fundo, é um mecanismo para servir as clientelas partidárias e padritárias ( se me permitem a invenção do termo, que vem de padrinho). E entre observatórios, equipas de estudo, etc, etc e outros mecanismos desta natureza se vai desperdiçando muitos milhões de euros. Mas claro que estas coisas não são gorduras. Gorduras são os funcionários públicos, os professores e profissionais da saúde, os subsídios de desemprego, reformas… São estas as gorduras na mente do governo.
Esta semana, um tal ministro Relvas, apresentava-se no canal público de televisão, procurando disfarçar a derrota averbada no concelho de ministros quanto à privatização da RTP, anunciando a reestruturação do canal público. Pois bem, teve uma tirada que exemplifica a azia do ministro e atitude do governo. Dizia que não queria dar cabo das empresas de média privados. Mas pode dar cabo da RTP! É por isso, que somos o país da Europa com menos canais via TDT. E mesmo os quatro canais ditos de canal aberto não são visionáveis em condições por todo o território nacional, porque o governo protegeu os canais por cabo, protegeu os privados, prejudicando a população portuguesa. É o serviço público…
Também esta semana, o PS, resolveu mostrar uma faceta que não condiz com a história do PS. Este motim disfarçado por sectores ou assumidos socratistas, na tentativa de apressar acontecimentos – congresso, eleições directas para líder – para uma tomada de poder, trará ao PS dissabores políticos. O PS tornou-se um partido diferente a partir de José Sócrates. Menos ideológico. Composto por tecnocratas, cujo curriculum se resume às funções dentro do partido. O PS tornou-se na caverna de Platão. Neste prisma, todos os partidos são iguais. Só que o PS, manteve na sua história, uma espécie de liberdade e democracia, onde as correntes, as opiniões, existiam, as mantinha coesão em volta dos líderes. Desta vez, o PS resolveu ser autofágico. Numa altura em que convinha mostrar ao eleitorado uma outra visão de sociedade, o PS, entretém-se a brincar aos líderes.
A TAP e CGD querem continuar a beneficiar de um regime de excepção no que diz respeito aos cortes salariais. Estas empresas públicas beneficiaram desse regime em 2011 e 2012. O ministério das finanças veio, entretanto, esclarecer que este ano não haverá excepções. Contudo, recordo o Banco de Portugal. Não sofrem cortes, aumentam os salários, continuam as progressões na carreira, beneficiam de em regime de reforma próprio, etc, porquê? Não admira que venha o seu governador apregoar os cortes de salários, cortes nas ajudas sociais e mais e mais, não é com ele. Pois aquilo é um estado dentro do estado. E, todavia, não faz o seu trabalho. Pois um dos buracos desta crise nacional, foi cavado à frente dos seus olhos e não o viram. Deveria ter vergonha, o seu governador.
E continua a novela da comissão eventual para a reforma do estado. Aguardemos pelos próximos episódios. O engraçado é o líder parlamentar do PSD dizer que se admira de a oposição votar contra tal comissão. Então, não é o que faz a sua bancada e a do seu parceiro às propostas da oposição?! A política ao mais alto nível cá do burgo.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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