Querido(a) leitor(a), a mensagem de Cristo, mensagem de amor, de justiça, de paz e de misericórdia, já há muito que foi substituída pela mensagem do homem, injustiça, ambição e ódio.
Como me guio pela razão que me foi dada por Deus, e não pelos dogmas dos homens, a fé para mim, ou a falta dela, é um assunto muito íntimo, não é coisa para se andar a espalhar aos quatro ventos como se fosse um troféu. A razão diz-me que Deus está marginalizado! Quem o marginalizou? Foi uma ideologia, ou um sistema, que nunca conseguiu levantar os olhos para o alto e para o longe, sempre viveu e vive do efémero, é egoísta e só dá valor ao dinheiro, ao êxito, à fama e ao poder.
Há mais de um mês, muito mais, que as televisões nos lançam todos os dias publicidade de produtos para comprarmos agora pelo Natal, é o espirito do lucro, a febre do consumo, espera-se então pelo nascimento de Cristo, não para o adorarem e cumprirem a sua mensagem, mas sim para se servirem dele, principalmente esses grandes consórcios internacionais que enviam para o mercado produtos quase todos eles mais que supérfluos.
Este império materialista é o culpado da desigualdade reinante, desigualdade chocante, esta desigualdade é tão perversa que é a partir dela que o homem se mede pela sua conta bancária, não pelas suas virtudes humanas, essas deixaram de ter valor, por isso vemos tanta alma vil e vulgar ser glorificada, e tanta alma pura ser marginalizada.
O Natal sempre foi a festa da família, como será presentemente o de milhares de famílias atormentadas pelo desemprego, pela precariedade laboral, pelos salários de miséria, e até pela fome? Como será o Natal daqueles que originam todo este sofrimento? Todos estes dramas? Daqueles que estão sentados em confortáveis e bem pagas poltronas com dinheiros públicos? Alguns dizem-se Democratas Cristãos, sabe porquê querido leitor? Para não parecer mal a sua política de subserviência aos ricos e poderosos.
Há quem não aceite este modelo criado pelo sistema, esses ainda estarão com as suas famílias, nas suas terras, numa cozinha aquecida pela lareira, sentados a uma mesa cheia de iguarias tradicionais do Natal português, juntemos a estes aquelas almas puras e solidárias que nestes dias e nestas noites percorrem as ruas e avenidas das cidades, entram em casas necessitadas nas vilas e aldeias levando um pouco de conforto aos que vivem na rua e aos que nada têm. Comparo-os a todos aquelas frondosas árvores que estão alimentadas pelas suas profundas raízes.
O(A) leitor(a) perguntar-me á se isto que escrevi é o sermão da missa de Natal, não querido(a) leitor(a), não é! É um artigo de alguém com o espirito livre, de um pensador livre, com a noção de que as suas palavras as leva o vento porque são um desafio ao sistema imperante e triunfante.
Administradores do Capeia Arraiana, colaboradores(as) e leitores(as), passai esta quadra o melhor que puderdes, juntamente com as vossas famílias.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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