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24 Dezembro 2012

Casteleiro – os primeiros telefones

Por José Carlos Mendes
José Carlos Mendes
A Minha Aldeia, Casteleiro josé carlos mendes, pbx Deixar Comentário

Estava-se ali por volta de 1950 e poucos e eis que os primeiros dois ou três telefones chegaram ao Casteleiro. Eram telefones grandes, pretos. Mais tarde, outros e um PBX. Dos leitores mais novos, poucos terão visto alguma vez um PBX daqueles, em que havia cavilhas para estabelecer as ligações. Mas já explico.

Antigo posto de PBX

A malta nova nem imagina o que era fazer uma chamada de Lisboa para o Casteleiro – ou para outra terra… Na era do ipod e do ipad, do tablet, do messenger, do gmail/voz e do skype… quem vai imaginar um aparelho preto enorme em cima de uma mesa, e, no meio da ligação, um PBX, ou seja, na prática, um comutador através do qual um operador estabelecia a tão desejada ligação… para ouvir (mal) a voz que amamos. Era uma epopeia.

Ligar e com sorte ser atendido um quarto de hora depois. A seguir… muitas horas para conseguir que, depois, chamassem a pessoa com quem se queria falar para a hora tal… e lá se ligava outra vez.
Odisseias completas.

PBX antigoOs primeiros telefones

No País, o telefone estava a ser um sucesso merecido. Veja-se, por exemplo, a publicidade dos anos (19)30: «Não vá a Lisboa se não de telefone / 2 escudos de dia / 1 escudo de noite.»

Cerca de 15 a 20 anos depois, chegaram os primeiros telefones ao Casteleiro. Primeiro, só nas casas senhoriais. Depois, nos comércios. As ligações eram numeradas. Nunca mais nos esquecemos, os que viveram esses dias. Era assim: Morgado de Santo Amaro, número 31. Quinta de Valverdinho, 32. Quinta das Mimosas (D. Maria do Céu Guerra), número 33. O 34, não sei de quem era: não me lembro mesmo. Mas sei muito bem que o 35 era do Sr. Tó Pinto (a loja – o maior e mais conceituado estabelecimento de comércio destas bandas). O 36 era do Sr. Joaquim Canelo e o 37, do Sr. Manuel Martins (Abade).

Ao princípio, quem estabelecia a ligação, quando se queria falar de uns para os outros ou para fora da localidade, era o Terreiro das Bruxas que, na altura, era assim como que uma espécie de entreposto tecnológico da região: Vale para um lado, Sortelha para outro, Casteleiro para Sul e, para Norte, o centro regional local: Sabugal. Mais tarde, veio um PBX mesmo para o Casteleiro. Ainda se contavam pelos dedos das duas mãos os telefones que havia: os «assinantes», como se dizia.

Cabine de PBXEra preciso rodar a manivela…

Para accionar o telefone ou o PBX, era com todos os matadouros. Era preciso rodar a manivela e tudo…

A coisa funcionava mais ou menos assim: se da Quinta de Santo Amaro houvesse necessidade de falar para o Grémio do Sabugal, a empregada ligava para o PBX do Casteleiro. O PBX ligava-se ao Terreiro das Bruxas e dali para o Sabugal, que fazia por sua vez a ligação ao Grémio.

Um longo percurso, comparado com o que se passa hoje, com os novos meios. Mas para a época, porque comparado com o ir ao Sabugal (havia dois carros na zona) de burro ou de carro de vacas… imaginam. Era uma maravilha estar só meia hora à espera de uma chamada para a Vila. Estes, eram em geral telefonemas de negócios das quintas.

Mais tarde, nos anos 60, a nova tecnologia democratizou-se um bocadinho e muito mais pessoas começaram a utilizar este novo meio de comunicação. Mas ainda se dava à manivela ali pelos meados da década de 60.

«Andava ali a tratar das galinhas»

Para ilustrar à saciedade como funcionava a coisa naqueles tempos heróicos em matéria destas então novas e moderníssimas tecnologias, nada melhor do que o episódio que segue. Um de entre muitos, iguaizinhos, que todos os dias se devem ter repetido por esse País abaixo.
Vamos imaginar-nos em 1965 ou 66. Estamos em Lisboa, vamos de férias e, por alguma razão, temos de ligar, digamos, para um amigo em Lisboa.

Vamos então ao Posto do Telefone. A menina, simpática, digamos, a Zèzinha, atende-nos amavelmente – estava ali no quintal com uma amiga a fazer renda, ouve-nos e de imediato dirige-se ao «seu» PBX. O circuito da ligação vai ter de ser o tal: Casteleiro / Terreiro / Sabugal / Guarda / Lisboa…

A minha história encontra um primeiro nó imediatamente ali no Terreiro das Bruxas. É que a «operadora» era uma senhora respeitável, mulher do Sr. Zé Aníbal, uma dona de casa boazinha e simpática, já com os seus 60 e tal anos. Mas… para ela atender o telefone?

Depois de um quarto de hora, meia hora, lá vinha ela, rodava a manivela; cá no Casteleiro tocava a campainha e a suposta Zézinha atendia:
– Então, tia Marquinhas?

Era mesmo sobrinha.
– Ai, minha filha, desculpe. Andava ali a tratar das galinhas. Diga lá o que era preciso. Para onde é que quer que lhe ligue, minha filha? É para o Sabugal?

Às vezes:
– Olhe, faça a menina que eu agora não tenho tempo. Desculpe lá…

Deixava o PBX dela ligado e… a Zézinha estabelecia a ligação. Noutros casos, ela pedia mesmo o número e, aí, a operadora do Casteleiro dava-lhe o número.

A pessoa que precisava da ligação e esperara meia hora, lá se sorria e, alguns minutos depois, talvez estivesse a falar com o amigo em Lisboa. Havia casos de demoras bem maiores: horas, para conseguir que fosse estabelecida uma única ligação.

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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Abril de 2012.)

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