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Página Principal  /  Arroz com Todos • Opinião • Ruvina  /  O génio alemão
14 Novembro 2012

O génio alemão

Por João Valente
João Valente
Arroz com Todos, Opinião, Ruvina albert einstein, joão valente 3 Comentários

Embora perceba o seu contexto, que é o da actual crise económica da Europa e de Portugal, o artigo do meu querido amigo António Emídio sobre o «Egoísmo Alemão» é redutor e injusto para a cultura e povo alemães, porque os julga por uma época histórica e por um único filósofo.

Albert Einstein - Capeia Arraiana
Albert Einstein

O que faz, equivaleria a julgar o povo e cultura portuguesas pela Inquisição, pelo regime do Estado Novo, ou pela crise económica e política actual!

As contribuições da Alemanha para o património cultural da humanidade são evidentes, numerosas e conhecidas, a ponto de ser conhecida pela terra dos poetas e pensadores (das Land der Dichter und Denker), e não é a actual situação da Europa que apaga esta verdade!

A Alemanha foi o berço de vultos importantíssimos na história da música no passado (Sebastian Bach, Christian Bach, Carl Weber, Felix Mendelssohn, Beethoven, Wagner, Händel, Brahms, Orff, Strauss, Schumann, Offenbach, ou que foram de cultura e língua alemã como Mozart, Haydn, Alban Berg, Bruckner, Mahler, Franz Liszt, Schönberg, Dietrich Buxtehude, Schubert, etc.) e continua no presente a ter uma enorme cultura musical (destaque para o Tokio Hotel, Scorpions, Alphaville, Böhse Onkelz, Boney M., Rammstein, Die Ärzte, Die Toten Hosen, Lacrimosa, Accept, Kreator, Destruction, Grave Digger, Sodom, Gamma Ray, Running Wild, B. Guardian, Avantasia, Helloween,, Edguy, Megaherz, Tankard, Desaster, Inquisitor, Protector, Cinema Bizarre. etc); nas artes, de movimentos e nomes bem conhecidos (No Renascimento, Albrecht Dürer foi um dos nomes maiores. Max Ernst, no surrealismo; Franz Marc, na arte conceptual; Joseph Beuys, Wolf Vostell, Bazon Brock, no neo-expressionismo Georg Baselitz); no pensamento, dos mais importantes filósofos modernos (Copérnico, Kant, Hegel, Marx, Nietzshe, Schopenhauer) que influenciam toda a filosofia actual, inclusive a francesa, tida como a Terra das Luzes, mas que não teve um único filósofo original; na religião, de Lutero, o pai da reforma protestante; na teologia uma escola sempre avançada no tempo (com nomes como Friedrich Schleirmacher, Davisd Staruss, Albert Ritschl, Ennst Troeltsch, Adolf von Harnack, Herman Samuel Reimarus, Gerhard Maier, Ernst troeltsch, Hans Kung, Erich Fromm, Ratzinger) e da qual nasceu o recente e importante manifesto reformista «Igreja 2011, uma viragem necessária», subscrita por mais de duzentos catedráticos de teologia alemães, austríacos e suiços; na literatura, alguns dos mais importantes poetas, romancistas e dramaturgos mundiais (Goethe, Schiller, Novalis, Holderlin, Thomas Mann, Heinrich Mann, Klaus Mann, Hermann Hesse, Günter Grass, Gerhart Hauptmann, Georg Büchner, Frank Wedekind e mais recentemente Ernst Toller, Peter Weiss e Bertolt Brecht, etc).

Na ciência e tecnologia há também conhecidos alemães (na ciência, Albert Einstein e Max Planck, Werner Heisenberg, Max Born, Hermann von Helmholtz, Joseph von Fraunhofer, Daniel Gabriel Fahrenheit. Wilhelm Conrad Röntgen, na técnica Wernher von Braun, Heinrich Rudolf Hertz, Alexander von Humboldt; na matemática Carl Friedrich Gauss, David Hilbert, Bernhard Riemann, Gottfried Leibniz,Carl Gustav Jakob Jacobi, Hermann Grassmann, Karl Weierstrass, Richard Dedekind, Felix Klein e Hermann Weyl; na invenção Johannes Gutenberg, Hans Geiger,Konrad Zuse; engenheiros e industriais como Ferdinand von Zeppelin, Otto Lilienthal, Gottlieb Daimler, Rudolf Diesel, Hugo Junkers, Hans von Ohain, Nikolaus Otto, Robert Bosch, Wilhelm Maybach e Karl Benz) e as principais pesquisas na Europa do século passado tiveram origem na Alemanha, laureada com cerca 1/3 dos prémios Nobel (química e física) entre 1901 e 1933, e cujos cérebros, com a diáspora da segunda guerra, estiverem na origem do desenvolvimento cientifico dos EUA.

E se tal não bastasse, na Alemanha existem cerca de 300 teatros, alguns de nome mundial, como os Deutsches Theater, Schillertheater e Opernplatz em Berlim, Teatro Nacional, em Munique, Theater im Hafen, em Hamburgo, 130 orquestras profissionais, como a Orquestra Sinfónica Alemã, em Berlim, Orquestra Sinfónica de Hamburgo, e pelo menos onze orquestras estatais, 630 museus de arte com acervos de importância internacional, como o Ludowig, de Colónia, ou de Arte Contemporânea ou de História da Alemanha, em Berlim, cerca de 370 estabelecimentos de ensino superior de renome internacional, como a secular universidade de Heidelberg, a Universidade Humboldt de Berlim, Técnica de Dresden, Colónia, Bremen, Tübingen. Técnica de Munique, Ludwig Maximilian de Munique, Livre de Berlim, Escola Superior Técnica (RWTH) de Aachen e de Konstanz.

O «antigermanismo», é uma questão de preconceito e deve-se à ignorância da importante e brilhante cultura Alemã, sobretudo literária e filosófica, no concerto dos países civilizados e cultos, que é muito superior à cultura francesa; uma cultura brilhante, assente nas suas universidades e construída pelos seus mais notáveis filósofos e poetas da Europa, que foram beber, como Goethe, Hoderlin, Schopenhauer e Heidegger, aos Gregos e à Revelação Bíblica, das águas da melhor inspiração intelectual e espiritual.

É este intimo diálogo entre a poesia e a filosofia, em que muitos poetas, como Holderlin, também foram filósofos, e muitos filósofos, como Heidegger, que também foram poetas, faz a particularidade do «Génio Alemão». Um diálogo que até é semelhante ao da «tradição portuguesa» – cujo expoente máximo foi o Infante D. Henrique, Camões, Vieira, no passado; e mais recentemente Sampaio Bruno, Pessoa e Pascoais – porque os Alemães, como alguém disse, também de algum modo procuraram essa «Índia Nova de que são feitos os sonhos», no dizer admirável de Fernando Pessoa, Índia que não está no mapa, e que os mitólogos situam eruditamente na perdida Atlântida, de que nós, nas Ilhas e na Península, somos ainda o remanescente.

Heidegger, um dos últimos filósofos Alemães de alta qualidade, fazendo sua toda a compreensão da idealidade romântica e grega, interpreta Holderling, um poeta que, quase à semelhança do nosso Pascoais, enlouqueceu por querer encontrar o Céu.

No livro que lhe dedicou, agudo e penetrante é o estudo que Heidegger faz do poeta, esse poeta louco de Dionísio, como em parte foi também o nosso Pascoais. Tal como Nietzsche, enlouqueceu pelo deus que, na mítica grega, corresponde a Cristo, porque é o Deus sacrificado.

Esta correlação e reciprocidade entre Dionísio e Cristo é fundamental e importantíssima para a nova cultura e influenciou toda a Europa Ocidental, inclusive Portugal.

Quem não leu entre nós a obra de Pascoais, nomeadamente os seus livros «São Paulo» e «Jesus e Pã», ou Sampaio Bruno e o seu «Brasil Mental» e «A Ideia de Deus», para perceber que esta procura da consciência interior tão presente na poesia e pensamento alemão, esta dualidade entre a matéria e o espírito, esta correlação entre Dionísio e Cristo, influenciou a cultura europeia?

Foi precisamente a imitação deste diálogo entre a poesia e a filosofia, de influência alemã, conscientemente feito pelo Nosso Sampaio Bruno e Teixeira de Pascoais, e de que Leonardo Coimbra faria a síntese, que deram origem ao Existencialismo Português, e permitiram um florescimento da cultura portuguesa na transição do século XIX para o XX em torno do movimento da Renascença e da revista Águia, que influenciaria muitos dos movimentos culturais e artístico do nosso país do século XX, inclusive, por remota filiação o pensamento, entre outros, dos nossos Álvaro Ribeiro, Júlio Marinho, Eduardo Lourenço e Pinharanda Gomes.

Resumindo e concluindo: O povo Alemão, é como todos os povos e indivíduos: tem fases boas e menos boas de existência; e não é uma fase ou aspecto menos bom da mesma, que, generalizando, nos dá o direito de a distratarmos no seu todo!

O povo alemão, é como qualquer povo. Nem melhor, nem pior!

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«Arroz com Todos», opinião de João Valente

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3 Comments

  1. Avatar Hilton de la Hunt (Artur Pardal) Responder a Hilton
    Sexta-feira, 16 Novembro, 2012 às 15:17

    “aquele povo” uniu-se uma só vez …. no dia 3 de Outobro de 1990, portanto há exactamente 22 anos, um mês e um par de dias. O seu professor de história há 40 anos atrás, lógicamente, informou-lhe mal.
    Confundia o seu estimado professor possívelmente – a única – união de 49 estados livres, o Reichsgründung, para o Kaiserreich em 1871 com uma unidade da Alemanha.
    Espero q com está informaçao …. nunca é tarde para aprender 😉 – o senhor reconsidere a sua opinião.
    Bem hajam

    • Avatar João Valente Responder a João
      Segunda-feira, 19 Novembro, 2012 às 12:29

      A Alemanha como nação é recente, e não vai muito antes ao tempo de Goethe e Wagner. E a união política da nação Alemã é mais recente ainda, e até nem está completa, se atendermos às franjas de população germanófonas noutros países limítrofes da Alemanha. Cada povo é o resultado do seu encontro com cada período concreto da história, tal como cada indivíduo. Como os povos, não há indivíduos bons ou maus, mas livres ou não. O Jorge de Sena dizia a este respeito, muito a propósito das relações entre os povos, que «só é inferior quem foi mantido em condições de inferioridade [..] e nisto de glórias é sempre uma triste questão de contas correntes e juros, quando não é […] uma questão de liberdade e de superior destino do homem».

  2. Avatar Carlos Marques Responder a Carlos
    Quinta-feira, 15 Novembro, 2012 às 18:51

    Parabéns a ambos pelos respetivos artigos! Alguns nomes e referências sem interesse para a dimensão da Alemanha. Também faltou a liga de futebol Alemã com os seus estádios sempre cheios. Creio que a última frase deita muito a perder: “O povo alemão, é como qualquer povo. Nem melhor, nem pior!”
    Como tenho relacionamento e experiência de vivência com alguns povos, não posso comparar o povo Indiano ao Alemão, nem o Árabe ou Chinês, nem o Português ao Americano ou a qualquer destes!!.
    Também nunca me esquecerei de um professor de Estória (História) que tive no antigo Liceu D.Manuel II no Porto, que à cerca de 40 anos atrás, nos disse: ” Ao longo da história, sempre que aquele povo se uniu, deu merda…!!
    Dei-lhe e dou-lhe razão!
    Também gostaria de ver toda a gente referida em ambos os artigos a votar nas opiniões dos queridos amigos António Emidío e João Valente!!
    Saudações a ambos!!!

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