Todos os anos, no primeiro fim-de-semana de Outubro vou em excursão, com as gentes de Aldeia de Joanes a Fátima, inserido na Grande Peregrinação Franciscana, que se realiza a nível nacional. É interessante que a veneração a São Francisco de Assis, tem alguma implementação na zona circundante do Fundão. Imagens, capelas e conventos são sinais dessa presença. Na viagem e na Cova da Iria, cruzamo-nos e encontramos oriundos de Aldeia Nova do Cabo, de Alpedrinha, de Castelo Novo e do Fundão.

É interessante ir em comunidade, compartilhar e partilhar os nossos farnéis, estarmos numa proximidade de uns com os outros.
Dormimos, descansamos na Casa de Nossa Senhora de Fátima, das Servas de Jesus, da Diocese da Guarda. Ali temos a simpatia e simplicidade das Irmãs e todas as condições para partilharmos as nossas refeições.
Chegados no Sábado, deslocámo-nos para a Igreja da Santíssima Trindade, onde em conjunto com milhares de «Irmãos Franciscanos», da Família Franciscana, assistimos à Eucaristia, presidida por um Bispo de Moçambique, em que não faltou a pregação inflamada, interessante, oportuna, mas curta do Padre Vítor Melícias, exaltando a mensagem fraterna de Francisco de Assis e da Obra Franciscana em Portugal e no Mundo.
O Grupo Coral das Irmãs Franciscanas com a sua música litúrgica e vozes apuradas, convidam-nos para um ambiente de espiritualidade e de fraternidade.
À noite, com tempo de verão, milhares de pessoas incorporam-se na Procissão das Velas, com um caudal comovente de luz e de fé.
No Domingo de manhã, percorri as proximidades da Igreja da Santíssima Trindade. Fico sempre encantado com a sua beleza e grandiosidade. Paro junto das diversas portas imponentes e trabalhadas com inscrições evangélicas de salvação. No seu interior, admiro e medito no painel em tons dourados, suavíssimo atrás do altar, obra com simbologia bíblica. Olho para a figura simples, forte, escura e poderosa na sua agonia de um Cristo Crucificado. Junto ao altar a imagem branca de Nossa Senhora, com muita espiritualidade e leveza, fazendo-me lembrar uma jovem camponesa trajada à moda das pastorinhas. No centro do altar, um relicário com um pedacinho de uma pedra do túmulo de São Pedro de Roma a dar-nos a imagem da universalidade da mensagem de Fátima.
Cá fora, olho para aquela altíssima e estilizada cruz e mais à frente a Estátua de João Paulo II. Aqui fico em silêncio alguns minutos. Não posso ir a Fátima sem fazer uma visita obrigatória a este saudoso Papa. Desta vez toquei-lhe acentuadamente no seu manto pontifício, como que o agarrei e pedi-lhe muito baixinho uma graça muito especial, que só ele ouvisse, porque há sempre muita gente junto dele. Foi-me concedida, bem-haja, João Paulo II.
Ali está, numa escultura notável, repleta de piedade e comovente autenticidade, concebida por um seu conterrâneo, com a anotação das viagens ao Santuário de Fátima.
Terminadas as Cerimónias Dominicais, com o inesquecível adeus à Virgem, regressamos a Aldeia de Joanes, num são e agradável convívio, numa jornada franciscana muito feliz e de espiritualidade.
Regressámos às nossas normalidades da vida, com cadências, ritmos, com altos e baixos, pressas e paragens e esperanças. São estes momentos de espiritualidade que nos devem fazer mais fortes e seguros para resistir às inúmeras dificuldades e austeridades. Porém, devemos estar sempre vigilantes e activos.
Uma palavra de simpatia e agradecimento, para o Senhor Higino Serra Cruz que todos os anos organiza esta Peregrinação da Família Franciscana, e desta vez, me proporcionou escrever estes «OLHARES DE FÁTIMA» e a todos os acompanhantes de Aldeia de Joanes.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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