Há similitudes entre a Revolução Industrial de finais do século XVIII e metade do século XIX, e a Globalização Económica e a Revolução Tecnológica de finais do século XX e início do século XXI. A primeira similitude é que todas as mudanças foram dirigidas pelo poder económico e financeiro.

A característica fundamental da Globalização Económica é a facilidade e a rapidez como se transferem milhões de euros ou dólares para qualquer parte do Planeta sem nenhum tipo de controlo, procurando o lucro imediato. Isto deve-se ás novas tecnologias da informática e das comunicações, originando grandes focos de conflitos sociais, crescimento da pobreza, exclusão social, precariedade laboral e desemprego, principalmente para os mais jovens. Está a notar-se cada vez mais, que a juventude actual irá viver pior que os seus pais, fenómeno que nunca tinha ocorrido na História da Humanidade.
No século XVIII nasce a Revolução Industrial na Inglaterra. Assenta esta revolução numa nova fonte de energia, o carvão e, também, no surgimento de maquinaria nova, proveniente de invenções do homem, máquinas essas que modificaram as técnicas de fabrico. Novas energias e nova maquinaria foram a origem da Revolução Industrial, cujo símbolo máximo foi a máquina a vapor. Esta Revolução Industrial provoca alterações várias, entre elas o êxodo rural que esvaziou os campos, levando daí a mão de obra necessária para as cidades onde se concentravam as fábricas.
Presentemente a Globalização Económica e a Revolução Tecnológica estão a levar muita gente qualificada, principalmente jovens, a emigrar dos países mais débeis economicamente, como Portugal, para os mais ricos e poderosos, como a Alemanha, a Inglaterra, a Holanda, entre outros.
Estes emigrantes não são herdeiros dos que partiram nos anos cinquenta e sessenta do século passado, é uma classe inteiramente nova, uma realidade social inteiramente diferente.
Ontem, como hoje, o Grande Capital é favorecido pelas leis do Estado. O desemprego durante a Revolução Industrial punha à disposição dos patrões, milhares de trabalhadores que podiam substituir os que fizessem greve, estivessem doentes, ou que, por um simples capricho, fossem despedidos. Não havia leis laborais nem contratos, a quantidade do salário dependia do critério do patrão, para os mais velhos não havia reforma. Hoje caminhamos para o mesmo, mas atrás de tempo, tempo vem…
Não havia horário de trabalho, uma jornada podia durar 16 ou 18 horas, não havia descanso, nem aos Domingos. Como é natural, o Liberalismo suprimiu os feriados e as festas religiosas vindas do Antigo Regime, isso reduziu ainda mais as possibilidades de repouso dos operários. Os princípios do Liberalismo e agora do Neoliberalismo são estes: a liberdade de oferta e de procura não deve ser entravada por qualquer regulamentação limitativa. A condição dos operários era pavorosa, a condição dos trabalhadores europeus começa a ser pavorosa.
O mundo laboral começa a ter muitas similitudes neste princípio de século, com os tempos da Revolução Industrial, muitas diferenças também! Dirá o leitor(a), mas as injustiças, o sofrimento e a exploração por que passaram os trabalhadores desses séculos, estão a passar os de agora, com matizes diferentes. Querido(a) leitor(a), as injustiças e o sofrimento são de sempre, não se prendem só com uma época histórica.
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Uma curiosa história: o nosso Rei D. Pedro V, em 1854, fez uma viagem até Inglaterra. Em Manchester foi visitar uma fábrica de fiação de algodão, a mais bem apetrechada e a maior, cujo dono era o senhor Benjamin Nicholls. Quem era este senhor? Quem era este grande empresário? Nem mais nem menos do que o Presidente da Câmara de Manchester! Este senhor servia dois «senhores», a sua empresa e a Câmara Municipal…
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008.)
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Há uma pequena “nuance”, que não é displicente, Emídio:Ao liberalismo do Séc. XVIII seguiu-se uma fase de conquistas sociais. Ao neoliberalismo dos Séculos XX/XXI segue-se o oposto….
Pois é meu Caro António Emídio. Não é a primeira vez que V. “perde” por uma ou duas desnecessárias linhas. Só uma ou duas. Abraço. VC
Ou seja, um tipo para ser presidente da câmara não pode ter qualquer espécie de negócio? Ou neste caso o senhor fundou a sua empresa depois de ser presidente da câmara? E era ele que administrava a empresa enquanto era presidente da câmara? Há provas que beneficiou a sua empresa em concursos públicos?