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Página Principal  /  Bismula • Opinião • Politique d' Abbord  /  Depois da queda do Império…
04 Fevereiro 2012

Depois da queda do Império…

Por Manuel Leal Freire
Manuel Leal Freire
Bismula, Opinião, Politique d' Abbord bárbaros, europa, manuel leal freire 1 Comentário

Desfeito o Império e não consolidadas ainda as monarquias bárbaras, vivendo-se a decomposição do mundo romano e aproveitando-se as suas ruínas para edificar uma nova ordem, assistia-se ao espectáculo característico de todos os períodos de transição.

Celtas
Celtas

A Igreja que muitas vezes providencia mesmo para as coisas do mundo, desempenharia aqui papel decisivo. Qual era a situação na Europa, pergunta-se in «A Igreja dos Tempos Bárbaros», no momento em que se ia finalizar o século V? E responde-se na mesma obra (paginas 127 e seguintes).

Materialmente, é apenas um mosaico de estados bárbaros. Na Itália, reina Teodorico, chefe dos ostrogodos que, após quatro anos de lutas destronou Odoacro e ficou a ser senhor único, não só em toda a Península Itálica, mas também na Sicília, na Récia, na Noriça, na Dalmácia e numa grande parte da Panomia… Na África, na Sardenha e na Córsega compensam a sua inferioridade numérica com uma política de terror, os vândalos.

Na Gália e na Espanha, os visigodos de Eurico são senhores de todo o espaço que vai desde o Liger ao sul da Andaluzia. Depois de terem feito recuar os suevos para o ângulo noroeste da Espanha, a actual Galiza,•e os cantabros para as suas montanhas, pensam em restabelecer em seu proveito, a unidade da Gália. Mas os burgundios ocupam o sudoeste do País… e ao norte restabelece-se a unidade, em benefício dos francos, desejosos agora da sua independência, graças a um rei ousado, que governa desde 481 e ao qual a história dará o nome de Clodoveu…

O retalho afirmava-se ainda impressionante nas ilhas britânicas, naquilo que hoje chamamos os países nórdicos e sobretudo, para além do Reno. Mas, se a autoridade política se mostrava assim dispersa, errante e instável, os povos beneficiaram, não obstante, duma certa tranquilidade e protecção, dispensadas pela Igreja e fundamentalmente pelos bispos.

Para além do prestígio propriamente espiritual, radicado na sua origem divina e na superioridade da sua missão, só ela possuía quadros susceptíveis de propiciarem aos novos soberanos apoio logístico e técnico para as grandes tarefas da administração pública.

Aliás o homem que dizia missa e sabia ler latim passou a ser o protótipo do alfabetizado. O nosso clérigo, o clerc em francês, o clerk em ingles, o klerk em flamengo e antigo alemão, o diaca em eslavo (e nós ainda hoje usamos o termo diácono) significavam na origem o que escreve ou que sabe escrever….

Para além do enorme ascendente advindo desta enorme superioridade cultural, a autoridade eclesiástica chegava a toda a parte, através da organização das dioceses e paróquias.

Curioso notar que este último termo originariamente queria dizer lugar de refúgio em país estrangeiro, o que pretende expressar quando se passa a usa-lo na nova acepção que ao fim e ao cabo este não é o nosso mundo.

De qualquer modo, diocese e paróquia passaram a denominar a circunscrição territorial governada a primeira por um bispo e as segundas por vigários ou representantes seus (que outro não é o sentido de vicariato).

O papel dos bispos revela-se primacial:

«Representante de Deus na sua circunscrição numa época em que a única autoridade moral é a religião, delegado do rei cuja chancelaria assinou o diploma que o acredita, chefe muitas vezes designado da comunidade popular (que nenhum bispo seja dado a uma comunidade sem a concordância dela, haviam decidido as decretais de Celestino I e o metropolita antes de nomear um novo bispo ou este antes de designar um novo vigário tinha de consultar os fiéis) o bispo dos tempos bárbaros reúne em si as três possíveis origens de autoridade: Deus, o monarca e o povo.

E o bispo não se cinge depois a uma função meramente religiosa.

Acima das demais autoridades civis ou militares da sua circunscrição compete-lhe vigiá-las, repreendê-las, modificar-lhe as decisões, servindo de autoridade de recurso.

Mais, até materiais como o abastecimento geral, a limpeza das ruas ou as grandes campanhas que nós hoje chamaríamos de higienização ficam a seu cargo. Depois, há toda a obra social propriamente dita.

Ninguém, a não ser a cúria diocesana se encarrega dos hospitais, das prisões, das escolas… É ela quem, por igual, trata da assistência a viúvas e órfãos, e não somente aos órfãos pobres, mas também aos ricos para os libertar da voracidade das tutorias civis.

Depois, é a única autoridade capaz de enfrentar os poderosos locais, sempre propensos a excessos e até de enfrentar a autoridade real.

A preponderância do bispo revela-se, em corolário, o grande facto social dos tempos bárbaros, pois foi o episcopado que naquela época prestou à sociedade os mais relevantes serviços.

A contribuição das dioceses e seus titulares na construção da Europa assume um relevo verdadeiramente excepcional.

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«Politique d’Abbord – Reflexões de um Politólogo», opinião de Manuel Leal Freire

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1 Comentário

  1. Avatar João Valente Responder a João
    Terça-feira, 7 Fevereiro, 2012 às 16:29

    Isto é a historiografia oficial. Não concordo nem um bocadinho… Os povos “bárbaros” tinham a noção do “Imperium” e da “fides”, que foi o que esteve também na génese do império romano e permitiu a sua expansão, antes da decadência. Estes conceitos estavam ainda bem presentes nos povos “Bárbaros”, que tinham ainda ressequícios da Cultura Polar, ou Nórdica (a tal idade de ouro da humanidade) e fez com que o mosaico de estados apenas fosse aparente, porque acima deles «havia um imperador, um chefe a que todos os outros estava ligados pela”fides”. Foi isso que esteve na génese do império carolígeno e do saco-imperio romano, que não foram perídos tão bárbaros como se pretende. A corte de Carlos Magno foi um centro irradiador de cultura onde pontuaram, entre outros, Alcuino, e fez a ponte entre a antiguidade clássica e a modernidade.

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