O presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, prometeu em campanha a concretização de um «sonho»: a construção de «um parque temático com atractidade internacional». Só que o devaneio andava a ser burilado por António Reis – aquele que, mancomunado com o tunisino Hamdi Benchaabane, também sonha abarcar o negócio da compra e venda de terrenos bordejantes à barragem, no termo de Malcata.
António Reis visitou um dia o parque de Guédelon, em França, onde se constrói um castelo medieval segundo as técnicas usadas no século X. O encanto com o parque francês levou-o a expor ao edil sabugalense um projecto similar: recriar na orla do Côa uma aldeia medieval em construção, com figurantes trajados à moda antiga, casas em obras, incluindo a edificação de uma muralha defensiva e uma judiaria, a que acresce um acampamento mouro a assediar a fortaleza cristã.
Extasiado, o autarca sabugalense percorreu, de mão dada com António Reis, o concelho em demanda de um local aprazível, onde houvesse fartura de água, pedra, madeira e barro, condicionantes essenciais para a instalação do empreendimento. E os terrenos eleitos foram os envolventes à Quinta dos Moinhos, na curva do Côa, confluentes com os termos das freguesias do Baraçal e de Rendo, em lugar encantador, um nada a montante de Roque Amador.
O empreendedor António Reis deu-lhe o mote para um projecto avassalador, garantindo-lhe que não faltarão apoios. Israel ajudará na implantação de uma judiaria e Marrocos apoiará a instalação do acampamento mouro, numa parceria internacional, que, bem trabalhada, até poderá proporcionar a assinatura de um novo tratado de paz Israelo-árabe.
Segundo um projecto, já entregue na Câmara, o sublime parque terá cerca de 150 hectares, onde será implantada a aldeia medieval em construção, com casas populares e senhoriais, hospedaria, igreja, alcaidaria, mercado, anfiteatro, arena de combates, campo de jogos, e até uma ponte antiga ligando as duas margens do rio. Ao deslado estarão a pedreira, a serração e a exploração de barro, para recolha da matéria-prima a usar nos trabalhos de construção.
Será um parque deslumbrante, onde os visitantes (estão previstos 500 lugares para estacionamento de veículos) se impregnarão do espírito da Idade Média, que ali se reviverá. Trajados com as indumentárias da época avançarão com alma para a construção das casas e da muralha, tratarão as couves e as beterrabas das hortas, participarão nos jogos e nos combates simulados. Só terão de escolher entre ser cristãos, mouros ou judeus, que ali há lugar para todos.
A Câmara, inebriada com o projecto, propôs-se custear o estudo de impacto ambiental ao amigo Reis, no valor de 30 mil euros, o que apenas não avançou porque a oposição política, achando que havia ali encantamento a mais, reprovou essa pretensão do presidente numa recente reunião do executivo autárquico.
O responsável acto de rejeição da proposta de ser a autarquia a arcar com a despesa do estudo obrigatório, significa que há vereadores atentos ao que os rodeia e que não se deixam embevecer com encantamentos, pois, está bom de ver, o projecto do parque temático de António Reis não passa de um clamoroso engodo ao apetecível negócio dos terrenos de Malcata.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Só miséria!
Mas o projecto ningugem sabe que era para por a trabalhar o pessoal da camara e do sabugal +?, que ao não fazer nada, por causa do frio, estão todos constipadinhos!!!!
É pá é só cromitos!!!!
É o que digo, enquanto não houver um presidente da margem sul do coa, o sabugal não vai a lado nenhum, ou então, enquanto não desanexarem o soito do concelho, pois se repararem quanto investimento já houve do soito no sabugal? se não tivessem de passar pelo sabugal para ir à guarda, covilhã, e etc nem passavam no sabugal. Mas o contrário à conta de presidentes de camara da raia já não é bem assim, pois não?
PS – Concelho a dar, aproveitem uma ida ao parque asterix, e como não querem a coisa deixem lá ficar o pessoal que teve a ideia do parque medieval, era um favor à população
Pena é que já se tenham gasto 25000€ num levantamento topografico, ainda por cima, a uma empresa de fora….
Há muita gente, mas muita mesmo, que pensa que o Concelho do Sabugal é uma terra de «cegos»…
Desenhar sonhos qualquer criança o faz numa simples folha de papel. Olhar para 150 hectares de terreno e dizer que ali era excelente para construir um parque temático medieval ou da idade do carvão, também não é assim tão difícil e não se gasta um cêntimo. Tudo muda quando é necessário dinheiro. E alguns, ávidos de mostrar ao povo que lutam pelo seu futuro e desenvolvimento da sua região, acreditam nos vendedores de sonhos e com o dinheiro dos impostos pagam estudos, desenhos, andam para aqui e para ali e acreditando na profecia deixam-se adorrmecer nas cadeiras do poder.
Parques temáticos? Lembram-se do Bracalândia? Visitei-o quando estava em Braga. Soube que se mudou para Penafiel e agora está encerrado. Enquanto houve dinheiro, incluindo subsídios, apoios da Câmara e outros, a coisa funcionou. O saco foi ficando vazio, faltaram apoios…os empresários viram o negócio mal parado e só lhes restou encerrar.
O Senhor António Reis, de uma vez por todas, esclareça os sabugalenses e em especial, os malcatanhos, o que vai construir nos terrenos que a Câmara comprou aos seus proprietários, a um preço irrisório, sem direito a regressarem aos antigos donos mesmo que a empresa do nosso conterrâneo nada construa neles e que supostamente seriam para ali construir um grande empreendimento de saúde e bem estar. Já não tem a desculpa dos metros que a lei exigia. Venha lá a explicação porque esse sonho começa a provocar pesadelos em muita gente que, ingenuamente, acreditou nas profecias reveladas nas reuniões tidas na aldeia.
Pobre Sabugal, vai de mau a pior. Com os pacovios que estão na Camara qualquer António Reis faz figura . . . .
Mas esta gente está doida…?
Destroem Sortelha que é uma aldeia medieval genuína e depois propõem-se construir uma?
Mas será que há algum bom senso nesta edilidade?
Temos judiarias, temos aldeias genuinamente medievais, temos castelos, temos tudo genuíno e destroem, vem um basbaque qualquer com uma ideia megalómana e dão-lhe todo o crédito… sinceramente!!!
Cuidem mas é do património que temos e não necessitamos de imitações de mau gosto!