Nos contactos que vou tendo com os meus conterrâneos a castanha, sobretudo nesta época, vem sempre à baila. Em Foios não há ninguém que não tenha castanheiros e se houvesse alguém que não tivesse apanharia, certamente, os de alguém, de meias ou de terças.
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Tanto o secretário como o tesoureiro da Junta de Freguesia de Foios são excelentes produtores de castanha e como lido com eles praticamente todos os dias, vou escutando as conversas que travam, com as muitas pessoas que passam pela Junta, pelo que estou bastante bem informado sobre esta actividade.
As pessoas dos Foios estão deveras satisfeitas com a produção e com a venda, no presente ano de 2011. As primeiras castanhas que caíram, ainda com um tempo de Verão, assustaram as pessoas. A ausência da chuva e o calor faziam com que as castanhas ficassem algo secas ou «bladas» como por cá se diz.
Os compradores do costume também não apareciam e as pessoas já deitavam contas à vida. Algum comprador que ia aparecendo era ele que fazia o preço e ia dizendo às pessoas que as castanhas não tinham procura. As pessoas dos grandes centros em vez de procurarem as quentes e boas castanhas procuravam os gelados.
Finalmente o São Pedro fez a vontade às pessoas e a chuva e o vento vieram em abundância, quando a maioria dos castanheiros se encontravam ainda bastante carregados. A castanha engrossou um pouco mais e ficou muito mais luzidia como por aqui se diz. Foi um milagre.
Os compradores começaram a vir em força e já não havia castanhas que chegassem. Antes do dia de Todos os Santos as camionetas não paravam de chegar. Alguns compradores vinham duas vezes no dia e outros até por cá dormiam.
Então aí é que os produtores tiveram sorte. Os compradores eram muitos e quase entraram em despique. Acabaram por pagar a castanha a um preço que as pessoas já consideram, mais ou menos justo.
A maioria vendeu a um euro e meio muito embora algumas tivessem ficado por um e vinte ou um e trinta. Penso que das mais de 150 toneladas que se produzem nos Foios poucas castanhas devem ter ficado debaixo dos castanheiros.
Fico muito feliz quando converso com as pessoas e as vejo entusiasmadas a ponto de dizerem: Quando verifico que tenho um castanheiro a secar planto, de imediato, três.
Cá pelos Foios todos nos incentivamos uns aos outros porque toda a gente tem plena consciência da enorme importância do castanheiro. Seria bom que se fizessem estudos e levantamentos, em todo o concelho do Sabugal, e que se incentivassem as pessoas a plantar grandes soutos.
Apelo igualmente às entidades oficiais, nomeadamente e sobretudo à Câmara Municipal, para que se debrucem sobre esta problemática. O escoamento este ano correu bastante bem mas não estamos livres de anos maus.
O trabalho que se vai desenvolvendo na Colónia Agrícola Martin Rei é já muito importante mas julgo que se poderá ir muito mais além, para bem de todos. Se os castanheiros secaram em algumas zonas do nosso Município, outrora consideradas mananciais, teremos que ser corajosos e arrancar com novas experiências.
Se os nossos ex-governantes não tivessem dado subsídios para se arrancarem, pomares, vinhas e outras espécies talvez não tivéssemos chegado ao estado de desgraça em que nos encontramos.
Mas tudo o que acabo de referir não nos deverá levar à revolta e ao desânimo, pura e simplesmente. Bem pelo contrário.
O nosso Concelho tem muitas potencialidades, nos mais variados aspectos, pelo que teremos que ser corajosos e organizados.
Arregaçar as mangas e mãos à obra!
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«Nascente do Côa», crónica de José Manuel Campos
(Fojeiro)
boa castanha e parabéns aos foios que tem muita.
na colónia agricola já vendem muitos castanheiros e tem de muitas qualidades. bom trabalho.